Feitiço da Rama da Abóbora

o f

Feitiço da Rama da Abóbora é um romance de Aníbal João Ribeiro Simões, vencedor do Prémio Sonangol de Literatura, em 1991.

Feitiço da Rama da Abóbora
Autor(es) Aníbal João Ribeiro Simões
Idioma português
País Portugal Portugal
Editora Campo das Letras
Lançamento 1996
Páginas 272
ISBN 972-8146-72-8

Enredo editar

Anos antes da chegada dos europeus ao continente africano, dá-se numa aldeia um acontecimento imprevisto. Um aldeão obtém do exterior gado bovino da raça barrosã. O fato desencadeia vários conflitos que culminam com a desgraça de um dos filhos - Cisoka. Este, enfeitiçado com a rama de abóbora, fica privado da memória. Este romance é a odisseia de um jovem que tanto se mete por caminhos adversos como luta para desvendar sortilégios mais enigmáticos a fim de reaver a memória perdida e, em consequência, redescobrir-se a si próprio e aos seus.

Segundo Urbano Tavares Rodrigues, eis um romance diferente de quase todos os que lemos até hoje. Uma visão do interior de Angola, das suas florestas, savanas e desertos, dos seus rios, das suas aves, feras, feitiços e monstros imaginários-reais, escrito por um jovem professor universitário de sociologia, que, por experiência própria, conhece tudo aquilo de que aqui fala.Aníbal João Ribeiro Simões, que adoptou o pseudónimo literário de Tchikakata Balundu contanos, nesta obra de ficção, a odisseia terrestre de uma criança, depois adolescente, depois homem feito, que é repudiado pelos seus por haver recebido o feitiço, muito maléfico, da rama de abóbora. Expulso, vagueando pela selva, lutando com águias, cobras, ladrões de gado, criaturas fabulosas da noite e do medo, aprendendo a coragem, o desejo, a astúcia e o sofrimento, o jovem Cisoka, que, por causa do feitiço, perdeu a memória e tenta reconhecer-se, redescobrir as origens, vai amar e casar, ter filhos, peregrinar por ciladas e afectos e ler na natureza e nos homens aquilo que nem feiticeiros nem curandeiros souberam desvendar-lhe. E que nem ele completamente desvendará, por muito que viva, experimente, percorra as terras do mal e do segredo.

Em entrevista inédita ao crítico literário João Fernando André, Kalunga, o autor revela que "em 2014, recebi um telefonema do Gracima, informando-me que fazia parte dos 11 clássicos da literatura angolana, 2ª edição. Mas também é verdade que o romance o feitiço da rama de abóbora, foi e continua sendo objecto, no estrangeiro, de várias recensões críticas, críticas literárias e jornalísticas e, inclusivamente,  referido em algumas teses de mestrado e de doutoramento."

Aníbal Simões também assina como Baladar ou Tchikakata Mbalundu e, embora tenha escrito alguma poesia aforística, é pela prosa que ganhou notoriedade na literatura angolana.


EXCERTO DA OBRA

"A minha vida modificou-se radicalmente a partir do dia em que me foi posto o feitiço da rama de abóbora. Quando me aproximo das pessoas, elas afastam-se. No mercado, os vendedores ambulantes deixam de regatear e, para cúmulo do desespero, escondem os seus produtos nos sacos. Os meus amigos das longas noites de chocalho e de tantã, olham-me com grande comiseração. Tal acontece apenas com os rapazes, uma vez que as raparigas reagem como se estivessem perante uma alma de outro mundo. Ao verem-me, fogem desordenadamente."

O romance, todo desenvolvido no interior de Angola, revelando-a, deste modo, com outros olhos, longe das cidades, carrega em si desde o início ao fim uma componente cultural muito forte e profunda. Essa componente cultural, apesar de ser maioritariamente representada pelo grupo étnico Ovimbundu, transcende-o em vários momentos e remete-nos a outros grupos étnicos espalhados pelo país adentro (Leopoldina, 2017, in Revista Palavra e Arte).


Referências

http://catalogorbca.cm-arganil.pt/pacwebv3/capas/O%20feiti%C3%A7o%20da%20rama%20de%20ab%C3%B3bora.pdf;

https://palavraearte.co.ao/busca-pela-identidade-pela-cultura-feitico-da-rama-abobora-anibal-simoes/

https://www.facebook.com/joaofernandespavlov.john/posts/1396946873827258;

  Este artigo sobre um livro é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.