A Formação Guará abrange uma ampla distribuição geográfica, estendendo-se do oeste do Estado do Paraná até o Uruguai, e pertencendo à Bacia do Paraná.[1][2] Litologicamente, é uma grande sequência sedimentar constituída por arenitos de grãos finos a conglomeráticos, de origem fluvial e intercalados por depósitos eólicos, com predomínio de cores esbranquiçadas e amareladas. As rochas sedimentares da Formação datam do Jurássico Superior, e registram as mudanças ambientais e geotectônicas dos estágios iniciais de separação da porção sudoeste do Gondwana.[3][2]

A Formação Guará pode alcançar até 120 m de espessura (a espessura média possui cerca de 60 m). É limitada inferiormente pela Formação Sanga do Cabral (Triássico Inferior) e superiormente pela Formação Botucatu (Cretáceo Inferior). É caracterizada pelas variações entre as fácies eólicas e fluviais ao longo de sua extensão: no norte, possui mais arenitos e siltitos de granulação grossa, que representam o produto de um sistema fluvial entrelaçado. Para o sul, as fácies fluviais são gradualmente substituídas pelas eólicas de granulação média a fina. As extensões sul (Uruguai) e oeste (Argentina) da Formação Guará ainda são pouco conhecidas. Estudos sedimentológicos e estratigráficos mais detalhados são necessários para reconstruir adequadamente a paleogeografia regional.[3][2]

Dinossauros da Formação Guará editar

Diferentes grupos de Dinossauros são conhecidos na Formação Guará, todos reconhecidos por suas pegadas. Até o momento, não foram encontrados somatofósseis nos afloramentos da formação. Dentre os grupos, estão: Theropoda, Sauropoda, Ornithopoda e Ankylosauria.[4][5][6] Devido as rochas da formação serem altamente friáveis, as pegadas fósseis originais, em maioria, já foram totalmente erodidas. O que é visível atualmente são as undertracks (camadas sedimentares inferiores à pegada original, deformadas em sua formação). Assim, muitos detalhes, como marcas de dígitos ou garras, não são observados na maior parte das pegadas.[4][5][6]

Referências

  1. Scherer, C.; Faccini, U.F. & Lavina, E. L. Arcabouço estratigráfico do Mesozóico da Bacia do Paraná. In: M. Holz & L.F. De Ros. (Eds.) Geologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS/CIGO, p. 335-354. 2000.
  2. a b c Dos Reis, A.D.; Scherer, C.M.; Amarante, F.B.; Rossetti, M.D.; Kifumbi, C.; De Souza, E.G.; Ferronato, J.P. & Owen, A. Sedimentology of the proximal portion of a large-scale, Upper Jurassic fluvial-aeolian system in Paraná Basin, southwestern Gondwana. Journal of South American Earth Sciences, 95: 1-14. 2019.
  3. a b Scherer, C. & Lavina E. Sedimentary cycles and facies architecture of fluvial eolian strata of the Upper Jurassic Guará Formation, southern Brazil. Sedimentology, 52:1323-1341. 2005.
  4. a b Francischini, H. et al. Dinosaur Ichnofauna of the upper Jurassic/lower Cretaceous of the Paraná basin (Brazil and Uruguay). Journal of South American Earth Sciences, v. 63, p. 180-190, 2015.
  5. a b Francischini, H et al. The presence of ankylosaur tracks in the Guará formation (Brazil) and remarks on the spatial and temporal distribution of late Jurassic dinosaurs. Ichnos, v. 25, n. 2-3, p. 177-191, 2018.
  6. a b Dentzien-Dias, P; Schultz, C.L. & Bertoni-Machado, C. Taphonomy and paleoecology inferences of vertebrate ichnofossils from Guará Formation (Upper Jurassic), southern Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 25: 196-202. 2008.