Francisco de Castro (capitão)

D. Francisco de Castro (c. 1470-depois de 1524), foi um nobre português. Exerceu o cargo de governador da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué.

Francisco de Castro
Ocupação oficial

Biografia editar

Era filho de "Garcia de Castro",[1] possivelmente o Garcia de Castro, senhor do Paul de Boquilobo. Nesse caso sua mãe terá sido Catarina de Gouveia, e sua esposa Joana da Costa, que por sua vez seria a irmã de Simão Gonçalves da Costa, que também veio a ser governador de Santa-Cruz, "seu cunhado (...) irmão de sua molher".[2]

Foi designado por Manuel I de Portugal para suceder a João Lopes de Sequeira, "com muita gente e officiaes, para fazer no castello uma boa villa, como fez, muito forte e com sete cubelos ao redor dos muros, em os quaes estava muita artelharia grossa e de toda a sorte".[3] Chegou certamente por alturas de março de 1513, mas foi nomeado oficialmente apenas em 6 de outubro de 1514.

Exerceu a função por aproximadamente dez anos, combatendo muito contra "estes dois reinos" (de Marrocos/Marraquexe e de Suz), "pelejando com o próprio Xarife (Amade Alaraje) em pessoa, que então começava a reinar, bem que não era obedecido de muitos alcaides e xeques e outros que andavão em cabildas huns contra outros. Mas já tinha a este tempo tres mil de cavallo com que pelejava".[3]

Quanto a D. Francisco, tinha sob seu comando "cento e vinte de cavallo christãos bons cavaleiros, e obra de seiscentos homens de pé".[4]

Maleque ibne Daúde editar

"Bame Mileque" (Maleque ibne Daúde), alcaide dos Izarel, ou Hizarara (Damião de Góis), ou Zirara (árabes Maquil), inimigo dos Xarifes (os irmãos Amade Alaraje e Maomé Axeique), mandou dizer a D. Francisco que "se lhe quisesse dar lugar a junto da vila, debaixo das bombardas, onde armasse tendas e fizesse casas, que elle se viria por ele com toda sua gente e poder, e que o ajudaria a fazer guerra ao Xerife para se vingar dele".[5]

D. Francisco aceitou, e Bame Mileque tornou-se um aliado indispensável dos portugueses. Chegou mesmo a encontrar o rei de Portugal em Almeirim, em 30 de janeiro de 1515.[5]

"Hia sempre na dianteira do capitão com sua gente e lá mandava espiar a terra diante".[6] Com a ajuda deste aliado D. Francisco tentou tomar a vila de "Mascordão" (Ameskroud), mas o Xarife lhe tinha preparado uma cilada, a que os portugueses só escaparam graças ao mesmo aliado, que teve suspeitas e que nunca o quiz atraiçoar, mesmo quando teve grandes proposições da parte do Xarife.

Em represália, D. Francisco saqueou "Taraququo" (Tarkoukou), "Tafetana'" (Tafetna) a 75 km do Cabo de Gué, e "Azero" (Azro), provavelmente em 1517, depois de ter ido e voltado de Portugal.

Com estas ações D. Francisco enriqueceu, e desejou voltar para Portugal. Fez então "capitão a seu cunhado Simão Gonçalves (Da Costa), irmão de sua molher, e antes que se fosse pouco dias matarão os mouros ao alcaide Bame Meleque"[2] que tinha ido acudir a seus mouros que pelejavam na "ponta da Anza" (planície ao longo do mar, a norte de Agadir). D. Francisco acudiu com a sua gente, mas já o alcaide tinha sido morto. Entretanto, "deu nelles e forão matando e cativando nelles até a villa de Tamaraque". Isso aconteceu entre 1521 e 1524.

Voltou então D. Francisco a Portugal, deixando seu cunhado por capitão. A Bame Mileque sucedeu o seu sobrinho Amade Nácer.

Em Portugal casou sua filha, e "dizião os antigos que trazia huma arqua encourada chea de moedas d'ouro e de tibar" (pó de ouro).[7]

Referências

  1. Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué (Agadir). Texto português do século XVI, traduzido por Pierre de Cenival. Paris, Paul Geuthner. 13, rue Jacob, 13. 1934. p. 25
  2. a b Ibidem p.40
  3. a b Ibidem p.24
  4. Ibidem p.24-25
  5. a b Ibidem p.28
  6. Ibidem p. 30
  7. Ibidem p.38

Bibliografia editar

  • Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué (Agadir). Texto português de autor anónimo do século XVI ("Crónica de Santa Cruz do cabo de Gué"), traduzido por Pierre de Cenival. Paris, Paul Geuthner. 13, rue Jacob, 13. (1934).

Precedido por
João Lopes de Sequeira
Capitão da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué
1513 — 1521
Sucedido por
Simão Gonçalves da Costa