Franco Fortini

poeta
Franco Fortini
Franco Fortini
Nascimento 10 de setembro de 1917
Florença
Morte 28 de novembro de 1994 (77 anos)
Milão
Cidadania Itália, Reino de Itália
Cônjuge Ruth Leiser
Alma mater
Ocupação poeta, linguista, crítico literário, político, tradutor, escritor, roteirista, professor universitário

Biografia editar

Filho de pai judeu e mãe católica, Franco Fortini, pseudônimo de Franco Lattes, nasceu em Florença, em 1917[1]. Cresceu em um lar burguês e laico. Seu pai era um advogado intelectual que se opôs ao fascismo e recebia em sua casa escritores e músicos. Sua mãe era uma leitora de fôlego que incentivava a leitura ao filho. Em 1925, Dino Lattes, o pai de Franco Fortini, é perseguido pelos fascistas e passa a ser foragido. Um amigo seu advogado é assassinado junto a sua esposa por fascistas. Ainda adolescente, Franco Lattes participará de círculos intelectuais e seu interesse está direcionado para as artes de modo genérico[2]. Em 1938 adotará o nome Franco Fortini para a sua proteção em meio a perseguição aos judeus que passa a se dar por política de Estado com as leggi raziali, decretadas por Mussolini com o objetivo de destituir a população italiana de origem judaica de seus direitos civis[3]. Em 1939 Franco Fortini abandona o ateísmo e passará por uma experiência de imersão religiosa com os presbiterianos da igreja Valdese[3], experiência que no futuro, segundo Vicenzo Carini, terá consequência em sua prosódia poética[4].

Em 1935 começa os estudos de direito, em Roma. Nos anos seguintes Fortini será um leitor de filosofia, em atenção para a teologia (Kierkegaard e Baarth[4]). No decurso de seus estudos Fortini conhece o editor Giacomo Noventa, com quem se aproxima e passará a contribuir para a sua revista literária, a florentina antiermetica Riforma Letteraria[5], onde publicará ensaios e críticas poéticas sobre Michelstaedter, Quasimodo, Ungaretti, e Montale[4]. Se bacharela com uma tese em filosofia do direito, "Lo spirito antimachiavellico della Riforma nell'opera di don Valeriano Castiglione". Em 1938 Franco Fortini inicia como autor de poesia, e terá com ajuda de Elio Vittorini seu primeiro livro de poemas publicado pela Einaudi em 1946, Foglio di via[4].

Com a prisão de seu pai pela Lei racial, Franco Fortini passa a administrar o escritório de advocacia dele. Em 1941 é convocado para o exército. Em 1943 ele deserta indo à Suiça e depois se incorpora à resistência (partisans) do Vale de Ossola[6]. Filiara-se ao Partito d’Azione e depois ao Partito socialista. Entre 1945 e 1950 contribuirá para a revista milanesa Il Politecnico, onde publicará escritos sobre "existencialismo ateu", "cristianismo", "surrealismo", e onde desenvolverá a sua orientação intelectual marxista[4]. Em 1948 Franco Fortini se muda para Milão, onde logrará manter uma relação de trabalho consistente com a editora Einaudi[5]. Passará a ser colaborador da Avanti! e publicará o seu primeiro livro de versos, Foglio di via e altri versi (Einaudi, 1946), que reunia poesias escritas entre 1938 e 1945. Publica o romance Agonia di natale (Einaudi, 1948). Colabora com Jean-Paul Sartre para a publicação de uma edição da Les Temps Modernes dedicada a Itália, que será publicada em 1947. Passa em 1948 a trabalhar para o escritório de publicidade da indústria Olivetti. Passará a prestar consultoria editorial para e editora Einaudi. Na década de 1950 lerá Lukáks. Terá em torno de si um grande círculo de contatos de intelectuais que envolvem Brecht, Barthes, Edgar Morin entre outros. Publicarpá a revista Boteghe oscure. Em 1953 inicia a colaboração com a revista Nuovi Argomenti. Nesta revista, em março de 1954 escreverá Appunti sui comunismo e Ocidente, o que lhe renderá uma advertência disciplinar do Partido Socialista. Em 1955 colabora para a revista Officina. Em 1957 visitará a União Soviética e a China. Em 1959 publicará Poesie e Errore, pela Feltrinelli. Aproxima-se do grupo Quaderni Rossi e colaborará para a revista Quaderni piacentini. Em 1963 inicia a carreira de professor e passa a ensinar história e literatura em escolas técnicas de Monza, Lecco e Milão. Em 1973 publicará Questo muro[2].

Em 1976, Franco Fortini assumirá uma cadeira de literatura na Universidade de Siena.

Traduzirá obras do alemão, francês e inglês, contendo em sua lista de traduções obras de Kafka, Brecht, Goethe, Milton, Éluard, Proust[1][7].

Dentre as suas obras de viés crítico e ensaísta os seus estudos sobre métrica e ritmo no texto poético adquiriram com o tempo particular destaque no interior de sua obra. Podem ser parcialmente conhecidas em textos como Metrica e Libertá (Ragionamenti, 1957) Metrica e Biografia (Quaderni Piacentini, 1981), Poesia ad alta voce (Saggi ed epigrammi,1982)[8]. Enquanto ensaísta e intelectual polemista ao estilo da época (que conhece em Pier Paolo Pasolini o maior exemplo), Franco Fortini será um ideólogo de posição de esquerda, sendo ele componente do grupo Manifesto, do Partito Socialista.

Morreu em 1995[1].

Referências

  1. a b c «Franco Fortini». www.treccani.it. Consultado em 8 de fevereiro de 2023 
  2. a b MANACORDA, Giuliano (1977). Storia della letteratura italiana contemporanea (1940-1975). Roma: Riuniti. p. 61-62. ISBN 9788835911609 
  3. a b LOMBARDI, Andrea (1996). «Etica, impegno e ambiguitá in Fortini». FFLCH-USP. Italianística. 4 (4): p. 87-98. Consultado em 12 de fevereiro de 2023 
  4. a b c d e Vincenzo, Carini (1977). [JSTOR, http://www.jstor.org/stable/26143078 «"FRANCO FORTINI." Belfagor, vol. 32, no. 3, 1977, pp. 281–311.»] Verifique valor |url= (ajuda). www.jstor.org. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  5. a b Fortini, Franco (30 nov. 1982). «"LE LETTERE ANTAGONISTE: 1951-52." Belfagor, vol. 37, no. 6, 1982.». www.jstor.org. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  6. Comadira, Narcís (2017). «Nou poemes de Franco Fortini.». Quaderns d’Italià. 22: 299-310. Consultado em 12 de fevereiro de 2023 
  7. MANACORDA, Giuliano (1977). Storia della letteratura italiana contemporanea (1940-1975). Roma: Riuniti. p. 61-62. ISBN 9788835911609 
  8. Silva, Anderson Gonçalves da (21 de novembro de 2021). «"Métrica e Liberdade" – Franco Fortini.». FFLCH-USP. . Literatura E Sociedade. 26 (34): 240-252. Consultado em 12 de fevereiro de 2023 
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