Frente de Libertação do Macina
Frente de Libertação do Macina (em francês: Front de libération du Macina, também conhecida como Movimento de Libertação do Macina[1] ou Katiba Macina) é um grupo militante islâmico que opera no Mali.[2]
Veteranos do conflito em Konna (região de Mopti), dos fulas, compõem o núcleo do grupo. Os fulas correspondem a cerca de 9% da população do Mali, mas são localmente dominantes na região de Mopti, que foi o centro do Império do Macina, liderado pelos fulas no século XIX.[2]
História
editarEm março de 2012, o presidente do Mali Amadou Toumani Touré foi deposto em um golpe de Estado. Como consequência da instabilidade que se seguiu, as três maiores cidades do norte do Mali - Quidal, Gao e Tombuctu - foram invadidas pelas forças dos islamistas e dos nacionalistas tuaregues. Em julho, os tuaregues foram expulsos por seus ex-aliados e a área foi dominada por grupos jihadistas: Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQIM), Ansar Dine e o Movimento pela Unidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO).[3]
Em janeiro de 2013, os islamitas capturaram a cidade de Konna , no centro do Mali, após violentos combates com as forças malianas. Entretanto seriam repelidos pelas forças francesas dias depois,[4] com o início de uma intervenção militar liderada pela França conhecida como Operação Serval. No entanto, alguns combatentes conseguiram recuar para esconderijos nas montanhas ou desertos e se reagruparem.[5]
O nome 'Frente de Libertação do Macina' aparece pela primeira vez em 2015, numa comunicação transmitida pela agência mauritana Al Akhbar, mas não era usado pelos jihadistas, nem pelas comunidades locais.[6][7] Em janeiro daquele ano, a organização ganhou destaque ao assumir a responsabilidade por ataques realizados no centro e no sul do Mali. O líder do grupo era Amadou Kouffa, um marabuto que atuou como comandante dos militantes islâmicos na Batalha de Konna, em 2013.[8]
Em sua primeira comunicação oficial, em maio de 2016, o grupo se autodenominou7 'Katiba[9] Macina'.[7][10][11]
A FLM é ligada à Ansar Dine, grupo liderado por Iyad ag Ghaly. Em 18 de maio de 2016, a Frente publicou, no Twitter, o seu primeiro vídeo, anunciando sua afiliação à Ansar Dine.[12][13][14][10] O grupo será composto por ex-combatentes do MUJAO,[15] majoritariamente peúles.[16][17] A FLM é particularmente ligada à Katiba Khalid Ibn Walid, uma outra brigada da organização Ansar Dine ativa no sul do Mali. Segundo a agência de inteligência malinesa, un peul chamado Hassan Dicko, mais conhecido como Abou Leila, faria a ligação entre os dois grupos. Considerado como o braço direito de Amadou Koufa, ele foi detido em 5 de setembro de 2015.[18]
O grupo foi responsável por ataques contra forças de paz das Nações Unidas, tropas francesas e forças do governo do Mali, além de civis.[19]
Em março de 2017, Amadou Kouffa apareceu em um vídeo, ao lado dos líderes do ramo saariano da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM), da al-Murabitun e da Ansar Dine, no qual foi anunciado que eles estavam fundindo suas organizações em um grupo chamado Jama'at Nasr al-Islam wal Muslimin.[20][21]
Referências
- ↑ «Mali: Lawlessness, Abuses Imperil Population». Human Rights Watch
- ↑ a b «Mali's Islamist conflict spreads as new militant group emerges». Reuters
- ↑ Nossiter, Adam (18 de julho de 2012). «Jihadists' Fierce Justice Drives Thousands to Flee Mali». The New York Times
- ↑ «Over 100 dead in French strikes and fighting in Mali». reuters.com
- ↑ «France begins first stage of Mali military withdrawal». BBC. 25 de maio de 2013
- ↑ Guillaume Thibault, Des «violences armées quasi-quotidiennes» dans le centre du Mali selon ICG, RFI, 18 juin 2016.
- ↑ a b Aurélien Tobie, Le Centre Mali : violences et instrumentalisation croisées, SIPRI, décembre 2017.
- ↑ «The Sahel's Militant 'Melting Pot': Hamadou Kouffa's Macina Liberation Front (FLM)». The Jamestown Foundation
- ↑ Katiba (em árabe, كتيبة) é um termo utilizado sobretudo na África do Norte e no Sael para designar uma unidade ou campo de combatentes. Corresponde geralmente a um batalhão ou uma companhia.
- ↑ a b L'émir djihadiste Mokhtar Belmokhtar « réapparaît » dans une série de messages, Le Monde, 20 de maio de 2016.
- ↑ Rémi Carayol, Carte : au centre du Mali, une constellation de groupes armés, Jeune Afrique, 18 de junho de 2016.
- ↑ David Thomson, Le "Front de libération du Macina" diffuse une 1re vidéo et se présente comme la brigade Macina d'Ansar Din. Twitter, 18 mai 2016.
- ↑ Lemine Ould Mohamed Salem, Enseignement majeur à tirer de cette vidéo est que tous les groupes jihadistes maliens sont affiliés à Anqardine d'Iyad Ag Ghali., twitter, 18 mai 2016.
- ↑ Le Front de libération du Macina menace la France et ses alliés dans une vidéo, RFI, 19 mai 2016.
- ↑ Mali Actu : Composée d’anciens membres du MUJAO : La Force de libération du Macina, l’un des bras armés d’Iyad Ag Ghaly, sème la terreur dans la région de Mopti. Por Abdoulaye Diarra.
- ↑ Human Rights Watch : Mali : La fragilité de l’État de droit et les abus mettent en péril la population
- ↑ Soir de Bamako : Attaque de la localité de Ténenkou : Le djihadiste Hamadoun Koufa serait-il le commanditaire ?
- ↑ Rémi Carayol, Mali : Keïta et Koufa, l'inquiétant duo terroriste du Sud, Jeune Afrique, 3 de dezembro de 2015.
- ↑ Kathleen Caulderwood (9 de Maio de 2015). «Macina Liberation Movement: New Terror Group In Mali Threatens Peace Agreement». International Business Times
- ↑ «Al-Qaeda now has a united front in Africa's troubled Sahel region». newsweek.com. 3 de março de 2017
- ↑ «Islamic extremist groups to merge in Mali, pledge allegiance to al-Quaida». Arquivado do original em 4 de março de 2017