Ganj-i Dareh ou mais completamente Ganj-i Dareh Tepe, é uma estação arqueológica do Neolítico, situada no Irão, num planalto de Kirmanshah, perto da fronteira com o Iraque. Foi escavada desde a década de 1960 por Philip E.L. Smith e T. Cuyler Young jr, das universidades de Montreal e Toronto, Canadá. O lugar testemunha os restos mais antigos da domesticação dos animais, do proto-urbanismo e da cerâmica.

Mapa do Crescente Fértil com indicação de Ganj-i Dareh no extremo oriental

Localização editar

Ganj-i Dareh está localizada num planalto de cerca de 1300 a 1400 m de altitude, na cadeia dos Montes Zagros, a leste do rio Kirmanshah. A sua localização é estratégica nas rotas que ligam o grande planalto do Irão à Mesopotâmia e Iraque, pelo que juntamente com outras estações neolíticas próximas, como Tepe Asyab, sita a altitude semelhante, pôde jogar um papel essencial na difusão das novas técnicas neolíticas.

Características editar

O lugar foi habitado pela primeira vez por volta de 10000 a.C.. O sítio tem cinco níveis arqueológicos. Porém, datas obtidas pelo método de carbono 14 fornecem uma antiguidade de 8700 +- 150 anos. Esta datação dá-lhe um papel de primazia entre os pioneiros na adoção do neolítico, a um nível semelhante ao de Zawi Chemi e Shanidar.

E: nível mais antigo editar

O nível mais antigo, Ganj-i Dareh E, é um acampamento temporal de pastores transumantes, o que constitui um testemunho importantíssimo sobre os primeiros ensaios da domesticação de animais. É neste lugar que se atestam os primeiros restos de caprinos domesticados.

D: 2º nível mais antigo editar

O nível D (datável no derradeiro quarto do IX milénio, ou seja, entre 8250 a.C. e 8000 a.C., mostra o aparecimento de uma localidade, ou seja, uma aldeia, de carácter permanente. As casas eram construídas com adobes ou tijolos crus.

Resto dos níveis editar

Os períodos seguintes fornecem restos de cerâmica que está entre a mais antiga conhecida, ainda que a sua cozedura seja ainda imperfeita.

Para a escrita editar

Ganj-i Dareh, como qualquer outro dos mais antigos achados neolíticos, forneceu em abundância fichas de argila, que segundo afirma a arqueóloga francesa Denise Schmand-Besserat, são o antecedente mais antigo da posterior escrita cuneiforme. Estas fichas, feitas de barro, e perfuradas, mostram tipos geométricos muito diversos; os básicos são quatro: esferas, discos, cones e cilindros, mas junto a esses aparecem outros: triângulos, ovoides, retângulos, animais esquematizados, etc., e que às vezes mesmo apresentam incisões e perfurações. Ainda não bem identificados pelos escavadores, segundo afirmou a investigadora francesa, seriam usados para levar registos diversos na forma de colares (ou como os nós dos quipus incas). As formas de tais fichas de argila foram o modelo para os perfis incisos da escrita cuneiforme primitiva.

Bibliografia editar

  • Agelarakis A., The Palaeopathological Evidence, Indicators of Stress of the Shanidar Proto-Neolithic and the Ganj-Dareh Tepe Early Neolithic Human Skeletal Collections. Columbia University, 1989, Doctoral Dissertation, UMI, Bell & Howell Information Company, Michigan 48106.
  • Robert J. Wenke: "Patterns in Prehistory: Humankind's first three million years" (1990)

Ligações externas editar