Grânulos de Fordyce

Grânulos de Fordyce[1] são glândulas sebáceas assintomáticas comumente encontradas na mucosa oral, no lábio superior e região retromolar. Caracterizam-se por múltiplas pápulas amareladas ou esbranquiçadas de 0,1 a 1 milímetro de diâmetro que ocasionalmente podem coalescer e formar placas.

Imagem de grânulos de Fordyce em um pênis.

Somente as glândulas sebáceas visíveis através do epitélio devem ser consideradas como grânulos de Fordyce. Em crianças, normalmente, não são notadas até a puberdade, embora estejam presentes histologicamente. Sua incidência aumenta com a idade, principalmente após o estímulo hormonal da puberdade. A prevalência em adultos é grande, com uma discreta predominância no sexo masculino.[2] Histopatologicamente, as lesões são indistinguíveis das glândulas sebáceas, porém não estão associadas ao folículo piloso e seu ducto se abre diretamente na superfície.

São nomeadas em homenagem ao dermatologista americano, John Addison Fordyce.[3]

Tratamento

editar

É uma entidade de fácil diagnóstico clínico e não são necessários exames complementares. O quadro deve ser diferenciado de outras lesões da cavidade oral: pequenas colônias de Candida albicans, diminutos lipomas, manchas de Koplik, verrugas virais, lesões papulosas mucosas da Síndrome de Cowden, líquen plano e leucoplasia.

Apesar de seu caráter assintomático e de serem considerados variantes da normalidade, alguns pacientes procuram tratamento por razões estéticas.

Existem relatos de casos onde foram utilizados o ácido dicloroacético,[4] laser de CO2,[5] terapia fotodinâmica usando ácido 5-aminolevulínico,[6] isotretinoína oral[7] e curetagem com eletrocoagulação.[8]

O grânulo de Fordyce tem sido pouco estudado na literatura dermatológica. São considerados uma variação normal das glândulas sebáceas e de interesse pelo aspecto estético que aflige alguns pacientes.

Algumas alternativas têm sido tentadas para sua resolução.

Um relato de tratamento com terapia fotodinâmica com 5-ALA mostrou pobres resultados com significativos efeitos colaterais como dor, eritema, edema, vesiculação e hiperpigmentação pós-inflamatória.[6]

O uso da isotretinoína oral para o tratamento dos grânulos de fordyce nos lábios foi descrito em três relatos de caso. Monk tratou um paciente com isotretinoína oral para acne cística, havendo regressão dos grânulos de Fordyce e recorrência após nove semanas.[7] Mutizwa e Berk descrevem os efeitos a longo prazo da terapia com isotretinoína em dois pacientes adolescentes de 17 anos que tinham um grau severo de acne e Grânulos de Fordyce concomitantemente. Em um dos casos, os grânulos voltaram pouco depois da interrupção do uso; no outro, os grânulos continuam ausentes ao longo de um ano inteiro, mas não se sabe se voltaram depois desse período.[9] Há ainda um terceiro relato de caso descrevendo o uso da isotretinoína para os grânulos de Fordyce, publicado em 2015 por Handiani e Sadati em uma revista de dermatologia italiana, indicando que a isotretinoína promove a regressão dos grânulos em pacientes com acne.[10]

Um outro relato cita o uso do ácido dicloroacético no lábio superior de um paciente com grânulos de Fordyce que mostrou eficácia resolutiva por pelo menos três meses.[4]

O uso da eletrodissecação e curetagem foi opção terapêutica em outro caso.[11]

O laser de CO2 apresenta um comprimento de onda de 10.600 nm localizado na região distante do infravermelho. É utilizado há mais de trinta anos na dermatologia cirúrgica por sua eficiência em vaporizar, cortar tecidos e produzir hemostasia intra-operatória efetiva.[12]

Os sistemas ultrapulsados atuais permitem controle do aquecimento tissular e ablação precisa.[13] Este laser é aplicado com boa resposta no tratamento de várias lesões cutâneas benignas[11][14][15][16][17] e por isso é a opção terapêutica em clínicas especializadas.[18]

O resultado do tratamento é considerado consistente, conforme aquele obtido por Ocampo-Candiani, que utilizou o laser de CO2 em dois pacientes.[5] Considerando a facilidade de seu uso e a precisão com que as lesões são retiradas, credita-se o laser de CO2 como uma ótima alternativa para o tratamento dos grânulos de Fordyce.

Referências

  1. James, William; Berger, Timothy; Elston, Dirk (2005). Andrews' Diseases of the Skin: Clinical Dermatology. (10th ed.). Saunders. ISBN 0-7216-2921-0.
  2. «Fordyce granules on the prolabial and oral mucous membranes of a selected population.» (em inglês). Consultado em 5 de Junho de 2012 
  3. http://www.whonamedit.com/synd.cfm/1510.html
  4. a b Plotner AN, Brodell RT. Treatment of Fordyce spots with bichloracetic acid. Dermatol Surg.2008; 34(3): 397-9.
  5. a b Ocampo-Candiani J, Villarreal-Rodriguez A, Quinones-Fernandez AG, Herz-Ruelas ME, Ruiz-Esparza J. Treatment of Fordyce spots with CO2 laser. Dermatol Surg. 2003; 29(8): 869-71.
  6. a b Kim YJ, Kang HY, Lee ES, Kim YC. Treatment of Fordyce spots with 5-aminolaevulinic acid-photodynamic therapy. Br J Dermatol. 2007; 156:399-400.
  7. a b Monk BE. Fordyce spots responding to isotretinoin therapy. Br J Dermatol. 1993;129(3): 355.
  8. Chern PL, Arpey CJ. Fordyce spots of the lip responding to electrodesiccation and curettage. Dermatol Surg. 2008; 34(7): 960-2.
  9. Mutizwa, Misha M.; Berk, David R. (2014). «Dichotomous Long-Term Response to Isotretinoin in Two Patients with Fordyce Spots». Pediatric Dermatology (em inglês). 31 (1): 73–75. ISSN 1525-1470. doi:10.1111/j.1525-1470.2012.01749.x 
  10. Handiani, F.; Sadati, M. S. (Junho de 2015). «Isotretinoin-induced regression of Fordyce spots in a patient with acne: the first report». Giornale Italiano Di Dermatologia E Venereologia: Organo Ufficiale, Societa Italiana Di Dermatologia E Sifilografia. 150 (3): 343–344. ISSN 0392-0488. PMID 25946679 
  11. a b Lane JE, Peterson CM, Ratz JL. Treatment of Pearly Penile Papules with CO2 Laser . Dermatol Surg. 2002; 28(7): 617-18.
  12. Goldberg DJ. Lasers for Facial Rejuvenation. Am J Clin Dermatol. 2003; 4 (4): 225-234.
  13. Boyce S, Alster TS. CO2 Laser Treatment of Epidermal Nevi: Long-Term Success. Dermatol Surg. 2002; 28:611-14.
  14. Chuang YH, Hong HS, Kuo TT. Multiple Pigmented Follicular Cysts of the Vulva Successfully Treated with CO2 Laser: Case Report and Literature Review. Dermatol Surg. 2004;30:1261–1264
  15. Kartama M, Reitamo S. Treatment of lichen sclerosus with carbon dioxide laser vaporization. Br J Dermatol. 1997; 156:356-9.
  16. Smith KJ, Skelton H. Molluscum Contagiosum Recent Advances in Pathogenic Mechanisms, and New Therapies. Am J Clin Dermatol. 2002; 3 (8):535-45.
  17. Raulin C, Greve B, Hammes S. The Combined Continuous-Wave/Pulsed Carbon Dioxide Laser for Treatment of Pyogenic Granuloma. Arch Dermatol. 2002;138:33-37
  18. «High-power diode laser use on Fordyce granule excision: a case report.» (em inglês). Consultado em 5 de Junho de 2012 

Ligações externas

editar