Guerra dos Manáos
Guerra dos Manáos foi uma guerra entre os portugueses e a nação indígena dos manaós, que habitavam nas imediações da povoação de Santa Isabel, no rio Negro e eram liderados por Ajuricaba. Essa guerra se estendeu de 1723 a 1728.[1]
Guerra dos Manáos | |||
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Guerras da Conquista | |||
Ajuricaba liderando guerreiros contra as forças invasoras portuguesas. | |||
Data | 1723 - 1728 | ||
Local | Rio Negro, Amazonas | ||
Desfecho | Vitória do Reino de Portugal e Extermínio dos Manáos | ||
Mudanças territoriais | Exclusão da resistência nativa à colonização das regiões banhadas pelo Rio Negro. | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Baixas | |||
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História
editarAntecedentes
editarA partir do século XVI diversos exploradores vieram de várias regiões percorrendo as terras do rio Negro em busca do "El dorado". À medida que os exploradores avançavam, povoações iam surgindo. Com a formação desses povoamentos, os indígenas ou eram obrigados a se mudar da região ou se tornavam cativos. Muitos índios, atraídos pela tecnologia do homem branco tornavam-se cativos voluntariamente e, às vezes, serviam de guias na caça de membros de outras tribos. Os indígenas barganhavam produtos extraídos da mata em troca de mercadorias e utensílios fabricados pelos europeus, principalmente facões e armas de fogo.[1] Os manáos eram uma sociedade respeitada na região, e já faziam barganha com os holandeses, que viviam no litoral ao norte, e depois também com os portugueses. Faziam captura de inimigos e membros de tribos mais fracas para essa troca com os portugueses. Os manáos, inclusive, evitavam a penetração dos lusos rumo ao alto rio Negro, onde havia "fartura de possíveis escravos".[2]
Ajuricaba teria sido preparado por seu avô, o tuchaua Caboquena, para ser um grande lider. Seu pai, Huiuebene, teria sido um líder fraco e influenciável, acabou sendo assassinado pelos portugueses, o que levou Ajuricaba ao cargo de tuchaua, posição que ele pretendia tomar a força de seu pai. Ajuricaba já demonstrava descontentamento com a direção política que a sociedade manaoara estava tomando, e acabou rompendo com os portugueses.[3][2]
Início da guerra
editarAjuricaba organizou uma enorme frota de canoas para percorrer os rios da Amazônia. Quando alguns indígenas começaram a guiar os portugueses na caça de índios, Ajuricaba resolveu ir ao ataque. A partir de 1723, Ajuricaba começou a atacar a vilas, capturando índios que colaboravam com os portugueses e os vendendo como escravos para os holandeses. Aos poucos os Manáos foram aumentando seus domínios, tomando aldeias ou então intimidando as populações próximas de seus domínios. O governador da província do Grão-Pará, o general João da Maia da Gama, nomeou Belchior Mendes de Moraes e José Borges Valério para a missão de defender as regiões invadidas e destruir a tribo divergente.[1] Os portugueses temiam que a resistência dos manáos abrisse caminho para uma invasão holandesa.[2] Até hoje não se sabe como os Países Baixos tiveram participação na aliança, ou se forneceram armas de fogo aos nativos manaoaras.
Quando a expedição chegou a vila de Carvoeiro, Ajuricaba havia acabado de capturar diversos índios catequizados. Seguindo adiante, a expedição alcançou a flotilha de 25 canoas. Então Belchior ordenou a entrega dos presos e o repreendeu. Quando regressaram a Belém, Valério tinha vários documentos contra Ajuricaba e seus irmãos Bebari e Bejari. Quando estes fatos chegaram ao conhecimento do rei português, este ordenou que se iniciasse uma guerra de extermínio.[1]
O extermínio dos Manáos
editarUma nova tropa foi organizada sob o comando do capitão João Pais do Amaral, para reforçar a enviada em primeiro lugar. Com nova força de guerra, os portugueses cercaram os manáoaras e iniciaram o extermínio, onde o filho de Ajuricaba acabou morto. Ajuricaba resistiu por algum tempo, mas acabou aprisionado, com seus irmãos e mais de dois mil guerreiros.[1] Os portugueses levaram Ajuricaba para bordo de um navio com destino a Belém, onde ele seria julgado. No meio da viagem, Ajuricaba junto aos presos causou uma rebelião, que a custo, foi controlada. Vendo que não havia mais saída, durante uma manhã, o guerreiro manáoara conseguiu arrastar-se até à borda do navio e jogou-se no rio, desaparecendo para sempre.[4]
Ligações externas
editar- Revista Superinteressante Editora Abril
- Guzmán, Décio de Alencar. Historias de brancos : memória, historiografia dos índios Manao do rio Negro (séculos XVIII-XX). Dissertação (mestrado), Universidade Estadual de Campinas . Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,1997. Link: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000129151
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e Ferreira Brito, Karine. «Guerra dos Manaus». InfoEscola. Consultado em 1 de abril de 2020
- ↑ a b c Paulo Almeida Filho (agosto de 2021). «Indio Ajuricaba» (PDF). IBGE. Consultado em 21 de fevereiro de 2024
- ↑ «Ajuricaba, o guerreiro da liberdade». Plenarinho. 14 de abril de 2021. Consultado em 21 de fevereiro de 2024
- ↑ «Guerra dos Manaus». Impressões Rebeldes. Universidade Federal Fluminense (UFF). Consultado em 1 de abril de 2020