"Hide and Q" é o décimo episódio da primeira temporada da série de ficção científica Star Trek: The Next Generation. Ele foi exibido pela primeira vez nos Estados Unidos em 23 de novembro de 1987 pela syndication. A história original foi escrita pelo produtor Maurice Hurley, porém ela passou por várias reescritas feitas pelo criador da série Gene Roddenberry. O episódio foi dirigido por Cliff Bole e teve a primeira aparição de John de Lancie como Q depois do piloto "Encounter at Farpoint".

"Hide and Q"
10.º episódio da 1.ª temporada de
Star Trek: The Next Generation
Hide and Q
Q aparece para a tripulação da USS Enterprise como um general napoleônico.
Informação geral
Direção Cliff Bole
Escritor(es) C. J. Holland
Gene Roddenberry
História C. J. Holland
Código(s) de produção 40271-111
Transmissão original 23 de novembro de 1987
Convidados

John de Lancie como Q
Elaine Nalee como Mulher Sobrevivente
William A. Wallace como Wesley Crusher, 25 anos

Cronologia
"The Battle"
"Haven"
Lista de episódios de Star Trek: The Next Generation

A série segue as aventuras da tripulação da nave estelar USS Enterprise-D. Neste episódio, Q volta para a Enterprise e transporta a tripulação da ponte para um planeta desolado onde são atacados por criaturas humanóides, também dando ao Comandante William T. Riker os poderes de um membro do Contínuo Q.

Hurley pediu para ser creditado sob o pseudônimo de C. J. Holland em protesto contra as mudanças de Roddenberry, algo que ele mais tarde se arrependeu. Os problemas com o roteiro deste episódio alteraram o modo como a equipe costumava cuidar e desenvolver os roteiros da série. Bole elogiou as habilidades de de Lancie durante as filmagens. Os críticos acharam que apesar do episódio ser previsível, a relação entre Jean-Luc Picard e Q era digna de elogios, com "Hide and Q" recebendo notas medianas.

Enredo editar

A USS Enterprise está a caminho de Quadra Sigma para ajudar colonizadores após uma explosão de metano quando Q aparece e exige que eles abandonem a missão para participarem de um jogo. Ele transporta toda a tripulação da ponte com exceção do Capitão Jean-Luc Picard para um planeta desolado, aparecendo como um general napoleônico. Ele explica que o objetivo do jogo e manter-se vivo. Quando Tasha Yar recusa-se a competir, ele a transporta de volta para a Enterprise.[1]

Q também volta para a ponte para conversar com Picard. Ele explica que o Contínuo Q está testando Riker para ver se ele é digno de receber seus poderes. Enquanto isso, Riker e a equipe são atacados por criaturas humanóides vestidas de soldados franceses da época napoleônica e armados com mosquetes que disparam bolas de energia. Q volta para o planeta e diz a Riker que ele recebeu os poderes do Contínuo, e a primeira coisa que ele faz é enviar seus colegas de volta para a Enteprise. Porém, ele fica para trás para devolver os poderes a Q. Ele leva Riker, Picard e a equipe de volta para o planeta, e eles são novamente atacados pelos alienígenas, com Worf e Wesley Crusher sendo mortos. Riker aceita os poderes de Q e manda as tripulação de volta para a nave, ressucitando Worf e Wesley.[1]

Riker promete a Picard nunca usar seus poderes novamente, e a nave chega em Quadra Sigma. Uma equipe de resgate é enviada e acaba encontrando uma menina morta. Riker fica tentando em revivê-la, mas mantém sua promessa. Porém, ele rapidamente mostra sinais de arrependimento, revelando esses sentimentos ao capitão. A tensão entre os dois cresce enquanto Riker abraça seus poderes. Seguindo uma sugestão de Q, ele usa seus poderes para dar aos seus amigos aquilo que supostamente mais desejam, transformando Wesley em um adulto, dando a Geordi La Forge uma visão normal e criando uma mulher klingon para Worf. Todos rejeitam os presentes, e Picard declara que Q falhou em sua tentativa de fazer um humano juntar-se ao Contínuo. Ele tira os poderes de Riker e é forçado a voltar para o Contínuo por ter falhado em sua missão.[1]

Produção editar

 
A ausência de sua personagem neste e em outros episódios fez Marina Sirtis acreditar que seria cortada do programa.

Por causa das inúmeras alterações e reescritas realizadas por Gene Roddenberry, criador de Star Trek: The Next Generation, no roteiro do episódio, o roteirista Maurice Hurley pediu que suas contribuições a história fossem creditadas sob o pseudônimo de C. J. Holland. Hurley posteriormente descreveu a situação como um "mal entendido" já que o problema acabou sendo resolvido. Isso seria um grande ponto de virada na série sobre como os roteiros eram produzidos; por consequência, Roddenberry começou a passar menos tempo conduzindo reescritas detalhadas.[2] Alguns elementos da história original de Hurley expandiam a história da espécie Q, explicando que existiam apenas três Qs, mas centenas de milhares de residentes em seu planeta que precisavam ser recolados porque o mundo estava morrendo. Esse elementos não entrariam em nenhum episódio da franquia.[2] "Hide and Q" marcou a volta de John de Lancie ao papel de Q. Cliff Bole, diretor do episódio, sabendo que de Lancie faria sua segunda aparição na série, assistiu "Encounter at Farpoint" para manter o tom do personagem. Ele descobriu após o início das gravações que sua pesquisa não era necessária, pois de Lancie voltou ao personagem naturalmente.[2] Bole mais tarde descreveu o episódio como "muito divertido" e de Lancie como "um cara criativo e uma maravilha para se trabalhar".[3] Enquanto isso, a exclusão da personagem Deanna Troi da história, junto com sua ausência em outros três episódios, fez a atriz Marina Sirtis acreditar que estava sendo cortada da série.[4]

O tema principal de "Hide and Q", onde um humanoide ganha poderes divinos, é algo recorrente em Star Trek: The Original Series, tendo aparecido em vários episódios como "Where No Man Has Gone Before" e "Charlie X". O episódio mais similar da série original é "Plato's Stepchildren", onde o personagem Alexander também recusa poderes divinos de forma similar a Riker.[5] A premissa apareceria novamente em "True Q", da sexta temporada.[6]

Repercussão editar

"Hide and Q" estreou nos Estados Unidos no dia 23 de novembro de 1987.[1] Vários críticos reassistiram Star Trek: The Next Generation após seu encerramento. Keith DeCandido do Tor.com achou o enredo previsível, descrevendo Riker como "tão pintado pelos números que a cor está praticamente escorrendo da tela". Ele elogiou a relação entre Picard e Q, afirmando que de Lancie estava "se divertindo tanto com o papel que o episódio também é divertido apesar de suas falhas". Ele deu a "Hide and Q" uma nota cinco de dez.[7] Zack Handlen reassistiu e avaliou o episódio para a The A.V. Club, acreditando que este era um exemplo da série evitando caracterização de personagens em favor de lições de moral. Ele achou o episódio uma bagunça, com os destaques sendo Picard citando Shakespeare e os monstros napoleônicos. Ele deu uma nota C–.[8]

O ator Wil Wheaton avaliou o episódio para o The Huffington Post após o final da série, descrevendo de Lancie como uma "escolha brilhante e uma atuação magistral", achando o episódio de forma geral semelhante a série original, tendo alguns pontos positivos. Porém, Wheaton achou que o roteiro fazia os personagens discursarem ocasionalmente sobre como grandes poderes levam à corrupção. Ele deu uma nota B–.[9]

Referências

  1. a b c d «Hide and Q». StarTrek.com. Consultado em 11 de janeiro de 2013 
  2. a b c Nemecek 2003, p. 42
  3. «Catching Up With Trek Director Cliff Bole, Part 1». StarTrek.com. 26 de janeiro de 2012. Consultado em 11 de janeiro de 2013 
  4. Nemecek 2003, p. 28
  5. Wagner & Lundeen 1998, p. 39
  6. DeCandido, Keith (2 de outubro de 2012). «Star Trek: The Next Generation Rewatch: "True Q"». Tor.com. Consultado em 11 de janeiro de 2013 
  7. DeCandido, Keith (6 de junho de 2011). «Star Trek: The Next Generation Rewatch: "Hide and Q"». Tor.com. Consultado em 12 de janeiro de 2013 
  8. Handlen, Zack (23 de abril de 2010). «"The Battle"/"Hide and Q"/"Haven"». The A.V. Club. Consultado em 12 de janeiro de 2013 
  9. Wheaton, Wil (19 de fevereiro de 2007). «Star Trek: The Next Generation: Hide and Q». The Huffington Post. Consultado em 12 de janeiro de 2013 

Bibliografia editar

  • Nemecek, Larry (2003). Star Trek: The Next Generation Companion 3 ed. Nova Iorque: Pocket Books. ISBN 0-7434-5798-6 
  • Wagner, Jon; Lundeen, Jan (1998). Deep Space and Sacred Time: Star Trek in the American Mythos. Westport: Praeger. ISBN 978-0275962258 

Ligações externas editar