Joaquim Samaranch (Espanha ?, 1852 — Porto Alegre, 15 de fevereiro de 1900) foi um pintor, decorador, ilustrador e cenógrafo brasileiro.

Ilustração de Samaranch para O Século, 1883.

Era filho do espanhol Ramão Domingos Samaranch. Apareceu em Porto Alegre em torno de 1881, e no ano seguinte está associado a José Judicis de Mirandola, oferecendo trabalhos em pintura mural e decoração. Athos Damasceno não encontrou nenhum registro de atividade da dupla e em 1883 a sociedade estava desfeita. Neste ano ele foi contratado pelo jornal O Século, de Miguel de Werna, para fazer ilustrações, retratos e caricaturas. Ganhou a simpatia do público e permaneceu nesta atividade seguramente até 1885, talvez até 1887, quando é encontrado a anunciar trabalhos de decoração de festas, criação de carros alegóricos e pinturas em tela e mural.[1]

Em 1888, sendo assinada a Lei Áurea, o jornal A Evolução fez uma edição comemorativa especial, e a ilustração alegórica de Samaranch recebeu muitos elogios. Nesta época já era figura conhecida, e em 1890 recebeu a encomenda da pintura decorativa e cenografia do popular Teatro América, trabalho acolhido calorosamente pelo público, sendo comparado em qualidade à produção do ilustre Coliva. Seu apogeu durou pouco, em 1895 estava pintando anúncios e placas publicitárias, e em 1898 é registrado seu último trabalho, uns letreiros decorados para o Café Internacional.[1]

Parece nunca ter gozado de segurança financeira e passou uma vida difícil. Faleceu vitimado pela tuberculose. Damasceno lamenta que sua carreira tenha sido tão atribulada e feita mais de promessas que realizações, mas lhe dá um lugar na história da arte do Rio Grande do Sul como um dos primeiros caricaturistas do estado, e um dos mais interessantes do século XIX, com obra marcada pela qualidade, brilhando também no popularíssimo gênero do retrato em litogravura.[1] Neiva Bohns o colocou como um dos principais artistas de sua geração em atividade no estado,[2] e Paulo da Graça Santos destacou a mordacidade e o poder evocativo das suas caricaturas, fazendo uma contundente crítica social.[3]

Referências

  1. a b c Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Globo, 1971, pp. 323-325
  2. Bonhs, Neiva Maria Fonseca. Continente Improvável: artes visuais no Rio Grande do Sul do fim do século XIX a meados do século XX. Tese de Doutorado. UFRGS, 2005, p. 22
  3. Santos, Paulo Alexandre da Graça. Contentores de bebidas alcoólicas: Usos e significados na Porto Alegre oitocentista. Dissertação de Mestrado, 2005, pp. 153-158

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