José Júlio Andrade dos Santos

pintor português
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José Júlio Andrade dos Santos ou apenas José Júlio (Lisboa 19161963) foi um pintor português.

José Júlio
Nascimento 1916
Lisboa
Morte 1963 (47 anos)
Nacionalidade português
Área Pintura

Biografia / Obra editar

 
Paisagem, 1958, óleo sobre tela, 60 cm x 81 cm

Filho de um músico (executante de trombone), José Júlio dedicou-se também à música. Licenciou-se em Matemática e Ciência Geofísica na Faculdade de Ciências de Lisboa. Foi professor de matemática e de desenho no Liceu Francês Charles Lepierre, Lisboa.[1]

Expôs pela primeira vez individualmente em 1951, na Sociedade Nacional de Belas Artes, tendo realizado 10 mostras individuais. Participou em importantes exposições coletivas, de onde podem destacar-se: Exposições Gerais de Artes Plásticas, SNBA (até 1956); 2.ª e 4.ª Bienal de São Paulo, Brasil; I e II Exposições de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, SNBA, Lisboa (1957, 1961); etc..[1][2]

Embora autodidata, "não se trata de um amador, a não ser naquela dimensão em que a enorme maioria dos seus companheiros de geração o foram, na necessidade de uma profissão que lhes assegurasse o sustento, trata-se de um artista do seu tempo vivendo intensamente as décadas de 40 a 60, entre 48 quando começa a dedicar-se à pintura e 63 data da sua morte prematura".[3]

Dedicou-se também à gravura, tendo participado na criação da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses. Foi membro dos corpos directivos da Sociedade Nacional de Belas Artes.[4]

 
A cidade branca, óleo, 65 cm x 87 cm

"Pintor e gravador [...] da simpatia neo-realista, situa-se um tanto à parte [desta corrente], numa linha que, por cultura intelectual (foi entusiasta divulgador da arte moderna em conferências, escritos e exposições didáticas), foi do expressionismo vangogesco, praticado cerca de 50, através de Cézanne, até às fronteiras formais da não figuração".[5]

Segundo Alexandre Pomar, a sua obra revela um continuado "interesse pela paisagem, as atmosferas e profundidades espaciais, as formas recortadas de árvores e velas de barcos, que foram temas ou pretextos persistentes, mantendo a sensibilidade ao espectáculo do mundo mesmo através das experiências abstraccionistas e na «figuração diluída», como se dizia. [...] Aquela referencialidade paisagística identifica-se, num primeiro tempo, com a referência directa aos pioneiros da expressão moderna, em pinturas onde interpreta lições de Cézanne, Van Gogh, Picasso e Braque". A "geometrização das formas" evolui depois num quadro de referências diverso, marcado pela influência da Escola de Paris "que pelo final da década parece desembocar numa opção não-figurativa".[6]

Está representado em coleções, públicas e privadas, entre as quais: Museu do Abade de Baçal, Bragança; Museu do Chiado, Lisboa; CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; etc..

A Sociedade Nacional de Belas Artes apresentou uma retrospetiva da sua obra em 2002. Em 2013, a Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, Lisboa, organizou a mostra José Júlio – pintura e gravura.[4]

Referências

  1. a b Infopédia (Em linha) (2003–2013). «José Júlio». Porto Editora. Consultado em 16 de junho de 2013 
  2. A.A.V.V. – II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1961
  3. Porfírio, José Luís – "José Júlio: pintura e gravura". Semanário Expresso, 15-06-2013.
  4. a b Casa da Achada, Centro Mário Dionísio. «Exposição "José Júlio – pintura e gravura"». Consultado em 1 de maio de 2013 
  5. França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX (1974). Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 408
  6. Alexandre Pomar. «Viagem no tempo: Retrospectiva de José Júlio, pintor, divulgador e activista associativo. Evocação de uma época» 

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