Joseph Hörmeyer (Sankt Pölten, 29 de fevereiro de 1824 — Viena (?), 1866) foi um militar e cronista austríaco ativo também no Brasil.

Joseph Hörmeyer
Ocupação escritor, Militar

Nada se sabe sobre sua vida antes de chegar ao Brasil em 1851, contratado pelo governo para lutar na Guerra do Prata, ocupando o posto de capitão da infantaria. Fez andanças pelo interior do Rio Grande do Sul, conheceu as colônias alemãs, e em 1854 desligou-se do exército imperial. Em seguida visitou brevemente colônias no estado de Santa Catarina, e no mesmo voltou para a Europa, onde passou a escrever panfletos e crônicas divulgando o Rio Grande do Sul.[1][2]

Dois trabalhos são de especial interesse. O primeiro é Beschreibung der Provinz Rio Grande do Sul in Südbrasilien mit besonderer Rücksicht auf deren Kolonisation, publicado em Coblenz ainda em 1854, e mais tarde traduzido para o português com o título de O Rio Grande do Sul de 1850: descrição da Província do Rio Grande do Sul no Brasil meridional (Luzzatto, 1986). Em 1863 lançou outra obra, Was Georg seinen deutschen Landsleuten über Brasilien zu erzählen weiss, ricamente ilustrada e publicada em Leipzig, que abandona em parte o estilo da crônica de viagem, desenvolvendo um enredo romanceado e semi-ficcional, cujo protagonista, Georg, tem traços autobiográficos. Uma segunda edição apareceu postumamente em 1869, bastante modificada, com o título Georg, der Auswanderer. Oder: Ansiedlerleben in Süd-Brasilien. Illustrierte Schilderungen zur Erwägungen für Wanderlustige.[1][2]

Seus relatos pintaram um retrato muito positivo das colônias alemãs, salientando o clima salubre, a terra boa e as possibilidades de enriquecimento, e foram importantes no âmbito do programa colonizador do governo brasileiro, que desde antes da Independência estava buscando imigrantes para povoar vazios demográficos no sul do Brasil e dinamizar a produção rural. Seu empenho pela causa lhe valeu a indicação do Governo Imperial para ocupar o cargo de agente da emigração em Viena. Contudo, os colonos encontravam de fato muitas dificuldades, que não eram mostradas na propaganda oficial, em vários locais chegaram a ser tratados como escravos, e isso repercutiu negativamente na Europa através de relatos como o de Thomas Davatz. Neste contexto, autoridades como J. J. Sturz, antigo cônsul brasileiro em Hamburgo, passaram a fazer uma agressiva contra-propaganda, procurando desestimular os possíveis candidatos. Devido a isso, no final do século o governo passou a se voltar para colonos de outras nacionalidades, especialmente italianos.[1][3]

Suas obras foram bastante elogiadas na época, e continuam sendo uma valiosa fonte de informação sobre o contexto colonial em meados do século XIX, além de trazerem interessantes descrições da paisagem, das cidades, dos tipos humanos, dos costumes locais, da economia e outros tópicos.[1][2][4] Georg, der Auswanderer, considerado por Gerson Neumann seu melhor trabalho, tem um valor aumentado pelo seu atraente estilo literário.[1]

Referências

  1. a b c d e Neumann, Gerson Roberto. "O Brasil na literatura alemã do século XIX e a temática da emigração: as obras em prosa". In: Espaço Plural, 2008; IX (19):9-19
  2. a b c Noal Filho, Valter Antônio & Franco, Sérgio da Costa (orgs.). Os Viajantes Olham Porto Alegre: 1754-1890. AnaTerra, 2004, p. 94
  3. Cohen, Ilka Stern. "Thomas Davatz revisitado: reflexões sobre a imigração germânica no século XIX". In: Revista de História, 2001; (144):181-211
  4. Rosa, Lilian da. O complexo ervateiro na Província do Rio Grande do Sul oitocentista visto sob as impressões de viajantes. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, 2015, p. 8

Ver também

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Ligações externas

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