Kalanchoe daigremontiana

A Kalanchoe daigremontiana, também conhecida como calanchoê[1], mãe-de-milhares ou aranto, é uma planta suculenta nativa de Madagascar. Ela se distingue pela capacidade de reprodução vegetativa, através de brotos que crescem em suas folhas, e que caem no chão, continuando a propagação. Todas as partes da planta são venenosas (daigremontianin), e podem ser fatais se ingeridas por crianças ou animais de pequeno porte.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaKalanchoe daigremontiana
Folhas Kalanchoe daigremontiana
Folhas Kalanchoe daigremontiana
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Angiospérmicas
Classe: eudicotiledóneas
Ordem: Saxifragales
Família: Crassulaceae
Género: Kalanchoe
Espécie: K. daigremontiana
Nome binomial
Kalanchoe daigremontiana
(Raym.-Hamet & Perrier) A.Berger
Sinónimos
Bryophyllum daigremontianum

A Kalanchoe daigremontiana anteriormente chamanda Bryophyllum daigremontianum foi descrita por Jean-Henri Humbert e publicada em Annales du Museé Colonial de Marseille, sér. 2 2: 128–132. 1914.[2][3]

Morfologia editar

Pode atingir até 1 metro de altura, possui folhas do tipo lanceolada carnudas que chegam a 15–20 cm (6-8 polegadas) de comprimento e cerca de 3,2 centímetros (1,25 polegadas) de largura. Tem coloração verde médio e meio acinzentado acima das folhas e com manchas roxas embaixo. Plantas adultas também podem desenvolver raízes laterais envolto ao seu caule principal. A planta possui vários nós com dois ou três folhas em cada nó. As folhas da parte superior da plantas tendem a desenvolver desproporcionalmente, fazendo com que a haste principal dobre para baixo e, eventualmente, desenvolvem novos caules primários que se estabelecem como plantas independentes. Podem passar por um longo período de floração. A floração, no entanto, não é um evento anual e irá ocorrer esporadicamente.

Distribuição editar

Kalanchoe daigremontiana é nativa do vale do rio Fiherenana e das montanhas Androhibolava, no sudoeste de Madagascar. Foi introduzido em inúmeras regiões tropicais e subtropicais, como Flórida, Porto Rico, Havaí, Venezuela, Argentina, Brasil, Uruguai e partes do sul da Europa.

Propriedades anti-cancer editar

Aranto é um dos nomes populares usado para se referir à Kalanchoe daigremontiana (antigamente Bryophyllum daigremontianum)[4] Tem sido divulgado como uma planta capaz de curar cancer, o que é considerado apenas como um boato.[4][5]

Segundo o médico oncologista clínico Carlos Eugênio Escovar, a afirmação de que o "aranto" pode curar cancer é falsa, o boato surgiu do fato de que há estudos iniciais mas que ainda não foram testados em humanos ou animais, por isso a planta não deve ser utilizada como medicamento.[6]

Alexandre Palldino, Chefe da Seção de Oncologia Clínica do Instituto Nacional de Câncer diz que "Não há nenhuma evidência em estudos clínicos do benefício da planta Aranto no tratamento do câncer. A segurança de sua utilização também não foi avaliada, portanto, não devemos recomendar sua utilização."[5]

Contudo, alguns estudos tem demonstrado que Kalanchoe daigremontiana tem mostrado resultados promissores do extratos da planta contra alguns tipo de cânceres, em condições experimentais, não foram executados os ensaios em humanos nem estabelecido um protocolo de utilização.

  • Estudo identificou que cinco bufadienolídeos (1-5) isolados das folhas de Kalanchoe pinnata e Kalanchoe daigremontiana×tubiflora (Crassulaceae) foram examinados quanto aos seus efeitos inibitórios na ativação do antígeno precoce do vírus Epstein-Barr em células Raji induzidas pelo promotor tumoral, todos os bufadienolídeos apresentaram atividade inibitória, sendo que estes resultados sugerem fortemente que os bufadienolidos extraídos da de Kalanchoe pinnata e Kalanchoe daigremontiana ×tubiflora são potenciais agentes quimiopreventivos do câncer.[7]
  • Os extratos de Kalanchoe daigremontiana nas formas extrato etanólico, frações diluição em água e diclorometano foras testados em tecidos de adenocarcinoma humano, câncer de ovário, linhagens celulares de câncer mama e melanoma. O extrato etanólico e a fração aquosa de K. daigremontiana não apresentaram atividade citotóxica significativa nas linhagens celulares testadas. Em contraste, a fração diclorometano mostrou a atividade mais forte contra todas as linhas celulares, resultados indicaram que esta atividade se deve principalmente à presença de bersaldegenina-1,3,5-ortoacetato.[8]
  • Estudo analisou ação do extrato aquoso de Kalanchoe daigremontiana em células câncer de ovário humano. O extrato apresentou atividade antiproliferativa e citotóxica significativa, induziu a despolarização da membrana mitocondrial e interrompeu significativamente o ciclo celular, a análise de PCR em tempo real revelou que o extrato pode induzir a morte celular do câncer de ovário, in vitro.[9]
  • Estudo aplicada à terapia anticâncer feito com extrato aquoetanólico deKalanchoe daigremontiana e nano encapsulado em Poli (D,L-lactídeo-co-glicólido) mostraram que as nano cápsulas contendo o extrato aquoetanólico de K. daigremontiana apresentaram melhor desempenho citotóxico, em comparação com o extrato aquoetanólico não encapsulado em tecido celular de câncer de mama metastático, também mostraram uma importante seletividade da citotoxicidade do nanoencapsulado com o extrato aquoetanólico para as células cancerosas, não identificada no extrato aquoetanólico.[10]
  • Um estudo com estrato aquoso de Kalanchoe daigremontiana e Aloe arborescens em células de medula óssea cancerosa humana, indicou que os extratos vegetais Kalanchoe daigremontiana e Aloe arborescens afetam o metabolismo das células tumorais, têm atividade antitumoral e são potenciais desenvolvimento de medicamentos antitumorais para o tratamento do mieloma múltiplo.[11]

Toxicidade editar

Bryophyllum daigremontianum é tóxica podendo causar distúrbios digestivos severos e efeitos cardiotóxicos, especialmente se as flores forem consumidas. É perigosa para animais de estimação, sendo também conhecida por causar a morte de gado na África do Sul e Austrália.[12]

A Kalanchoe delagoensis e a Kalanchoe daigremontiana são as Kalanchoes mais tóxicas entre as espécies desse gênero.[12]

Galeria editar

Referências

  1. Editores do Michaelis (22 de outubro de 2018). «Verbete "calanchoê"». 2007. Consultado em 22 de outubro de 2018 
  2. «Kalanchoe daigremontiana». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 15 de maio de 2013 
  3. Kalanchoe daigremontiana em PlantList
  4. a b Chloé Pinheiro, Aranto mata células do câncer e pode servir de tratamento? Não é bem assim, 12/5/2019
  5. a b Kyene Becker, Aranto cura cancer e mata células cancerígenas #boato, 18/4/2019, Boatos.org
  6. Aranto não ajuda no tratamento do câncer, 7/6/2019, ONG Instituto Oncoguia
  7. SUPRATMAN, Unang; FUJITA, Tomoyuki; AKIYAMA, Kohki AKIYAMA; HAYASHI, Hideo; MURAKAMI, Akira; SAKAI, Hirofumi; KOSHIMIZU, Koichi; OHIGASHI, Hajime (1 Janeiro 2001). «Anti-tumor Promoting Activity of Bufadienolides from Kalanchoe pinnata and K. daigremontiana × butiflora». academic.oup.com. Bioscience, Biotechnology, and Biochemistry, Volume 65, Issue 4, 1 January 2001, Pages 947–949. p. 947–949. doi:10.1271/bbb.65.947. Consultado em 12 de fevereiro de 2024 
  8. Stefanowicz-Hajduk, Justyna; Asztemborska, Monika; Krauze-Baranowska, Mirosława; Godlewska, Sylwia; Gucwa, Magdalena; Moniuszko-Szajwaj, Barbara; Stochmal, Anna; Ochocka, J. Renata (março de 2020). «Identification of Flavonoids and Bufadienolides and Cytotoxic Effects of Kalanchoe daigremontiana Extracts on Human Cancer Cell Lines». Planta Medica (em inglês) (04): 239–246. ISSN 0032-0943. doi:10.1055/a-1099-9786. Consultado em 12 de fevereiro de 2024 
  9. Stefanowicz-Hajduk, Justyna; Hering, Anna; Gucwa, Magdalena; Sztormowska-Achranowicz, Katarzyna; Kowalczyk, Mariusz; Soluch, Agata; Ochocka, J. Renata (janeiro de 2022). «An In Vitro Anticancer, Antioxidant, and Phytochemical Study on Water Extract of Kalanchoe daigremontiana Raym.-Hamet and H. Perrier». Molecules (em inglês) (7). 2280 páginas. ISSN 1420-3049. PMC PMC9000682  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 35408681. doi:10.3390/molecules27072280. Consultado em 12 de fevereiro de 2024 
  10. Q.G. Alvarado-Palacios , E. San Martin-Martinez, C. Gomez-García2 , C.C. EstanislaoGomez , R. Casañas-Pimentel (6 de Agosto de 2015). «Nanoencapsulation of the Aranto (Kalanchoe daigremontiana) Aquoethanolic Extract by Nanospray Dryer and its Selective Effect on Breast Cancer Cell Line» (PDF). International Journal of Pharmacognosy and Phytochemical Research. International Journal of Pharmacognosy and Phytochemical Research (7(5)): 888-895. Consultado em 12 de fevereiro de 2014 
  11. «The Effect of Plant Extracts Kalanchoe daigremontiana and Aloe arborescens on the Metabolism of Human Multiple Myeloma Cells». Biointerface Research in Applied Chemistry (5): 13171–13186. 7 de fevereiro de 2021. ISSN 2069-5837. doi:10.33263/briac115.1317113186. Consultado em 14 de fevereiro de 2024 
  12. a b George E. Burrows; Ronald J. Tyrl (29 de janeiro de 2013). Toxic Plants of North America. [S.l.]: John Wiley & Sons. pp. 381–382. ISBN 978-0-8138-2034-7 

Ligações externas editar