L'Affaire Dreyfus é uma série de docudramas silenciosos curtos de 1899, concebidos e dirigidos por Georges Méliès. Lançado pela produtora de Méliès, Star Film, e cadastrado entre os números 206 e 217 em seus catálogos, cada um dos onze espisódios de apenas alguns minutos reconstrói um evento relacionado ao Caso Dreyfus histórico, o qual ainda estava em andamento enquanto a série era feita.

L'Affair Dreyfus
L'Affair Dreyfus
Nove episódios da série
França
1899 •  13[1] min 
Direção Georges Méliès
Companhia(s) produtora(s) Star Film Company
Distribuição
Lançamento Setembro de 1899[2]
Idioma francês (intertítulos)

Sinopse editar

Os onze episódios da série acompanham os eventos do caso Dreyfus entre 1894 e setembro de 1899,[3] o mês do lançamento da série. O que segue é uma sinopse da história da série como um todo. Para informações sobre cada um dos episódios, ver a seção Episódios abaixo.

Em 1894, Armand du Paty de Clam suspeita que o capitão do exército francês Alfred Dreyfus seja um espião para a Alemanha. Paty de Clam exige uma amostra da caligrafia de Dreyfus para compará-la à da "Le Bordereau" (uma carta anônima encontrada na Embaixada Alemã pelos serviços secretos franceses). Com a impressão de que Dreyfus parece nervoso, Paty de Clam prontamente o acusa de ter escrito a Bordereau e lhe oferece uma pistola para que Dreyfus possa se suicidar no local. Dreyfus reivindica a inocência e é preso. Na École Militaire, Dreyfus é destituído de seu posto e honras e é mandado para ser agrilhoado na Ilha do Diabo.

Quatro anos depois, o Coronel Hubert-Joseph Henry, que havia acusado Dreyfus publicamente, é preso após admitir ter forjado o Faux Henry, um documento falso desenvolvido para servir de evidência contra Dreyfus. Henry se suicida na prisão de Cherche-Midi. No ano seguinte, em 1899, Dreyfus é transferido da Ilha do Diabo através de Quiberon para Rennes, onde será julgado por uma corte marcial uma vez que novas evidências vieram à tona. Seus advogados de defesa, Fernand Labori e Edgar Demange visitam-no, assim como sua esposa Lucie. Mais tarde, caminhando com Georges Picquart, Labori é baleado. Ele sobrevive, mas o atirador escapa.

O caso divide a opinião popular em dois lados: os dreyfusards (que acreditam que Dreyfus é inocente) e os anti-dreyfusards (que acreditam que ele é culpado). A corte marcial é amplamente acompanhada por jornalistas das duas posições e uma briga é deflagrada a partir da controvérisa entre a repórter dreyfusard Caroline Rémy de Guebhard; e o repórter anti-dreyfusard Arthur Meyer. O tumulto não é menor no próprio julgamento, quando Dreyfus e o General Auguste Mercier (convocado como testemunha) são acariados. Dreyfus, condenado por traição, é conduzido de volta à prisão.

Produção editar

A produção de O Caso Dreyfus começou quando o verdadeiro julgamento de Alfred Dreyfus ocorria em Rennes. A série foi produzida inteirmanete no estúdio Star Films de Méliès em Montreuil, Seine-Saint-Denis, embora com uma forte ênfase em realismo cinematográfico claramente diferente do estilo teatral usado nos filmes fantásticos e mais conhecidos de Méliès. Um operário com forte semelhança com Dreyfus foi contratado para o papel a fim de aumentar o realismo da série. O próprio Méliès aparece na série como o advogado de Dreyfus, Fernand Labori, e faz uma breve reaparição como um jornalista após a tentativa de assassinato de Labori. A série retrata Dreyfus de maneira simpática e a performance do ator principal é encenada para implicar a inocência de Dreyfus.

Na mesma época da produçao de Méliès, o estúdio Pathé Frères também produziu uma reencenação do caso Dreyfus em seis episódios, com o ator Jean Liézer interpretando Dreyfus.[4] Essa versão pode ter sido dirigida por Ferdinand Zecca.

Tomado como um todo, O Caso Dreyfus pode ser considerado o filme mais longo de Méliès. No entanto, os onze episódios foram desenvolvidos para serem vendidos individualmente, então é mais preciso referir-se à obra como uma série.

Lançamento e recepção editar

Os onze episódios eram vendidos nos Estados Unidos por US$ 9.75 cada e eram exibidos às vezes em sequência, tornando O Caso Dreyfus o primeiro filme serial conhecido. Tanto a série de Méliès quanto a da Pathé chegaram à Inglaterra em setembro de 1899, onde se tornaram rapidamente os filmes mais promovidos do ano  (o recorde foi quebrado no mês seguinte com o lançamento de filmes da Primeira Guerra dos Bôeres). Conforme o historiador do cinema Jay Leyda, a ênfase de Méliès no realismo foi tão convincente que audiências europeias acreditavam estar assistindo um documentário dos eventos.

O Caso Dreyfus permanece como a mais famosa das Méliès's actualitiés reconstituées ("atualidades reconstituídas"), superando mesmo a sua obra do mesmo gênero de 190, Le Sacre d'Édouard VII ("A Coroação de Eduardo VII"). Segundo o historiador do cinema Georges Sadoul, O Caso Dreyfus foi o primeiro "filme politicamente engajado" na história do cinema.

Nove dos onze episódios (todos excento as cenas 2 e 11, respectivamente números 216 e 217 do catálogo) sobrevivem como um positivo em 35mm no BFI National Archive.[5] Todos os onze episódios encontram-se preservados em Le Centre national de la cinématographie em Bois d'Arcy.

A série é retratada proeminentemente no romance de 2001 de Susan Daitch's 2001 Paper Conspiracies, que inclui relatos ficcionais de sua produção, preservação e sobrevivência.[6]

Ver também editar

Referências

  1. Hammond 1974, p. 42
  2. Hammond 1974, p. 139
  3. The Dreyfus Affair (film series), Frazer 1979, pp. 78–80
  4. "L'Affaire Dreyfus (1889)", BFI.org (British Film Institute), retrieved 2 December 2014 
  5. "Collections Search".
  6. Maine, David (30 September 2011), "A Mystery 100 Years in the Making: 'Paper Conspiracies'", PopMatters, retrieved 11 August 2013 

Ligações externas editar

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