Loja Maçônica Branca Dias
A Loja Maçônica Branca Dias é uma casa maçônica Brasileira localizada em João Pessoa, capital da Paraíba.
A Loja Provisória "Branca Dias" foi fundada em 10 de janeiro de 1918, em reunião no Templo da então Loja Simbólica "Sete de Setembro 2ª" nª 902 (fonte: ata de fundação), que se localizava na Rua Visconde de Inhaúma n° 36 (esse trecho da rua no qual a Loja "Branca Dias" foi fundada depois mudou de nome para Rua João Suassuna, permanecendo como Visconde Inhaúma apenas o trecho após a linha férrea), num sobrado alugado e que foi, posteriormente, demolido para a construção da Praça Antenor Navarro.
O primeiro presidente, isto é, venerável-mestre, foi o maçom Guilherme Antonio da Costa. Ele era viúvo e um grande comerciante na cidade de Parahyba (João Pessoa). Guilherme Costa, posteriormente, mudou-se para Recife/PE, mas ainda mandava cartões de Natal e de Boas Festas para a Loja até 1951. Ele foi aclamado venerável-mestre provisório pelos fundadores presentes. Fundaram a nova Loja 25 (vinte e cinco) irmãos. O principal deles foi Augusto Simões, 33º.
Em 15 de abril de 1918, o pedido de regularização da Loja é aprovado pelo Grande Oriente do Brasil. A Loja se regularizou perante o Grande Capítulo dos Noachitas (Rito Adonhiramita), apesar de, na ata de fundação, constar que ela trabalharia no rio de York. O fato é que não havia rituais do rito York traduzidos para o português. O problema é que o Grande Capitulo do Rito de York era recém criado no Brasil e se destinava a aglutinar as Lojas compostas de ingleses. Assim, já em abril de 1918, a Loja "Branca Dias" passa a trabalhar no rito Adonhiramita, de 13 graus. Com a regularização deferida, a Loja "Branca Dias" recebe do GOB o breve constitutivo nº 942.
Ainda em abril, a Loja "Branca Dias" nª 942 muda de endereço. Sai do prédio da (agora) Loja Capitular "Sete de Setembro" nº 902 e passa a se reunir no prédio da Loja Capitular "Regeneração do Norte" nº 640, sito na avenida Duque de Caxias, nº 260.
A sessão de regularização deu-se em 13 de maio de 1918 e foi presidia pelo Delegado do Grão-Mestre no Estado, irmão Augusto Simões. Ao termino dessa sessão festiva, no salão de banquetes, o irmão Augusto Simões lança o irmão Edward Collier Laigh como candidato a suceder Guilherme Costa no veneralato da Loja.
De fato, em 27 de maio de 1918, realizou-se a eleição para escolha da diretoria, vencida por Edward Collier Laigh (era inglês e benemérito da Loja "Edward VII", Belém do Pará) que a administrou de 1918 a 1919.
Em 31 de agosto de 1918, a Loja "Branca Dias" nº 942 passa à condição de Loja Capitular, funcionando do grau de aprendiz (1º) ao grau rosa-cruz (12º, no rito Adonhiramita). Assim, a Loja passa a adotar o nome de Augusta e Sublime Loja Capitular "Branca Dias" nº 942.
Em 11 de dezembro de 1918, foi aprovado seu regimento interno. Nele, a Loja dispôs sobre a possibilidade da mudança de rito, desde que o novo fosse de origem nacional. No caso, a loja ambicionava trabalhar no rito rito Brasileiro, criado em 1914. Mas essa mudança do rito Adonhiramita para o Brasileiro nunca se concretizou.
No final de 1924, a Loja compra à dona Mariana Augusta de Cavalcanti Régis - com a negociação efetivada pelo esposo dela, Sr. José Régis -, o imóvel n. 128 da General Osório, pela quantia de 30 contos de réis, ainda na gestão de Augusto Simões.
A escritura do imóvel, no entanto, só foi registrada no nome da Loja em 1926, depois que a "Branca Dias" aprovou seu Estatuto Social, arquivou no órgão competente e adquiriu personalidade jurídica. Importante destacar que a Constituição do GOB proibia as Lojas da federação de ter personalidade jurídica. Mesmo com essa vedação, a Loja Capitular "Branca Dias" nº 942 "pagou para ver", tornou-se pessoa jurídica de direito privado (a primeira no Brasil) e registrou o bem imóvel em seu nome. Entretanto, com essa atitude, a Loja entra definitivamente em rota de colisão com o Grande Oriente do Brasil, o que facilitou a decisão de criar a Grande Loja da Paraíba.
As obras da construção do Prédio da Loja, que tiveram à frente o fundador da Loja e famoso arquiteto italiano Hermenegildo Di Láscio, foram executadas pela firma "Cunha & DiLáscio", tendo sido concluídas em 30 de maio de 1927, na gestão de José Eugênio Lins de Albuquerque. Durante o período da construção, a Loja teve os seguintes veneráveis-mestres: Augusto Simões, Manoel Velloso Borges, José Teixeira Basto e José Eugênio Lins de Albuquerque.
Em 22 de julho de 1927, a Loja "Branca Dias" edita o Decreto nº 60 e publica o manifesto “Porque Mudamos de Rito”, desligando-se da Federação do Brasil (GOB). Na mesma oportunidade, abandona o rito Adonhiramita e adota o rito escocês antigo e aceito - que é o praticado até à presente data.
Rompida com o GOB, a Loja "Branca Dias" passa a trabalhar pela fundação de uma Grande Loja estadual. Para isso, associa-se à Loja Capitular "Regeneração Campinense" nº 1002, Campina Grande, e tenta atrair as Lojas Capitulares "Regeneração do Norte" nº 640 e "Sete de Setembro 2ª" nº 902 para tal empresa. Duas reuniões entre essas lojas ocorreram entre junho/julho de 1927. Ao fim, as Lojas "Regeneração do Norte" e "Sete de Setembro 2ª" decidiram continuar fiéis ao GOB. Em razão disso, a Loja "Branca Dias" funda a Loja Padre Azevedo (com os obreiros descontentes com a decisão das Lojas "Regeneração do Norte" e "Sete de Setembro"), dando apoio material, espiritual e logístico à nova Oficina.
Com as três Lojas, é fundada a Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba, ficando a Loja "Branca Dias" com o número 01, a "Regeneração Campinense" nº 02 e a "Padre Azevedo" nº 03.
A instituição é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep).[1]
Homenagem editar
A loja maçônica foi batizada em homenagem a Branca Dias, que foi vítima da fogueira da Inquisição no período do Brasil colonial. Tida como «uma jovem e formosa», a luso-brasileira de origem hebraica residia em Gramame, a 18 quilômetros de João Pessoa. Teria supostamente nascido em dia 15 de julho de 1734, e era judia convicta.
Branca Dias foi acusada de herege e presa logo depois, por ordem do Santo Ofício. Conduzida a Lisboa, expirou no auto da fé, às 6 horas da tarde de 20 de março de 1761.[2]
Referências
- ↑ «Prefeitura de João Pessoa». Consultado em 24 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 8 de março de 2010
- ↑ «Loja Maçônica Branca Dias». Consultado em 24 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2014