Lola de Oliveira (Porto Alegre, 14 de outubro de 1889 — Rio de Janeiro, 19 de abril de 1965) foi uma escritora, artista, jornalista e feminista brasileira.

Lola de Oliveira
Nascimento 1889
Porto Alegre
Morte 19 de abril de 1965
Cidadania Brasil
Ocupação escritora, jornalista

Biografia

editar

Filha do ator Júlio de Oliveira e da professora, escritora e atriz Andradina América de Andrade, desde pequena revelou talento para o teatro, e em 1901 protagonizou o monólogo A Boneca de Lucia em um festival promovido pela mãe no Theatro São Pedro de Porto Alegre. Porém, notabilizou-se como jornalista, poetisa e escritora.[1] Viveu em várias cidades acompanhado a trajetória movimentada da mãe, da qual foi importante colaboradora.[2]

Deixou volumosa produção escrita. Foi membro da Sociedade Homens de Letras,[3] colaborou com a revista A Violeta, foi secretária da Revista Ilustrada dirigida pela mãe, e em sua obra destacam-se o volume de contos e crônicas Gente de Agora (1926), as crônicas de viagens Jaú-mirim (1927) e Minhas viagens ao norte do Brasil (1941), os volumes de poesia Ametistas (1922), que foi um sucesso de público, recebendo seis edições, Safiras (1936), o romance A Doutora (1939), uma biografia sobre Andradina intitulada Minha Mãe! (1958), além de textos regionalistas e numerosas crônicas e poesias esparsas.[4][5]

Também foi professora de arte e pintora, ganhando reconhecimento nesta área no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso. Feminista militante, colaborou com o jornal feminista O Corymbo,[1] produziu vários textos defendendo os direitos das mulheres e criticando a visão machista da sociedade de sua época, e foi membro da União das Classes Feministas do Brasil.[2]

Segundo Maria da Conceição Araújo, Lola de Oliveira foi uma "importante representante da cultura feminina no Rio Grande do Sul".[6] Para Hilda Flores, "é certo que superou a obra da mãe, ao deixar a espantosa produção de 36 obras arroladas – entre livros de poesia, romance, contos, crônicas e peças de teatro – além de uma dezena ou uma dúzia de inéditos".[7] Segundo Rosa Gautério, "a partir de Ametistas, Lola teve uma série de publicações bem-sucedidas e não só ajudou no sustento das duas [ela e a mãe] com seu talento, como, também, utilizou algumas de suas obras para militar pelo feminismo, certamente sob influência direta da progenitora. [...] Os títulos de suas crônicas [...] versam, em tom de sarcasmo, acerca do pensamento dos homens sobre o papel da mulher na então sociedade moderna".[2] É patrona da cadeira nº 22 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul e seu nome batiza uma rua em Porto Alegre.[3]

Referências

  1. a b Gautério, Rosa Cristina Hood. "Pelos palcos da vida: o protagonismo das mulheres sul-Rio-Grandenses". In: Historiæ, 2017; 8 (2):63-76
  2. a b c Gautério, Rosa Cristina Hood. Escrínio, Andradina de Oliveira e sociedade(s): entrelaços de um legado feminista. Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina, 2015, pp. 85-86
  3. a b Fontes, Rosa Ângela (org). Logradouros públicos em Porto Alegre: presença feminina na denominação. Câmara Municipal de Porto Alegre, 2007, p. 70
  4. Gautério (2015), pp. 39; 57; 69-75; 81-84
  5. Eleutério, Maria de Lourdes. "Vidas de romance". Projeto Memória de Leitura, Unicamp.
  6. Araújo, Maria da Conceição Pinheiro. "Inês Sabino nas páginas da Imprensa Feminina Brasileira e Portuguesa". In: II Seminário Nacional O feminismo no Brasil, reflexões teóricas e perspectivas. Salvador, 2008
  7. Flores, Hilda. "Lola de Oliveira". In: Muzart, Zahidé Lupinacci (org). Escritoras brasileiras do século XIX, v. III. Mulheres, 2009, pp. 705-736