Lorenza Correa

soprano

Lorenza Correa (Málaga, Espanha, 1773 - c. 1831) foi uma actriz e cantora de ópera espanhola.[1] Pela sua carreira internacional, que agraciou os palcos dos mais conhecidos teatros de Madrid, Nápoles, Paris e Milão, em finais do século XVIII e inícios do século XIX, é considerada a primeira "prima donna" espanhola.[2][3]

Lorenza Correa
Lorenza Correa
Nascimento 1773
Málaga, Espanha
Morte 1831
Madrid, Espanha
Cidadania Espanhola
Cônjuge Manuel García Parra
Ocupação actriz e cantora de ópera
Instrumento voz

Conhecida em Portugal como Lourença Correia ou ainda Lourença Nunes Correia, na ortografia moderna, devido a um artigo em que a descreviam como uma soprano portuguesa, na revista Illustração Portuguesa de 1912, criou-se a falsa ideia no país de que a cantora de ópera seria de nacionalidade portuguesa.[4]

Biografia editar

Nascida em Málaga, em 1773, Lorenza Nuñez era filha dos actores espanhóis Petronila Morales e Roque Núñez, tomando como nome artístico Lorenza Correa, em homenagem ao seu padrinho, o actor José Correa. Oriunda de uma família de artistas, também as suas três irmãs Laureana, Petronila e Manuela María Isabel Correa enveredaram por carreiras no teatro e na música, notabilizando-se a última como uma das mais conhecidas actrizes e cantoras de ópera espanholas do início do século XIX, actuando frequentemente no Teatro de la Cruz, Teatro del Príncipe e Teatro de los Caños del Peral em Madrid.[5]

 
"Mujer joven con abanico" (1806-1807), pintura a óleo de Francisco de Goya

Seguindo o mesmo percurso que a sua família, Lorenza Correa começou a actuar com apenas doze anos de idade estreando-se como intérprete de tonadillas e de óperas italianas na sua cidade natal e em 1788, com 15 anos, em Barcelona.[6]

Em 1794 casou-se com o ator, autor e tenor Manuel García Parra, filho de Juan Antonio García, violinista de orquestra, e irmão da actriz María García, começando a atuar ao seu lado e em várias produções nacionais, como a "L' Opera Cómica" (1801), "Adolfo e Clara, ó l'due prigionieri" (1801) de Vincenzo Pucitta e "Athalia" (1803) com a sua irmã Laureana Correa.[7][8]

Em 1803, o casal viajou para Bréscia, Itália, onde Lorenza Correa se tornou discípula de Carlo Marinelli, e um ano depois para França, onde atuaram em vários palcos de Paris.[9][10] Em 1805, devido às críticas positivas da imprensa, a jovem artista em ascensão foi convidada a regressar a Itália, onde participou na ópera "Sofonisba" de Vincenzo Federici, realizada no Teatro Regio de Turim, fixando-se no país com o seu marido, que abandonou os palcos em 1807.[11]

Precedida pela sua fama, durante a primavera de 1810 foi convidada a atuar com uma participação especial no Teatro do Odéon de Paris, contudo, apesar das críticas da sua performance terem sido positivas, não conseguiu repetir o mesmo feito e sucesso que nos palcos italianos, regressando a Itália um ano depois.[12]

Fixando-se em Milão, durante a década de 1810 actuou no Teatro alla Scala,[13] onde interpretou a ópera "I Pretendenti delusi" (1811) de Giuseppe Mosca, "Tamerlano" (1813) e "Le due duchesse" (1814) de Johann Simon Mayr , "Palmira" (1813) de Ernesto e Pietro Carlo Guglielmi, "Aureliano in Palmira" (1813) de Gioacchino Rossini, tendo sido escrito o papel da personagem Zenóbia para a atriz espanhola pelo próprio autor,[14] "Chiarina" (1816) de Giuseppe Farinelli e muitas outras obras de Pietro Carlo Guglielmi.[15]

Em 1818 regressou a Espanha e a 25 de agosto de 1821 estreou-se na ópera "O Barbeiro de Sevilha" de Gioachino Rossini, no Teatro del Príncipe, em Madrid. Entre 1827 e 1830 realizou vários concertos em Génova, terminando a sua carreira em 1831, quando fixou residência novamente em Espanha e pediu uma pensão de aposentação ao monarca Fernando VII de Espanha. Especula-se que terá falecido nesse mesmo ano ou em 1832.

Homenagens editar

Na toponímia local, o seu nome foi atribuído a várias ruas e praças nos municípios de Málaga e Madrid.[16]

Representações na Cultura e Arte editar

Pintura editar

Referências

  1. «Personajes malagueños en la Biblioteca Virtual de la Provincia de Málaga». Biblioteca Provincial Cánovas del Castillo. Diputación de Málaga. 2015 
  2. Sotorrío, Regina (20 de dezembro de 2020). «Lorenza Correa, la soprano que inspiró a Rossini y cantó para Napoleón». Diario Sur (em espanhol) 
  3. Karl J. Kutsch y Leo Riemens: Großes Sängerlexikon. Cuarta edición ampliada y actualizada. Múnich, 2003. Volumen 2: Castori-Frampoli, S. 910a ISBN 3-598-11598-9
  4. «Ilustração Portuguesa [1912 | N.º 306 ao n.º 358]». Hemeroteca Digital 
  5. Guin, Elisabeth Le (16 de novembro de 2013). The Tonadilla in Performance: Lyric Comedy in Enlightenment Spain (em inglês). [S.l.]: Univ of California Press 
  6. Núñez Correa (1775–1832?) Personajes ilustres
  7. Radomski, James; Radomski, Assistant Professor of Music James (2000). Manuel García (1775-1832): Chronicle of the Life of a Bel Canto Tenor at the Dawn of Romanticism (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  8. Millán, Luis Carmena y (1878). Crónica de la ópera italiana en Madrid desde el año 1738 hasta nuestros dias (em espanhol). [S.l.]: M. Minuesa de los Rios 
  9. Allgemeine musikalische Zeitung Nr. 29, 18 de abril de 1804
  10. Allgemeine musikalische Zeitung Nr. 35, 30 de mayo de 1804
  11. Rosselli, John (outubro de 1991). Music & musicians in nineteenth-century Italy (em inglês). [S.l.]: Amadeus Press 
  12. L'Avant-scène: Opéra (em francês). [S.l.]: l'Avant-scène. 1983 
  13. Romani, Luigi (1862). Teatro alla Scala: Cronologia di tutti gli spettacoli rappresentati in questo teatro dal giorno del solenne suo aprimento sino ad oggi (em italiano). [S.l.]: Coi tipi di Luigi di Giacomo Pirola 
  14. Osborne, Charles (1994). The Bel Canto Operas of Rossini, Donizetti and Bellini (em inglês). [S.l.]: Amadeus Press 
  15. García Lorenzo, Lucian (2000). Autoras y actrices en la historia del teatro español. [S.l.]: EDITUM. 135 páginas. ISBN 9788483711699. La bellísima y maravillosa voz de esta española virtuosa en el canto sorprende a los italianos. Había llegado precedida de un renombre veraz que ella justificó, por lo que recogió merecidos aplausos en los escenarios italianos 
  16. Crespo, Virgilio Pinto (1998). Madrid en 1898: una guía urbana (em espanhol). [S.l.]: Ediciones La Librería 
  17. «Mujer joven con abanico». Fundación Goya en Aragón. Consultado em 20 de abril de 2015