Lucas Arruda

pintor brasileiro

Lucas Arruda (São Paulo, 1983), é um pintor brasileiro que vive e trabalha em São Paulo, Brasil.[1] Formado em Artes pela Faculdade Santa Marcelina no ano de 2009, Lucas faz parte de uma geração de artistas no Brasil que reivindicaram a pintura em um cenário artístico amplamente dominado pela arte conceitual .[2][3] É conhecido pelas suas pinturas de paisagens atmosféricas que existem na fronteira entre a abstração e a figuração, entre registos mnemónicos e imaginativos. Sua obra é caracterizada por uma sutil representação da luz e por uma qualidade meditativa, suas pinturas são carregadas de questões visuais e metafísicas.[1][4]

Lucas Arruda
Nascimento 3 de novembro de 1983
Cidadania Brasil
Ocupação pianista

Obra editar

O trabalho artístico de Lucas Arruda desenvolve-se fundamentalmente em torno da paisagem e da luz, temas bem definidos dentro do cânone histórico da arte. O artista utiliza desses elementos para construir imagens capazes de representar e examinar estados mentais contemporâneos complexos.[1] Sua obra é frequentemente exibida em séries de pinturas de pequeno formato agrupadas sob o título "Deserto-Modelo", termo apropriado do poeta brasileiro João Cabral de Melo Neto para enfatizar a ideia de protótipo e repetição,[5] " aliada à metáfora do deserto entendido como um lugar atemporal que não pode ser apreendido pela linguagem”.[2] Descrevendo-se como "um artista que trabalha com tinta",[5] em suas exposições, Arruda muitas vezes desloca a paisagem para outras linguagens além da pintura, apresentando instalações de luz e projeções de slides,[6] alcançando "uma experiência ao vivo que opera através da mediação da luz e do olhar" conforme observado pelo curador Hans Ulrich Obrist.[7]

Embora os primeiros críticos de Arruda tenham inscrito suas pinturas na tradição romântica e sublime, referenciando artistas como Caspar David Friedrich e Edward Hopper,[8] o próprio artista, ao citar suas influências, menciona o trabalho de JMW Turner, as pinturas de paisagens do artista venezuelano Armando Reverón e a obra do pintor italiano Giorgio Morandi. Ele enfatiza os impulsos matemáticos e metafísicos da sua obra, insistindo na “ideia da paisagem como uma estrutura, e não como um lugar real”.[2][5]

Influências editar

A redefinição da pintura de paisagem por Lucas Arruda, ao infundir elementos tradicionais das paisagens marítimas com elementos de abstração e impressionismo, ganhou reconhecimento, como evidenciado por sua inclusão na Vitamin P3 da Phaidon. Esta coleção destaca artistas inovadores que moldam a pintura contemporânea.[9] Na primeira edição de Magma, editada por Paul Olivennes, Arruda figura entre notáveis personalidades contemporâneas, apresentando obras artísticas e literárias associadas ao renascimento moderno da estética vanguardista.[10] Esta publicação contou com uma pintura inédita de Arruda que acompanha o poema " La Maison des Sables " (1965) do poeta e filósofo pós-colonial francês Édouard Glissant.

Carreira editar

  • Assum Preto, Fondazione Sandretto Re Rebaudengo, Madrid (2023);[11]
  • Lugar sem lugar, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2022);[12]
  • Lugar sem lugar, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre (2021);
  • Lucas Arruda, Pond Society, Xangai (2020);
  • Deserto-Modelo, Fridericianum, Kassel (2019);[13]
  • Lucas Arruda, Cahiers d'Art, Paris (2018);[14]
  • Deserto-Modelo, Indipendência, Roma (2016);[15]
  • Deserto-Modelo, Lulu, México DF (2015);
  • Deserto-Modelo, Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo (2015).

Seu trabalho foi incluído em mostras coletivas institucionais como:

  • Bonna, Dhaka Art Summit, Dhaka (2023);[16]
  • Avant l'Orage, Bourse de Commerce – Coleção Pinault, Paris (2023);[17]
  • Passages – Landscape, Figure and Abstraction, Fondation Beyeler, Basileia (2022);[18]
  • Histórias Brasileiras, Museu de Arte de São Paulo (2022);[19]
  • Seismic Movements, Dhaka Art Summit, Dhaka (2020);
  • Aprendendo com Miguel Bakun: Subtropical, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2019);[20]
  • Luogo e Segni, Punta della Dogana, Veneza (2019);
  • Volcano Extravaganza 2019 – MORTE, Fiorucci Art Trust, Stromboli (2019);[21]
  • City Prince/sses, Palais de Tokyo, Paris (2019);
  • Anozero '17 – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, Coimbra (2017);[22]
  • Soft Power. Arte Brasil , Kunsthal KAdE, Amersfoort (2016).[23]

O trabalho de Arruda é destaque em diversas publicações como:

  • Vitamina P3: Novas Perspectivas na Pintura (2019) por Phaidon Press,[24]
  • Pintura de paisagem agora (2019) por DAP/ Distributed Art Publishers[25]
  • Hans Ulrich Obrist: Entrevistas Brasileiras Vol. 2 (2021) de Cobogó.[26]

Publicações editar

  • Lucas Arruda. Deserto-Modelo (2022, Verlag der Buchhandlung Walther & Franz König, ISBN 978-3-7533-0252-2 ) [27]
  • Lucas Arruda: Deserto-Modelo (2020, David Zwirner Books, ISBN 9781644230411 ) [28]
  • Lucas Arruda (2018, Cahiers d'Art & Editora Cobogó, ISBN 9786556910314 )

Referências editar

  1. a b c «Mendes Wood DM | Lucas Arruda». Mendes Wood DM (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2023 
  2. a b c Rigamonti di Cutò, Angeria (17 de setembro de 2017). «Lucas Arruda: 'The only reason to call my works landscapes is cultural'». Studio International (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2023  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome ":0" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. Neuendorf, Henri (1 de dezembro de 2014). «artnet Asks: Lucas Arruda». Artnet News (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2023 
  4. «Lucas Arruda - Biography». David Zwirner Gallery (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2023 
  5. a b c Trembley, Nicolas (20 de agosto de 2020). «Lucas Arruda's imaginary landscapes». Numéro. Consultado em 4 de abril de 2023  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome ":1" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  6. Martí, Silas. «Mendes Wood DM». www.artforum.com (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2023 
  7. «Lucas Arruda "Assum Preto" by Fundación Sandretto Re Rebaudengo Madrid at Biblioteca del Ateneo de Madrid». it (em inglês). 24 de fevereiro de 2023. Consultado em 4 de abril de 2023 
  8. Johnson, Ken (23 de junho de 2011). «LUCAS ARRUDA: 'Deserto-Modelo'». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 4 de abril de 2023 
  9. «The Constant Gardeners: 3 Artists Who Prove That Landscape Painting Is Blossoming Once Again». Artspace (em english). Consultado em 28 de dezembro de 2023 
  10. «August book bag: from a new book of Lee Miller photographs to a 'sexy' publication of contemporary Indigenous art». The Art Newspaper - International art news and events. 1 de agosto de 2023. Consultado em 28 de dezembro de 2023 
  11. Vicente, Álex (11 de fevereiro de 2023). «Lucas Arruda, la naturaleza como ficción» [Lucas Arruda: nature as fiction]. El País (em espanhol). Consultado em 4 de abril de 2023  Verifique o valor de |url-access=subscription (ajuda)
  12. Tone, Lilian (2022). «Lucas Arruda: lugar sem lugar» [Lucas Arruda: place without place]. pt (em Portuguese). Consultado em 4 de abril de 2023 
  13. «Fridericianum | Lucas Arruda Deserto-Modelo». Fridericianum (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2023 
  14. «Cahiers d'Art | Artist Editions – By Artists – Lucas Arruda». www.cahiersdart.com. Consultado em 4 de abril de 2023 
  15. admin_indi (27 de junho de 2020). «Deserto Modelo». INDIPENDENZA (em italiano). Consultado em 4 de abril de 2023 
  16. «Dhaka Art Summit». Dhaka Art Summit (em inglês). Samdani Art Foundation. Consultado em 4 de abril de 2023 
  17. «Before the Storm». Pinault Collection (em French). Consultado em 4 de abril de 2023 
  18. «Lucas Arruda». Beyeler Foundation - Beyeler Collection. Consultado em 4 de abril de 2023 
  19. «MASP». São Paulo Museum of Art. Consultado em 4 de abril de 2023 
  20. «Aprendendo com Miguel Bakun: Subtropical» [Learning with Miguel Bakun: Subtropical]. pt (em Portuguese). 2019. Consultado em 4 de abril de 2023 
  21. «Volcano Extravaganza 2019 – DEATH». Fiorucci Art Trust. 2019. Consultado em 4 de abril de 2023 
  22. «Lucas Arruda | Anozero '17». Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. 2017. Consultado em 4 de abril de 2023 
  23. «Soft Power. Arte Brasil.». Kunsthal KAdE: Kunsthal in Amersfoort (em inglês). 2016. Consultado em 4 de abril de 2023 
  24. Tom Melick; Rebecca Morrill; Kathryn Rattee, eds. (2019). Vitamin P3 : new perspectives in painting. London: Phaidon Press. ISBN 978-0-7148-7995-6. OCLC 1099684819 
  25. Todd Bradway, ed. (2019). Landscape painting now : from pop abstraction to new romanticism. London: Distributed Art Publishers; Thames & Hudson. ISBN 978-0-500-23994-0. OCLC 1061817094 
  26. Obrist, Hans Ulrich (2018). Márcia Fortes; Isabel Diegues, eds. Hans Ulrich Obrist : entrevistas brasileiras (em Portuguese). Rio de Janeiro: Cobogó Editora. ISBN 978-85-5591-067-8. OCLC 1120784290 
  27. «Lucas Arruda: Deserto-Modelo». e-flux (em inglês). 18 de agosto de 2022. Consultado em 4 de abril de 2023 
  28. Arruda, Lucas (2020). Zwirner, David, ed. Lucas Arruda. New York: [s.n.] ISBN 978-1-64423-041-1. OCLC 1198094017