Lueji A'Nkonde

monarca do Reino Lunda

Lueji A'Nkonde (Reino Lunda, c. 1635 – Reino Lunda-Chócue, c. 1670), também chamada de Rueje-a-Condi, Luéji Lua Kôndi, Noeji-la-Condi ou Lweji Nkonde, foi uma monarca (Suana Murunda) do Império Lunda, que reinou no período mais próspero deste.

Lueji A'Nkonde
Nascimento 1635
Morte 1670
Cidadania Reino Lunda
Ocupação rainha

Biografia editar

Filha do rei Condi-Iala-Macú-Matete (ou Kondi-Matete, Nkonde-Matete), nasceu possivelmente nas cercanias de 1635, sendo a terceira de quatro filhos deste monarca. Seus outros irmãos chamavam-se Quinguri-cha-Condi, Iala-cha-Condi e Calumbo-Doji. Pertencia à etnia chócue.[1]

A linha sucessória do rei Condi-Matete previa que seu sucessor seria seu filho mais velho, Quinguri-cha-Condi. Porém, segundo a tradição oral que relata a história do Reino Lunda, este não tinha apreço pelas tradições ou mitos populares, o que irritava o pai e os Tubungo, - a aristocracia do reino da Lunda, que via nesta característica uma ameaça à sua influência. Aliado a isto, certo dia Quinguri-cha-Condi e seu irmão Iala-cha-Condi beberam e entraram nos aposentos reais, onde bateram no próprio pai, fato que motivou o seu desapreço pelo seu primogênito.[2][1]

Combalido e no leito de morte após a violência sofrida, o pai, que tinha mais apreço por sua filha, decidiu não seguir a tradição sucessória, nomeando a jovem Lueji como sua sucessora. Como símbolo de seu status, recebeu o lucano (bracelete real). Era muito jovem ao assumir o reino-império, com aproximadamente 15 anos, em 1650.[2]

Lueji, a princípio, mostrava-se uma monarca muito insegura, preferindo deliberar somente após longas consultas aos seus conselheiros. Com o passar do tempo, passou a depender menos dos conselhos da corte, tomando posição mais altiva.[3]

Suas decisões mostravam-se muito acertadas no sentido de aumentar a produção de alimentos no reino, bem como de investir na fundição de metais, aumentando o comércio com o Reino do Congo, com o Império Português, com o Império Belga e com o Império Francês. Porém não deixou de lado o trafico de escravos.[1]

Certo dia um caçador da tribo Luba de nome Tchibinda Ilunga roubou o Tobe, uma carne seca preparada com ervas, que os trabalhadores do reino tinham armazenado. Ele foi encontrado no dia seguinte com a carne e com um produto real, o Tombe, um hidromel que somente poderia ser consumido pela corte.[1]

Ao trazer-lhe perante a rainha Lueji, esta decidiu mantê-lo em cativeiro em vez de o matar, possivelmente por descobrir que era chefe do clã real do reino vizinho Luba. Secretamente ela o trouxe para morar junto consigo, decidindo fazer dele seu consorte. Com ele, ela teve um filho por nome Noeji.[2]

Ao decidir apresenta-lo como seu esposo diante da corte, houve enorme divergência, pois pelas tradições de seu povo ela jamais poderia contrair matrimônio com um estrangeiro e condenado. As divergências foram tamanhas que, pela negativa em desfazer o casamento, seus irmãos e a aristocracia ameaçaram dividir o reino.[2][1]

As ameaças acabaram por ser cumpridas e o seu império, no auge dividiu-se em três reinos: Lunda-Luba (século XVII), Lunda-Chócue (século XVII, da qual continuou soberana) e Lunda-Andembo (século XVIII).[2][1]

Faleceu possivelmente em 1670, vendo os lundas mergulhados numa guerra civil. Seu marido Tchibinda Ilunga e seu filho Noeji lhe substituíram no comando do reino.[4]

Referências