Magdouche é uma cidade do Líbano. Ela está localizada a 50 km ao sul de Beirute e 8 km a sudeste de Sidon[1]. A vila fica a 3 km do Mediterrâneo, ocupando uma colina com altitude variando entre 200 e 229 metros acima do nível do mar.

Magdouche

Demografia

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Magdouche tem uma população permanente de 8.000 habitantes, aproximadamente, a maioria dos quais são católicos gregos melquitas e poucos católicos maronitas.

História

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O nome, Magdouche, tem origem na palavra siríaca, que significa "coletores de colheitas". Também é derivado da palavra siríaca Kidsh e seus derivados (Kadisho, Kadishat, Makdosho). Em hebraico, significa "santo" ou "santa". De acordo com a crença cristã, quando Jesus chegou a Sidon, a Virgem Maria que o acompanhava o esperou no topo da colina onde hoje se localiza Magdouche. Ela passou a noite em uma caverna que ficou conhecida como Mantara, ou "Esperando"[2][3].

A ida de Jesus Cristo e seus discípulos a Tiro e Sídon é narrada no Evangelho de São Mateus (15:21-28) e de São Marcos (Marcos 7:31-37). Embora não seja explicitamente informado a presença da Virgem Maria no texto, e esta espera do retorno deles, a Sagrada Tradição ressalta que ela, e outras mulheres, acompanhavam Jesus em suas viagens[4].

Em Magdouche as crônicas relatam aparições da Virgem Maria[5][6]. Segundo estas crônicas, em 11 de junho de 1911, cerca de 400 pessoas viram uma aparição silenciosa e luminosa da Virgem Maria com Jesus Menino perto da caverna[5].

Outro relato diz sobre uma nova aparição para 600 pessoas, aproximadamente, em 1991[6].

O Imperador Constantino, o Grande, atendeu ao pedido de Santa Helena e transformou a caverna em um santuário para a Virgem. Ele ergueu uma torre em homenagem à Virgem. A torre desabou durante o terremoto de 550. Mais tarde, o Rei Luís IX ergueu uma torre de vigia no mesmo local. A caverna de Mantara foi mais uma vez descoberta acidentalmente por um pastor em 1726. Um ícone da Virgem também foi descoberto, e era de estilo bizantino, datando do século 7 ou 8 [2].

A história de Magdouche confunde-se com a história de Sidon. Uma das mais importantes cidades fenícias, e teria sido, possivelmente, a mais antiga.

A Civilização Fenícia foi uma civilização da Antiguidade cujo epicentro se localizava no norte da antiga Canaã, ao longo das regiões litorâneas dos atuais Líbano, Síria e norte de Israel, baseada numa cultura comercial marítima empreendedora que se espalhou por todo o mar Mediterrâneo durante o período que foi de 1 500 a.C. a 300 a.C.[7].

Os fenícios eram grandes navegadores. Há estudiosos que argumentam que estiveram no atual território brasileiro muitos séculos antes de Cristóvão Colombo e os portugueses aportarem no chamado Novo Mundo.[8].

Imigração Libanesa no Estado do Espírito Santo

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Da cidade de Magdouche proveio, inicialmente, uma intensa imigração libanesa para o Brasil. Particularmente, para o município de Iconha, no Estado do Espírito Santo, no fim do século XIX, depois do pioneirismo de Jorge Aarão[9], natural desta cidade libanesa[10]. Jorge Aarão, inicialmente, foi mascate e depois estabeleceu um comércio e recebeu inúmeros conterrâneos que dele receberam apoio para se estabeleceram no Brasil[11].

Como afirma Moraes[12], "a imigração libanesa não foi uma imigração subvencionada pelo Governo do Líbano nem pelo Governo do Brasil. Eles viajavam por conta própria, muitas vezes ajudados por parentes e amigos já estabelecidos em terras capixabas. Esse agrupamento junto a amigos e familiares certamente ajudava a manutenção, adaptação e segurança dos imigrantes. O vínculo do parentesco sempre foi importante para os libaneses".

Inúmeras famílias influentes neste Estado brasileiro, atualmente, têm suas origens em Magdouche[13][14].

Ver também

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Referências

  1. Macdouche - Mapcarta
  2. a b Sidon, Tyre & Maghdouche
  3. A LOOK INSIDE SAYDET EL MANTARA: OUR LADY OF AWAITING.
  4. Our Lady of Mantara or The Wait, Maghdouche
  5. a b Nossa Senhora de Mantara
  6. a b Aparição de Nossa Senhora em Mantara
  7. Conf. Fenícia
  8. SCHWENNHAGEM, Ludwig. Fenícios no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Cátedra, 1986.
  9. CAMPOS, Mintaha Alcuri. Turco Pobre, Sírio Remediado, Libanês Rico: A Trajetória do Imigrante Libanês no Espírito Santo. Pags. 76-79. Vitória: Instituto Jones dos Santos Neves, 1987.
  10. SIMÃO, Adalgiso. História de uma Colonização. Cachoeiro de Itapemirim: Editora Frangraf, 1991. Pags 95-118.
  11. SANTOS, Adilson Silva. Imigrantes Urbanos em Atividades Rurais: O Caso de Alguns Sírios e Libaneses no Sul do Espírito Santo. ANPUH, 31º Simpósio Nacional de História.
  12. MORAES, Neide Lúcia. Imigrantes Libaneses. História do ES. Publicada em 20/07/2016 por Morro do Moreno.
  13. SIMÃO, Adalgiso. História de uma Colonização. Cachoeiro de Itapemirim: Editora Frangraf, 1991. Pags 95-118.
  14. Adalgiso Simão, no livro citado, relaciona algumas famílias de imigrantes libaneses de Magdouche para o Espírito Santo, tais como: Aarão, Adib, Bassul, Catan, Nechef, Amon, Feres, Kafuri, Moisés, Marão, Hamet, Bichara, Lahud, Haig, Bocht, Labib, Miana, Haig, Atui, Jabour, Salim, Daúd, Méter, Saad, Brumana, Carone, Latife, e muitas outras, todas provenientes desta cidade libanesa, com grande influência no Estado referido.