Marcha-Rancho é um gênero musical brasileiro criado e desenvolvido a partir dos Ranchos Carnavalescos do carnaval no Rio de Janeiro.

Tais ranchos possuíam enredos de caráter dramático musical que alcançaram enorme popularidade no carnaval de rua nas primeiras décadas do século XX,[1] bem como serviu de mediador entre diferentes grupos sociais em seu todo constitutivo de manifestação cultural.

Existente há mais de um século e sendo parte indivisível dos ranchos, esse gênero musical brasileiro se constitui como espelho de uma manifestação artístico-popular de caráter tradicionalmente urbano. O termo marcha-rancho como designação de um gênero musical específico surge na década de 30, embora já de antes, nas duas décadas anteriores houvesse o repertório estilizado já caracterizado e consolidado, porém ainda não denominado como tal.[2] A Marcha-Rancho possui registros desde a última década do século XIX e veio se concretizando nas primeiras décadas do século XX como gênero musical brasileiro.

Principais Características editar

O Gênero Marcha-Rancho traz como características o fato de serem predominantemente cantadas, onde os coros de vozes masculinas e femininas cantam de forma alternada em alguns momentos e em outros todos cantam juntos. O canto é realizado de forma empostada, ou seja, a voz é emitida de forma a se projetar melhor e facilitar o canto, assim como faziam os atores e cantores de Teatro Lírico na época.[3] De andamento mais lento, a marcha-rancho procura expressar sentimentos mais poéticos e mais românticos em suas letras. Possuem uma métrica quaternária, onde a melodia, com sua característica tipicamente sincopada e com acentos predominantes nos tempos pares se destaca na estrutura da composição.[1][4] Apresenta textura de caráter polifônico com acompanhamento, e sua harmonia possui resoluções claras e transparentes. Quanto à forma, alterna entre a forma Rondó (A-B-A-C-A) e a forma Binária (A-B).[1]

Instrumentação editar

Em sua fase inicial de desenvolvimento, a marcha-rancho possuía uma instrumentação original com presença de cordas dedilhadas como o violão, cavaquinho, flautas, clarinetes e trombone. Ao longo de seu desenvolvimento, foram acrescidos outros instrumentos como: trompete, tuba, bombo, caixa clara e algumas vezes pratos.[1][4][5]

Marchas-Rancho consagradas editar

Devido a grande popularidade alcançada pelas marchas-rancho, um grande número obras deste gênero de composição musical foram escritas nas primeiras décadas do séc.XX, passando a partir da década de 40 por um breve período de abandono do gênero tendo, porém, a partir da década de 60 sua redescoberta, voltando então a se estabelecer como parte integrante da tradição musical brasileira.[4][1][6] Entre muitas e muitas obras, vamos destacar aqui algumas composições consagradas:[4][7][6]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e ARAÙJO, S. (Janeiro, 2005). «Entre palcos, ruas e salões: processos de circularidade cultural na música dos ranchos carnavalescos do Rio de Janeiro (1890-1930)». UFRGS. Em Pauta. 16 (26): 73-94. Consultado em 1 de junho de 2022 
  2. TINHORÃO, J.R. (1972). Pequena história da música popular. Petrópolis: Vozes 
  3. ARAÚJO, S. (2002). «O tempo da pancada: notas sobre a contribuição teórica de Guerra-Peixe ao estudo analítico da música popular.». Escola de Música da UFRJ. 3º COLÓQUIO DE PESQUISA DA PÓS-GRADUAÇÂO DA UFRJ: 82-88 
  4. a b c d BALIELO, M. (2019). «Marcha-Rancho e Binário, Ternário ou Quaternário». Cultura Mix. Consultado em 2 de junho de 2022 
  5. MARCONDES, J. (8 de setembro de 2021). «O que é marcha-rancho?». Souza Lima Blog. Consultado em 10 de junho de 2022 
  6. a b NASSIF, L. «Folha de S.Paulo - Luís Nassif: Os clássicos da marcha - rancho». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 1 de junho de 2022 
  7. BISSOLI, B. «Tributo à marcha-rancho». Brasil Escola. Consultado em 1 de junho de 2022