Forma musical
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Forma musical, nos estudos académicos de música, harmonia avançada ou forma e análise, entre outros, refere-se à estrutura de uma peça musical específica. Por exemplo, uma peça pode ser escrita na forma binária, forma sonata allegro,forma ternária e forma estrófica.
É a estrutura e o desenho da música. Identificamos os objectos que vemos pela sua forma. Na música se dá o mesmo. Música é essencialmente constituída por:
Música e sua forma tradicional Editar
Através dos anos, a música tem mantido formas fixas nas composições eruditas e até nas populares, mas no século XX isto mudou. O que segue é uma breve amostra destas formas mais tradicionais que se encontram nas composições de compositores que se destacaram internacionalmente.
Rondó Editar
Forma Rondó é aquela que introduz um tema - chamamos de (A) -, após o fim de "A", apresenta um novo tema - (B) -, e após seu término retorna ao tema original (A) e após o término de "A", novamente introduz um novo tema - (C) -, e assim por diante sempre apresentando um novo tema após a repetição do tema principal (A). A Forma rondó é vista:
A-B-A-C-A-D-A etc.
Esta forma é informalmente referida como "abacada". Algumas vezes o rondó é simétrico e aparecerá da forma ABACABA.
Exemplo desta Forma se encontra frequentemente em rondós de Wolfgang Amadeus Mozart e outros classicistas.
Forma canção Editar
A canção uma forma muito antiga que se originou da música folclórica da Idade Média e teve grande difusão no mundo.
O esquema dessa forma é:
- AA:B:AA:B…podendo ser abreviada por AAB ou AAB:A
Na música popular moderna, o tema do B é o refrão, que se repete várias vezes no final.
Diversos compositores usaram esta forma mas o maior deles é Franz Schubert, com centenas de canções;
Além das chansons, na França, temos os equivalentes:
- Lied, na Alemanha;
- Song ou Art Song nos Estados Unidos e Inglaterra;
- Canzone, na Itália;
- Canção em Portugal e no Brasil.
Desde a Idade Média até o fim do Renascimento, os franceses desenvolveram a polifonia na chanson. No Barroco, os italianos lideraram com as canzoni e árias e continuaram até a Era Clássica. Mas, no Romantismo, os alemães foram ao auge com os Lieder, o que animou os franceses a fazer renascer sua forma chanson. Com isso, os ingleses introduziram a Art Song, e compositores do mundo inteiro continuaram a escrever canções que continuam a ser uma forma bem popular até hoje. Entre alguns proeminentes compositores de canção (Lieder, chansons, songs ou canzoni), podemos citar, em cada período:
Idade Média Editar
- França: Guillaume de Machaut
No Renascimento Editar
- França: Josquin Desprez, Pierre Cadéac, Pierre Clereau, Nicolas Millot, Pierre Passereau, Clément Janequin
- Franco-Flamenco: Cornelius Canis, Jan Nasco, Nicolas Payen, Orlando de Lassus
- Itália: Claudio Monteverdi, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Francisco Leontaritis
- Inglaterra: William Byrd, Anonymous IV
No Barroco Editar
- França: Denis Gaultier
- Itália: Adriano Banchieri, Claudio Monteverdi, Domenico Alberti, Francesco Durante
- Inglaterra: John Dowland, Henry Purcell
- Alemanha: Heinrich Schütz, Dietrich Buxtehude, Johann Sebastian Bach
Era clássica Editar
- Alemanha e Áustria: Franz Joseph Haydn, Wolfgang Amadeus Mozart
- Itália: Luigi Boccherini, Domenico Cimarosa
- Inglaterra: William Boyce
No Romantismo Editar
- França: Gabriel Fauré, Claude Debussy, Hector Berlioz, César Franck
- Alemanha, Suíça e Áustria: Louis Niedermeyer, Franz Schubert, Robert Schumann, Ludwig van Beethoven, Richard Strauss,Felix Mendelssohn Bartholdy,Hugo Wolf
- Itália: Ottorino Respighi, Gaetano Donizetti, Gioacchino Rossini
- Hungria: Franz Liszt, Béla Bartók
- Polônia: Frédéric Chopin;
- Noruega: Edvard Hagerup Grieg
- Tchecos: Antonín Dvořák
- Finlândia: Jean Sibelius
- Suécia: Hugo Alfvén
- União Soviética: Pyotr Ilyich Tchaikovsky, Nikolai Rimsky-Korsakov, Sergei Rachmaninoff, Sergei Prokofiev, Igor Stravinsky, Modest Mussorgsky
- Dinamarca: Carl Nielsen
Século XX até hoje Editar
- França: Francis Poulenc, Darius Milhaud, Georges Brassens, Jacques Brel, Édith Piaf, Camille, Olivia Ruiz
- Brasil: Heitor Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Egberto Gismonti, mais popular e recente Sérgio Mendes
- Inglaterra: Benjamin Britten, Ralph Vaughan Williams, John Nicholson Ireland e nas mais populares e recentes, The Beatles
- Alemanha, Suíça e Áustria: Gustav Mahler,Alban Berg, Kurt Weill, Arnold Schoenberg
- Itália: Luciano Berio, Mario Castelnuovo-Tedesco
- Estônia*: Arvo Pärt
- EUA: Charles Ives, Samuel Barber, Aaron Copland, Arthur Farwell
É importante lembrar que estes mesmos compositores que foram famosos com suas canções também escreveram diversas composições noutras Formas e de outros gêneros.
Forma sonata allegro Editar
Esta forma mais complexa aparece muito nas sinfonias e concertos, tanto para instrumentos como para orquestras e em Sonatas também. Em geral no primeiro e último movimento de um concerto ou sinfonia de 3 movimentos e frequentemente no tempo Allegro (andamento). A Forma Sonata Allegro se destaca com uma Introdução, o desenvolvimento dos temas e a recapitulação das ideias. Foi a forma do auge desde o período do Classicismo ao fim do período do Romantismo e se encontra em diversos movimentos das sinfonias, sonatas, quartetos de Mozart, Beethoven, Brahams, etc e concertos de Chopin, Lliszt, Richard Strauss etc. Na Forma Sonata Allegro temos:
- A introdução - A Exposição do tema principal, aonde o motivo é apresentado e explorado inicialmente se repetindo com muitas variações. Primeiramente o tema feminino, em geral na tônica da escala diatônica, é introduzido e em seguida o tema masculino - o tema secundário -, em geral na dominante da escala. Durante o período clássico, não houve muitas modulações, nem alterações cromáticas drásticas na harmonia da composição.
- O Desenvolvimento - a parte do movimento aonde a música desenvolve as ideias iniciais, os motivos introduzidos inicialmente, temas primários e secundários eles se repetem e formam variações até a exaustão e retornam a tônica para a conclusão. Este movimento inicia na modulação da dominante, deixada pela cadência final do tema da Introdução.
- A Recapitulação - A conclusão musical. Os temas recapitulam as ideias apresentadas brevemente e reafirmam a tonalidade musical da tônica para a grande cadência final.
Tema e variações Editar
Aqui o tema é apresentado, em geral em duas frases pelo menos, podendo ser apenas uns 8 compassos, ou até uns 16, mas não limitados a esta quantidade. Em seguida as variações iniciam. A cada repetição do tema uma variação nova. É por aí que nós encontramos composições com nomes do tipo "32 variações de Mozart". O compositor, através de sua composição, está tentando exibir sua capacidade máxima de criar novas variações a cada repetição do tema introduzido inicialmente. O compositor usa não só modulação na música como ele pode também usar várias outras técnicas, como:
- transpor;
- espelhar o tema (imitar a melodia noutra voz a partir de outra nota inicial);
- inversão (inverter a direção melódica na pauta);
- retrógrada (inverter a melodia tocando da última à primeira nota da frase temática);
- imitação (imitar o contorno melódico da música com diferenças nos intervalos ou duração das notas musicais),
- variar o ritmo (diminuindo a duração de cada nota do motivo inicial),
- mudar o tempo da dinâmica, etc.
A Música barroca é típica desta forma - principalmente quando usando "pergunta e respostas" entre as vozes, em que o tema se repete de várias formas. Por exemplo, as 15 Invenções e sinfonias de Johann Sebastian Bach.
Dois bons exemplos para esta forma em gêneros musicais são:
- O canto gregoriano, especialmente quando cantado canonicamente;
- A fuga barroca com seu formato imitativo e cheio de variações em cada ação das vozes polifônicas.
Dois exemplos de obras compostas com simplicidade nesta forma são o Bolero de Maurice Ravel e o Canon em Ré de Johann Pachelbel.
Um exemplo de uma composição mais complexa usando esta forma, tema e variação:
- Capricho n.º 24 em lá menor para violino de Niccolò Paganini, consistindo de 1 (um) tema, 11 (onze) variações e um finale.
O Tema é "A", e a representação é:
A, A1, A2, A3, A4, etc
com cada "A" representando a variação do tema com técnicas acima descritas.
Forma binária Editar
Nessa forma, a música se apresenta em:
AA:BB:
Encontramos várias suites do período barroco com as pequenas danças nesse formato - também frequente no coral sacro.
Bach, por exemplo, escreveu inúmeros corais neste formato. Um exemplo claro é o Versus VII da Cantata nº4, Christ lag in todesbanden. Bach emprestou a melodia original da Missa Victimae Paschali Laudes para as festividades da Páscoa da Igreja Católica. Nesse coral, Wir essen und leben ("Comemos e vivemos", em português), Bach usa um total de doze compassos (sem contar com a repetição de quatro compassos que se repetem no início, sem mudança alguma). A parte "A" tem apenas quatro compassos, mas ela se repete, como sugere a forma binária (de modo que a parte "A" passa de quatro compassos para oito, após a repetição). Na repetição de "A" não há mudança alguma no arranjo musical; somente o texto muda. Na parte "B" (nova linha melódica), Bach muda a possibilidade desse coral estar na forma estrófica e deixa o arranjo na forma canção, mas ele não repete a parte "B", embora mantenha a parte melódica em oito compassos, dando a simetria da forma binária no final (oito compassos em cada parte), sendo que quatro compassos introduzem o segundo tema e os últimos quatro compassos da parte "B". Bach divide ao meio, estendendo o tema "B" por dois compassos e, numa cadência final, os últimos dois compassos; em vez de Amen, usa Hallelujah num ritardando. O compositor utiliza, ao todo, 48 notas (semínimas) no valor de unidade de tempo para os doze compassos (sem contar com a repetição idêntica dos primeiros quatro compassos).
Também há referências à forma do coral luterano como "forma coral", mas devemos notar que o coral é um gênero musical e não uma "forma" em si. Como gênero, o coral pode ter forma estrófica, binária, canção ou outra qualquer.
Forma ternária Editar
Como o nome implica, é de certa forma similar a forma Binária, mas é representada na seguinte estrutura: ABA' invariavelmente a primeira parte (A) se repete, mas quando isto acontece há uma leve modificação---não é apenas uma repetição do que já foi apresentado anteriormente.
Forma estrófica Editar
Nessa forma, temos os hinos e corais litúrgicos, nos quais o Tema "A" é o verso apresentado e a cada nova estrofe o tema melódico se repete.
O próprio Hino Nacional do Brasil é um exemplo. O tema "A" se apresenta na primeira estrofe:
- Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, etc, até o fim da primeira estrofe
e quando a segunda estrofe inicia, em:
- Deitado eternamente em berço esplêndido… etc,
estamos de volta repetindo o tema A.
Neste caso temos "A, A, A ,A", sendo que temos dois versos na primeira estrofe e mais dois na segunda.
O concerto Editar
Estas estruturas são definidas por material temático, melodias, centro tonal etc. Nas épocas mais primitivas da música era mais comum ver as variações com mudanças simples na tonalidade Maior e menor para cada movimento. Em geral o primeiro movimento era mais galante, 'rápido no tempo Allegro com uma tonalidade maior. Já o segundo movimento ficaria mais lento, no tempo Andante, ou Largo, logo a tonalidade mudaria também de maior (do primeiro movimento (frequentemente Allegro) para menor. O terceiro movimento poderia ser apresentado numa outra forma e de volta a tonalidade principal, maior e até num Allegro Vivace para um final triunfal e imponente. Em geral a cada movimento a Forma muda.
Forma moderna Editar
Mais recentemente a maneira de lidar com as formas mudaram e tem sido demonstradas através de superimposição, justaposição, estratificação e outras interrupções e simultaneidades. Compositores modernos usaram, por exemplo, o minimalismo para demonstrar o mínimo possível de contexto harmônico numa obra, mantendo a música ao máximo de sua simplicidade, essência e ainda expondo uma ideia toda complexa e intrínseca. Como exemplo temos Arvo Pärt com sua obra Spiegel im Spiegel.
Notas:
dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó, ...
Referências e outas leituras Editar
- Lawrence Earp, Guillaume de Machaut: A Guide to Research, Nova Iorque: Garland Publishing, 1995.
- The Works of Guillaume de Machaut, La Trobe University Library (June 2, 2003). visitado: 15 Março de 2008.
- Reese, Gustave (1954). Music in the Renaissance. New York: W.W. Norton & Co.
- «Guia do Lied» (em inglês)
- "Canzone", em The New Grove Dictionary of Music and Musicians, ed. Stanley Sadie. 20 vol. Londres, Macmillan Publishers Ltd., 1980.
- The New Harvard Dictionary of Music, ed. Don Randel. Cambridge, Massachusetts, Harvard University Press, 1986.
- Wisnik, José Miguel, "Heitor Villa-Lobos"---visitado 15 de Março de 2008