Miguel III de Constantinopla
Miguel III de Constantinopla, também chamado de Miguel III de Anquialo (em grego: Μιχαὴλ Γ´), foi o patriarca grego ortodoxo de Constantinopla entre janeiro de 1170 e março de 1178.
Miguel III de Constantinopla | |
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Morte | março de 1178 |
Cidadania | Império Bizantino |
Ocupação | sacerdote |
Vida e obras
editarMiguel foi alçado à posição de patriarca pelo imperador bizantino Manuel I Comneno, o ápice de uma brilhante carreira intelectual e administrativa.[1] Antes de se tornar patriarca, Miguel passou por diversos cargos importantes da hierarquia eclesiástica, incluindo as posições de referendarios, epi tou sakelliou, protekdikos e, no último, ele era o encarregado do tribunal que julgava os pedidos de asilo em Santa Sofia. A mais importante de todas as funções que exerceu antes do patriarcado foi a de filósofo chefe (em grego: ὕπατος τῶν φιλοσόφων; romaniz.: hýpatos tōn philosóphōn - "filósofo chefe"), um título que era reservado ao reitor da Universidade de Constantinopla entre os séculos XI e XIV.[2] Nesta função, ele condenou os filósofos neoplatônicos e encorajou o estudo da obra de Aristóteles sobre as ciências naturais como antídoto.[3]
Como patriarca, Miguel III continuou a lidar com a questão teológica da relação entre o Filho e o Pai na Santíssima Trindade iniciada por causa da interpretação que um tal Demétrio de Lampi (na Frígia) deu para João 14:29: "...pois o Pai é maior do que eu"' (em grego: ὁ Πατήρ μου μείζων μου ἐστίν). Miguel atuou como o principal porta-voz do imperador durante a controvérsia. Além disso, ele também encomendou uma revisão das leis eclesiásticas ortodoxas e dos decretos e leis a Teodoro Bálsamo, uma obra que ficou conhecida como "Escólio" (em grego: Σχόλια) por volta de 1170.
O patriarcado de Miguel foi marcado pelas tentativas do imperador Manuel de firmar uma união com a Igreja Católica. Continuando a já antiga política papal, Alexandre III exigiu que sua autoridade religiosa sobre todos os cristãos fosse reconhecida, mesmo sobre o imperador, algo que os bizantinos não estavam preparados para fazer.[4] Manuel, por outro lado, queria um reconhecimento oficial de sua autoridade secular tanto sobre o oriente quanto sobre o ocidente,[5] o que também não era aceito no ocidente.
Algumas das cartas de Miguel III com Manuel I sobreviveram,[6] assim como seu discurso inaugural como hípato.[7] Outros documentos, incluindo correspondências com o papa Alexandre III, foram atribuídas a ele, embora sejam provavelmente textos apócrifos do século XIII.[8] Atribui-se também a Miguel III o patrocínio ao jovem Miguel Coniates, que compôs um encômio em sua homenagem e que ainda existe.[9]
Ver também
editarMiguel III de Constantinopla (1170 - 1178)
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Referências
- ↑ Magdalino, p. 301.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 964.
- ↑ Hussey, p. 155.
- ↑ A.A. Vasiliev, History of the Byzantine Empire (1952) chapter 7 in passim
- ↑ J.W. Birkenmeier, The Development of the Komnenian Army, 114
- ↑ P. Magdalino, The Empire of Manuel I Komnenos, p. 21.
- ↑ R. Browning, "A New Source on Byzantine-Hungarian Relations", Balkan Studies, 2 (1961), pp. 173-214
- ↑ Hussey, p. 173.
- ↑ P. Magdalino, p. 301.
Bibliografia
editar- «Οικουμενικό Πατριαρχείο» (em grego). Patriarcado de Constantinopla. Consultado em 19 de abril de 2013
- J.M. Hussey. The Orthodoox Church in the Byzantine Empire. Oxford: University Press, 1986.
- Kurtz, Johann Heinrich (1860). «Dogmatic Controversies, 12th and 14th Centuries». History of the Christian Church to the Reformation. [S.l.]: T. & T. Clark
- Paul Magdalino. The Empire of Manuel Komnenos. Cambridge: University Press, 1993.
- Kazhdan, Alexander, ed. (1991), Oxford Dictionary of Byzantium, ISBN 978-0-19-504652-6, Oxford University Press