Mosteiro de Santa Clara-a-Nova

antigo mosteiro em Coimbra, Portugal

O Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, também designado como Convento da Rainha Santa Isabel, localiza-se na freguesia de Santa Clara e Castelo Viegas na cidade, município e distrito de Coimbra, em Portugal.[1]

Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
Nomes alternativos Igreja da Rainha Santa Isabel, Convento de Santa Clara-a-Nova
Tipo
Estilo dominante Maneirista
Arquiteto Carlos Mardel (século XIV)
Engenheiro João Torriano
Início da construção século XIV
Proprietário inicial Ordem de Santa Clara (ou Ordem das Clarissas)
Função inicial Religiosa (mosteiro feminino)
Proprietário atual Confraria da Rainha Santa Isabel (zona Sul); Ministério da Defesa (zona Norte e Poente)
Função atual Religiosa (santuário)
Cultural (museu)
Website [1]
Património Nacional
Classificação  Monumento Nacional
Ano 2012
DGPC 70695
SIPA 2678
Geografia
País Portugal
Cidade Coimbra
Coordenadas 40° 12' 10" N 8° 26' O
claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova - Coimbra
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova: envolvente.
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova: estátua da rainha Santa Isabel.
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova: Igreja da Rainha Santa Isabel.
claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova

Foi erguido no século XVII em substituição ao antigo mosteiro medieval de Santa Clara-a-Velha, vítima das inundações periódicas do rio Mondego. Era um verdadeiro mosteiro de clausura franciscana e não um simples convento.

Constitui-se em um importante repositório de arte portuguesa dos séculos XIV a XVIII e guarda as relíquias da Rainha Santa Isabel, fundadora do mosteiro antigo.

O Mosteiro de Santa Clara-a-Nova encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910.[2]

História editar

O convento de Santa Clara de Coimbra foi fundado nos inícios do século XIV, à margem esquerda do rio Mondego. Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, esposa de Dinis de Portugal, foi a principal benfeitora da instituição nos seus inícios, tendo-o escolhido como lugar de seu sepultamento.

As constantes inundações de que era vítima o primitivo mosteiro levaram à decisão de construir um novo edifício para a comunidade de clarissas. Desse modo, as obras do novo convento começaram em 1649, com projeto de João Torriano, frade beneditino, engenheiro-mor do reino e professor de matemática da Universidade de Coimbra. Vários edifícios conventuais encontravam-se concluídos em 1677, quando se mudaram as últimas monjas. A igreja foi concluída e sagrada em 1696.

O grande claustro, construído pelo húngaro Carlos Mardel, foi custeado por João V de Portugal em 1733.

Com a morte da sua última freira, em 1891, extingue-se a antiga comunidade religiosa e a Confraria da Rainha Santa Isabel, graças aos esforços empreendidos pelo bispo D. Manuel Correia de Bastos Pina junto do Governo de Portugal, tornar-se-ia legítima proprietária dos espaços monásticos da igreja, claustro, cerca do corredor, casas do hospício e hospedaria do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, logo a partir de 1896. A parte Norte do Mosteiro, bem como as restantes cercas foram cedidas à Acção Missionária, que permitiu à Congregação de São José de Cluny que as utilizasse como colégio missionário, que aí funcionou até à implantação da República. Em 1910, a parte Norte foi atribuída ao Exército.

Em 1911, a pedido do Ministério da Guerra, a hospedaria e, mais tarde, os dois coros e os claustros, foram arrendados ao Exército Português, que devolveu tudo à Confraria em 2006.

Em 2016 o Estado pretende concessionar o edifício a privados com o compromisso de reabilitação, preservação e conservação por parte dos investidores.

O concurso para a concessão, em 2023, prevê uma área total de construção de cerca de 13 mil metros quadrados e um contrato de concessão de 50 anos para a requalificação e transformação do monumento num hotel de cinco estrelas e prevê uma renda mínima anual de quase 19 mil euros.[3]

Características editar

Na rica igreja em estilo maneirista, o lugar de honra cabe à urna de prata com óculos de cristal contendo o corpo incorrupto da Rainha Santa Isabel, instalado em 1696 e custeado pelo Bispo de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco. O túmulo original, de Mestre Pero, em uma única pedra, foi mandado fazer pela própria rainha; situa-se no coro baixo, onde painéis de madeira policromática narram a história da sua vida.

Reconversão do património arquitectónico editar

Relativamente perto do centro histórico de Coimbra e da sua universidade, o antigo mosteiro seiscentista, integrava celas para 80 religiosas, podendo o antigo dormitório das religiosas clarissas ser adaptado a residência universitária, com alojamento para estudantes universitários e até para alguns professores visitantes.

Ganharia a cidade de Coimbra se valorizasse e adaptasse o património arquitectónico e histórico, a funções que historicamente distinguem esta cidade.

Ver também editar

Bibliografia editar

  • PACHECO, Ana Ruela Ramos de Assis, 'Coimbra, 1649, mosteiro de Santa Clara-a-nova', in 'Construção de um mundo interior: arquitectura franciscana em Portugal, Índia e Brasil (séculos XVI-XVII)', (Tese de Doutoramento em Arquitectura, Universidade de Coimbra, 2013).pp.277-288.
  • PACHECO, Ana Assis, "Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Coimbra", Estudos de teoria e história da arquitectura, nº 9, 2021.

Referências

 
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Ligações externas editar