Nação Camba
O Movimento Nação Camba de Libertação (MNC-L), em castelhano Movimiento Nación Camba de Liberación, é uma organização que alegadamente busca maior autonomia para a região não andina da Bolívia, em especial, o departamento de Santa Cruz, maior região do país, porém que publicamente reivindica o separatismo dessa região e a criação de um novo país.
O movimento tem como tropa de choque a "União da Juventude Crucenhista", é formado basicamente por jovens das classes média e alta de Santa Cruz, que se identificam enquanto "brancos", tendo um caráter fortemente anti-indígena,[1] que classificado por analistas de esquerda como Emir Sader como "de inspiração nazista e fortemente racista".[2] Durante o auge da crise política de setembro a outubro de 2008 atacaram prédios públicos, instalações governamentais e pessoas que apoiavam o governo constitucional.
Crise política, terrorismo e o isolamento dos separatistas
editarO envolvimento de separatistas com traficantes de armas,[3] empresas militares privadas (mercenários) e supostos terroristas ajudou a isolar o movimento, que perdeu gradativamente apoiadores.
Após um atentado contra o cardeal primaz da Bolívia, Julio Terrazaso,[4] a polícia boliviana alegou ter destruído uma célula terrorista em Santa Cruz formada por mercenários estrangeiros[5] - alguns deles alegadamente com experiência na guerra civil da Iugoslávia.[6][7][8]
O episódio do ataque terrorista ao Gasoduto Brasil-Bolívia em setembro de 2008, também acelerou o processo de isolamento político dos separatistas.[9][10] O presidente da YPFB acusou, em entrevista coletiva no Palácio de Governo, grupos de "paramilitares, fascistas e terroristas", organizados por forças opositoras que geraram uma onda de protestos sociais no leste e sul do país, de serem responsáveis pelo atentado.[9]
Com o fim do governo Bush, ocorreu também o fim de qualquer apoio indireto ou informal da diplomacia americana, e o separatismo camba se arrefeceu no início de 2009.
Também foram decisivas as sucessivas declarações da UNASUL de apoio à manutenção da ordem, das institucionalidade, da soberania e da integridade territorial da Bolívia.[11]
Notas e referências
- ↑ «Panfleto sobre o Movimiento Nación Camba de Liberación». MNC-L. Arquivado do original em 10 de novembro de 2004
- ↑ SADER, Emir (29 de abril de 2008). «O racismo separatista». Carta Maior. Consultado em 10 de janeiro de 2019
- ↑ VALENTE, Leonardo (28 de abril de 2007). «Separatistas se armam na Bolívia em movimento que traz ameaças ao Brasil». O Globo. Cópia arquivada em 1 de maio de 2007
- ↑ «Juiz ordena detenção de acusados terrorismo na Bolívia, Terra Notícias, 18 de abril de 2009.» 🔗
- ↑ «Interpol oferece ajuda para investigar suposto plano contra Morales, Folha Online, 17 de abril de 2009.» 🔗
- ↑ «Bolívia diz que 2 supostos terroristas estão foragidos». Terra Notícias. 22 de abril de 2009
- ↑ «Testemunha liga oposição a mercenários na Bolívia, O Estado de S. Paulo» 🔗. 5 de maio de 2009
- ↑ «Vídeo confirmaria existência de plano para assassinar Evo Morales, Último Segundo. 26 de abril de 2009.» 🔗. Arquivado do original em 18 de janeiro de 2012
- ↑ a b «Atentado contra gasoduto na Bolívia reduz envio de gás ao Brasil». Abril.com. 10 de setembro de 2008. Cópia arquivada em 21 de fevereiro de 2014
- ↑ Carmo, Marcia (10 de setembro de 2008). «Explosão em gasoduto 'corta 10% do gás enviado ao Brasil'». www.bbc.com. BBCBrasil.com. Consultado em 10 de janeiro de 2019
- ↑ «Unasul apoia Morales e rejeita divisão territorial da Bolívia». Último Segundo. iG. 16 de setembro de 2008. Consultado em 10 de janeiro de 2019