Não Fossem as Sílabas do Sábado

livro de Mariana Salomão Carrara

Não Fossem as Sílabas do Sábado é um livro de ficção brasileiro, escrito por Mariana Salomão Carrara e lançado em 2022. Um ano após o lançamento, recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura. O tema central da obra é o luto[1] ou, como indicado em uma resenha, a conexão entre a morte e o acaso,[2] numa ficção de afetos.[3]

Não Fossem as Sílabas do Sábado
Autor Mariana Carrara
Gênero ficção
Data de publicação 2022
Editora Todavia
Premiações Prêmio São Paulo de Literatura
ISBN 978-65-5692-282-9

Sinopse editar

O livro narra o impacto de uma tragédia familiar. “Faz mais de nove anos que estou presa dentro daquela meia hora”, diz o livro sobre o acontecimento desencadeador da narrativa. O falecimento de dois homens aproxima as viúvas, antes sem vínculo, especialmente à medida que uma delas deve lidar com o crescimento da filha, nascida órfã.[4]

A personagem Ana, uma das viúvas, narra integralmente o romance, num enredo que intercala suas reflexões e acontecimentos na relação com sua filha, Catarina, e a outra viúva, Madalena. Na obra, a protagonista revela: "Era preciso tirar toda a poeira que eu tinha acumulada em mim, e quem sabe ainda encontrassem uma mulher, uma mãe".[4]

Contexto editar

A autora declarou que sua motivação inicial foi escrever sobre a amizade entre duas mulheres, com um interesse especial em características teatrais na sua relação, como gestos e interações. Carrara afirmou que pretendeu revelar como a amizade pode evoluir na criação de uma família.[5]

O título é uma referência ao instante, ao singelo momento, do acontecimento que culmina com a morte de André e Miguel, respectivamente os maridos de Ana e Madalena. Na obra, remete a: “o tempo que o Miguel levou para atingir o André é o tempo de uma criança dizer sábado, uma criança pequena em qualquer dos outros andares do prédio aprendendo a dizer que é sábado, fala mais alto e prolongado o primeiro á, demora-se, e então deixa cair a palavra no segundo a, depois estala no do. Sábado".[5]

Nascida em 1986, Carrara é autora, entre outros, de “Fadas e copos no canto da casa”, “Se Deus me Chamar Não Vou” (finalista do Jabuti 2020) e “É sempre a hora da nossa morte amém”.[6]

Estilo editar

Não Fossem as Sílabas do Sábado foi descrita como uma literatura " sensível, dolorosa e surpreendente dinâmica entre as duas mulheres", que identifica e reflete sobre as relações entre as viúvas, convivendo com o luto e a maternidade, experiências ao mesmo tempo solitárias e nesse caso compartilhadas. Foi dito que o fluxo textual às vezes remete a um "turbilhão de sentimentos", em que a autora "rompe com as barreiras dos pontos finais e das vírgulas", numa escrita fundamentalmente poética.[4] O estilo foi descrito como sendo ao mesmo tempo delicado e duro[2] e trágico e cômico.[7]

O livro é construído em capítulos curtos, de modo não linear, alternando memórias e fases do luto e da maternidade. Há um capítulo de apenas uma página.[4] O modo de escrita foi aproximado ao de Virginia Woolf.[7]

Foi dito que, por suas características, a obra estabelece uma identificação imediata com quem a lê, principalmente o público feminino.[2]

Prêmio editar

O livro foi reconhecido com o Prêmio São Paulo de Literatura, em 2023. Recebeu com esse reconhecimento R$ 200 mil.[1] Algumas das obras que disputaram o prêmio com a de Carrara foram: Tom vermelho do verde, de Frei Betto; João Maria Matilde, de Marcela Dantés; e A falta, de Xico Sá.[8]

Referências

  1. a b «Mariana Salomão Carrara e Alexandre Alliatti vencem a 16ª edição do Prêmio São Paulo de Literatura». Consultado em 6 de abril de 2024 
  2. a b c Martins, Maura (26 de agosto de 2022). «'Não fossem as sílabas do sábado': um retrato de duas mulheres entre o luto e o cuidado». Escotilha. Consultado em 6 de abril de 2024 
  3. Minas, Estado de (9 de dezembro de 2022). «'Não fossem as sílabas do sábado': ficção de afetos marcada pela tragédia». Estado de Minas. Consultado em 6 de abril de 2024 
  4. a b c d Braga, Carol (28 de novembro de 2023). «Mariana Salomão Carrara e o sensível "Não fossem as sílabas do sábado" ganha o Prêmio São Paulo de Literatura». Culturadoria. Consultado em 6 de abril de 2024 
  5. a b Minas, Estado de (9 de dezembro de 2023). «Mariana Salomão Carrara: as sílabas vencedoras do Prêmio São Paulo de Literatura». Estado de Minas. Consultado em 6 de abril de 2024 
  6. Jordão, Pedro N. «Mariana Salomão Carrara e Alexandre Alliatti vencem Prêmio São Paulo de Literatura 2023». CNN Brasil. Consultado em 6 de abril de 2024 
  7. a b «Livro 'Não Fossem as Sílabas do Sábado', de Mariana Salomão Carrara, aborda a renúncia e a doação que fazem parte da rotina de uma mãe solo». Vogue. 23 de setembro de 2022. Consultado em 6 de abril de 2024 
  8. «Prêmio São Paulo de Literatura 2023: Mariana Salomão Carrara e Alexandre Alliatti são os vencedores». Estadão. Consultado em 6 de abril de 2024