New Sincerity

musicalidade

New Sincerity (Nova Sinceridade, em inglês, intimamente relacionada e, às vezes, descrita como sinônimo de pós-pós-modernismo) é uma tendência na música, estética, ficção literária, crítica de cinema, poesia, crítica literária e filosofia. Ela geralmente descreve trabalhos criativos que expandem e rompem com os conceitos pós-modernos de ironia e cinismo, o que representa um retorno parcial ao modernismo. O seu uso remonta a meados dos anos 1980; no entanto, ele foi popularizado na década de 1990 pelo escritor norte-americano David Foster Wallace.[1]

Na música editar

""New Sincerity" foi usado como um nome coletivo para um grupo informal de bandas de rock alternativo, centradas em Austin, Texas nos anos de 1985 a 1990, que foram vistas como uma reação à visão irônica de movimentos musicais como o punk rock e new wave. O uso de "New Sincerity" em conexão com essas bandas começou com um comentário improvisado do roqueiro / escritor Jesse Sublett para sua amiga, a compositora de música local Margaret Moser. Segundo o autor Barry Shank, Sublett disse: "Todas aquelas novas bandas de sinceridade, elas são uma porcaria".[2] Sublett (em seu próprio site) afirma que ele foi mal interpretado, e realmente disse Moser: "É tudo nova sinceridade para mim ... Não é do meu gosto (not my cup of tea)"[3] Em qualquer caso, Moser começou a usar o termo impresso, e acabou se tornando o slogan para essas bandas.[2][4][5]

Nacionalmente, a banda de maior sucesso "New Sincerity" foi The Reivers (originalmente chamada de Zeitgeist), que lançou quatro álbuns bem recebidos entre 1985 e 1991. True Believers, liderados por Alejandro Escovedo e Jon Dee Graham, também receberam elogios locais em Austin, mas a banda teve dificuldade em captar seu som ao vivo nas gravações, entre outros problemas.[6] Outras importantes bandas da "New Sincerity" incluem Doctors Mob,[7][8] Wild Seeds,[9] and Glass Eye.[10] Outra figura significativa da "New Sincerity" foi o excêntrico e aclamado compositor Daniel Johnston.[2]

Apesar da extensa atenção da crítica (incluindo cobertura nacional na Rolling Stone e um episódio de 1985 do programa da MTV The Cutting Edge), nenhuma das bandas da "New Sincerity" teve muito sucesso comercial, e a "cena" terminou em poucos anos.[11]

Outros jornalistas musicais usaram o termo"new sincerity" para descrever artistas que vieram depois como Arcade Fire,[12] Conor Oberst,[13] Cat Power, Devendra Banhart, Joanna Newsom,[14] Neutral Milk Hotel,[15] Sufjan Stevens[16] Idlewild,[17] e Father John Misty,[18] assim como os artistas de Austin Okkervil River[19] Leatherbag,[20] e Michael Waller.[21]

Crítica de cinema editar

O crítico Jim Collins introduziu o conceito de "nova sinceridade" na crítica de cinema em seu ensaio de 1993 intitulado "“Genericity in the 90s: Eclectic Irony and the New Sincerity”.Nesse ensaio, ele contrasta filmes que tratam convenções de gênero com "ironia eclética" e aqueles que os tratam seriamente, com "nova sinceridade". Collins descreve

a 'nova sinceridade' de filmes como Campo dos Sonhos (1989), Dança com Lobos (1990), e Hook (1991), todos os quais não dependem da hibridação, mas de uma reescrita "etnográfica" do filme de gênero clássico que serve como sua inspiração, todos tentando, usando uma estratégia ou outra, recuperar uma "pureza" perdida, que aparentemente pré-existia mesmo na Era de Ouro do gênero cinematográfico.

Outros críticos sugeriram "new sincerity" como um termo descritivo da obra de cineastas americanos como Wes Anderson, Paul Thomas Anderson, Todd Louiso, Sofia Coppola, Charlie Kaufman, Zach Braff, e Jared Hess,[22] bem como de outros países como Michel Gondry, Lars von Trier, o movimento Dogme 95 , Aki Kaurismäki, e Pedro Almodóvar.[23] A "estética da new sincerity" também tem sido conectada a outras formas de arte como "reality shows, blogs de internet, literatura chicklit em forma de diário[e] vídeos pessoais no You-Tube. . . . "[23]

Ficção e crítica literária editar

Em resposta à hegemonia da ironia metaficcional e autoconsciente na ficção contemporânea, o escritor David Foster Wallace previu, em seu ensaio de 1993 ""E Unibus Pluram: Television and U.S. Fiction",[24] um novo movimento literário que iria defender algo do ethos da New Sincerity.

No ensaio de 2010"David Foster Wallace and the New Sincerity in American Fiction",Adam Kelly argumenta que a ficção de Wallace, e a de sua geração, é marcada por um reavivamento e uma reconcepção teórica de sinceridade, desafiando a ênfase na autenticidade que dominou a literatura do século XX e as concepções do eu.[25] Além disso, numerosos autores foram descritos como contribuintes para o movimento New Sincerity, incluindoJonathan Franzen, Zadie Smith, Dave Eggers,[26] Stephen Graham Jones,[27] e Michael Chabon.[28][29][30]

Referências

  1. «(New) Sincerity in David Foster Wallace's "Octet"». Critique: Studies in Contemporary Fiction. 56. ISSN 0011-1619. doi:10.1080/00111619.2014.899199 
  2. a b c Barry Shank, Dissonant Identities: The Rock'N'Roll Scene in Austin, Texas (Wesleyan University Press, 1994) (
  3. "Jesse's Music Bio" Arquivado em 22 de janeiro de 2010, no Wayback Machine. at Jesse Sublett's Little Black Book (retrieved September 18, 2009).
  4. Peter Blackstock, "'is it worth the admission....'" Arquivado em 2008-12-04 no Wayback Machine, No Depression blog post dated January 15, 2008.
  5. Regarding Jesse Sublett and his band, The Skunks, see Ken Lieck, "Young, Loud, and Cheap: The Skunks, the Band That Broke Austin Out of the Seventies", Austin Chronicle, December 8, 2000, and Jesse Sublett, Never the Same Again: A Rock 'N' Roll Gothic (Ten Speed Press, 2004),
  6. True Believers at Allmusic.
  7. Kent H. Benjamin, "Why Should Anyone Care Now?", Austin Chronicle Weekly Wire August 30, 1999.
  8. Doctors Mob at Allmusic.
  9. Wild Seeds at Allmusic.
  10. Glass Eye at Allmusic.
  11. Kristin Gorski, Almost Famous: The Austin Texas Soundtrack Circa 1985, Annabelle Magazine, No. 12 (2006).
  12. Huffington Post, "ultra-sincere indie artists from Arcade Fire" Huffington Post, May 16, 2013.
  13. The New York Times,"Mr. Sincerity tries a new trick" The New York Times, January 16, 2005.
  14. Jason Morris, “The Time Between Time: Messianism & the Promise of a “New Sincerity”, Jacket 35 (2008)
  15. Huffington Post, "many significant indie artists" Huffington Post, May 16, 2013.
  16. Huffington Post, " many significant indie artists" Huffington Post, May 16, 2013.
  17. Robert Christgau, "Vibrators", The Village Voice, March 27, 2001.
  18. Jude Russo, "The Joke Is On Us", The Washington Free Beacon, April 15, 2017.
  19. Kate X. Messer, "Okkervil River: The New Sincerity", Austin Chronicle, March 3, 2000.
  20. Austin Powell, "Texas Platters: deEP end", Austin Chronicle, March 13, 2009.
  21. «Boring Like A Drill. A Blog. » Michael Vincent Waller: The South Shore». www.cookylamoo.com 
  22. Brannon M. Hancock, "A Community of Characters – the Narrative Self in the Films of Wes Anderson" Arquivado em 2008-07-24 no Wayback Machine, The Journal of Religion and Film, vol. 9, no. 2 (October 2005), citing Mark Olsen, "If I Can Dream: The Everlasting Boyhoods of Wes Anderson", Film Comment, 35/1 (January/February 1999).
  23. a b Alexei Yurchak, "Post-Post-Communist Sincerity: Pioneers, Cosmonauts, and Other Soviet Heroes Born Today", in Thomas Lahusen and Peter H. Solomon, eds., What Is Soviet Now?: Identities, Legacies, Memories (LIT Verlag Berlin-Hamburg-Münster, 2008),
  24. David Foster Wallace, "E Unibus Pluram: Television and U.S. Fiction".
  25. Adam Kelly. "David Foster Wallace and the New Sincerity in American Fiction". Consider David Foster Wallace: Critical Essays. Ed. David Hering. Austin, TX: SSMG Press, 2010. 131-46.
  26. Jensen, Mikkel. 2014. "A Note on a Title: A Heartbreaking Work of Staggering Genius" in The Explicator, 72:2, 146–150. [1]
  27. «I Remember You: Postironic Belief and Settler Colonialism in Stephen Graham Jones's Ledfeather». Sail. 28 
  28. «Sincerity, Not Irony, Is Our Age's Ethos». The Atlantic (em inglês) 
  29. Hamilton, Caroline D. (21 de outubro de 2010). One Man Zeitgeist: Dave Eggers, Publishing and Publicity. [S.l.: s.n.] ISBN 9781441167491 
  30. Hoffmann, Lukas (2016). Postirony: The Nonfictional Literature of David Foster Wallace and Dave Eggers. [S.l.: s.n.] ISBN 978-3-8376-3661-1