Nina Teicholz
Nina Teicholz é uma jornalista cujos trabalhos contradizem o princípio nutricional convencional de que a gordura saturada não é saudável e que deve ser evitada na dieta americana.
Educação e infância editar
Nina Teicholz cresceu na cidade de North Berkeley, Califórnia nos Estados Unidos da América.[1]
Ela se formou em Estudos Americanos na Universidade de Stanford e completou seu mestrado em Estudos Latino-Americanos na Universidade de Oxford .[2][3]
Carreira editar
Teicholz trabalhou como repórter para a National Public Radio[4] e tornou-se freelancer, contribuindo para publicações como The New York Times, The Washington Post, Gourmet, The New Yorker, The Economist, Salon e Men's Health .[2]
Segundo Nina, seu interesse por dietas à base de gorduras surgiu enquanto fazia uma série de histórias que investigavam alimentos para a revista Gourmet, e então, foi contratada para escrever uma reportagem sobre gordura trans publicada em 2004.[5] Seu livro de 2014, The Big Fat Surprise: Why Butter, Meat and Cheese Belong in a Healthy Diet, traça a história das diretrizes nutricionais dos Estados Unidos; no livro, ela discute a ciência por trás das diretrizes e a influência do lobby da indústria sobre elas, e também questiona a ênfase em evitar a gordura saturada. Ela aconselha os leitores a "comerem manteiga; beberem e alimentar toda a família com leite integral. Abasteça-se de queijos cremosos, vísceras e salsichas e, sim, bacon ".[6][7] O livro entrou na lista dos mais vendidos do The New York Times naquele ano,[8] e foi considerado um dos 10 melhores livros de não ficção de 2014 pelo The Wall Street Journal[9] e um dos melhores livros de ciência do ano pelo The Economist .[10] O livro recebeu críticas de nutricionistas incluindo Marion Nestlé .[11][12]
Teicholz escreveu um artigo de opinião com temas semelhantes no The Wall Street Journal em outubro de 2014. Este artigo chamou a atenção do criador do fundo de cobertura (hedge funds) John Arnold, que a recrutou para se juntar aos esforços financiados por sua Fundação Laura and John Arnold para combater a obesidade, nomeadamente através da Nutrition Science Initiative, que faz pesquisas, a Action Now Initiative, um grupo de lobby, e a Nutrition Coalition, que visa melhorar as diretrizes nutricionais.[13]
Em fevereiro de 2015, o US Dietary Guidelines Advisory Committee (DGAC) divulgou seu relatório, escrito para fornecer uma base para o Dietary Guidelines for Americans de 2015, e o New York Times publicou um artigo de opinião de Teicholz criticando o comitê e seu trabalho. ☃☃ A Arnold Foundation financiou outros trabalhos de Teicholz no relatório DGAC, que foi publicado no British Medical Journal (BMJ) em setembro de 2015.[13][14] Nesse artigo, Teicholz continuou os temas de seu livro e de seu artigo de fevereiro, e escreveu que a DGAC mostrou preconceito contra gordura e carne e não usou todas as evidências disponíveis, e que os membros tinham conflitos de interesse não revelados.[11][15] O BMJ divulgou um preprint do artigo com um comunicado à imprensa, e as alegações de Teicholz foram amplamente cobertas pela mídia.[16][17]
As alegações de Teicholz foram duramente criticadas pela DGAC, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, o Centro de Ciência no Interesse Público e outros, incluindo uma petição assinada por 180 cientistas, e eles pediram ao BMJ que retirasse o artigo ou corrigisse os problemas.[11][13][15][18][19] O BMJ emitiu uma correção em outubro de 2015 e outra em dezembro de 2016, esta última com a declaração de que após uma revisão independente do paper, havia decidido não retirá-lo.[20][21][22][23]
Enquanto isso, a Arnold Foundation vinha pressionando por audiências no Congresso sobre o relatório da DGAC e tentou bloquear o lançamento das Diretrizes Nuticionais para Americanos de 2015; seu grupo de lobby organizou reuniões para Teicholz com membros do Congresso e funcionários da Casa Branca.[11][13] Teicholz e a Fundação foram criticados na época por serem aliados das indústrias de carnes e laticínios em seu lobby e outros esforços de relações públicas para manter altos níveis de consumo de carne e laticínios pelos consumidores americanos.[24][25]
A defesa de Teicholz foi criticada por Marion Nestlé por fazer fortes afirmações sobre os benefícios de uma dieta com baixo teor de carboidratos e alto em gorduras que vão além do que a ciência pode apoiar;[11] Nestlé escreveu sobre a defesa de Teicholz: "Faz pouco para promover a saúde do público fazer com que a ciência da nutrição pareça mais controversa do que realmente é."[26]
Teicholz é uma defensora do consumo de carne bovina . A líder da indústria de carne bovina, Amanda Radke, escreveu no Beef Daily que "Os melhores defensores da carne bovina de hoje usam uma variedade de artifícios[...] , como Nina Teicholz ou Gary Taubes, que se voltam contra os conselhos convencionais de saúde para promover dietas ricas em gorduras e proteínas animais".[27]
Em 2017, Salim Yusuf afirmou que Teicholz "sacudiu o mundo da nutrição, mas ela acertou",[28] uma declaração pela qual ele foi imediatamente e amplamente criticado, como havia sido por declarações anteriores fora da corrente principal da ciência da nutrição.[29]
Trabalhos selecionados editar
- Billings, J.; Teicholz, N. (1 de novembro de 1990). «Uninsured patients in District of Columbia hospitals». Health Affairs. 9: 158–165. doi:10.1377/hlthaff.9.4.158
- «Nina Teicholz Reports On The Avon Ladies Of The Amazon.». NPR (em inglês). 20 de junho de 1996
- Teicholz, Nina (22 de outubro de 1998). «Library/Web Sites for Women; Offerings That Include Both Fluff and Finance». The New York Times
- Teicholz, Nina (29 de março de 1999). «Talk of the Town: Table Talk». The New Yorker (em inglês)
- Teicholz, Nina (17 de julho de 2000). «When drugs take a holiday». Salon
- Teicholz, Nina (junho de 2004). «Heart Breaker». Gourmet Magazine (em inglês)
- Teicholz, Nina (16 de abril de 2006). «Op-Ed: Nuggets of Death». The New York Times
- Teicholz, Nina (10 de outubro de 2007). «What if Bad Fat is Actually Good for You?». Men's Health (em inglês)
- Teicholz, Nina (2014). The big fat surprise: why butter, meat, and cheese belong in a healthy diet. Simon & Schuster First hardcover ed. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1451624427 Teicholz, Nina (2014). The big fat surprise: why butter, meat, and cheese belong in a healthy diet. Simon & Schuster First hardcover ed. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1451624427 Teicholz, Nina (2014). The big fat surprise: why butter, meat, and cheese belong in a healthy diet. Simon & Schuster First hardcover ed. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1451624427
- Teicholz, Nina (2 de junho de 2014). «How Americans Got Red Meat Wrong». The Atlantic
- Teicholz, Nina (28 de outubro de 2014). «Op-Ed: The Last Anti-Fat Crusaders». Wall Street Journal
- Teicholz, Nina (20 de fevereiro de 2015). «Op-Ed: The Government's Bad Diet Advice». The New York Times
- Teicholz, Nina (23 de julho de 2017). «Op-ed: Don't believe the American Heart Assn. — butter, steak and coconut oil aren't likely to kill you». Los Angeles Times
Referências
- ↑ Duggan, Tara (11 de janeiro de 2017). «Fat finds favor on U.S. tables again». San Francisco Chronicle
- ↑ a b Nina Teicholz in Contemporary Authors Online. Gale, 2015. Accessed 18 Feb. 2018.
- ↑ «Journalist Nina Teicholz: In the world of nutrition, a bulldozer for truth». Diet Doctor. Consultado em 10 de junho de 2018
- ↑ Glastris, Kukula (4 de janeiro de 2015). «Meat Puppets». Washington Monthly
- ↑ Ward, Tricia; Teicholz, Nina (9 de fevereiro de 2015). «An Interview With The Big Fat Surprise Author Nina Teicholz». Medscape
- ↑ Kolbert, Elizabeth (20 de julho de 2014). «Stone Soup». The New Yorker (em inglês)
- ↑ «The case for eating steak and cream». The Economist (em inglês). 31 de maio de 2014
- ↑ «Food and Diet Books - Best Sellers». New York Times (em inglês). 8 de junho de 2014
- ↑ Russell, Anna; Thompson, Stuart A. (12 de dezembro de 2014). «Best Books of 2014: A Compilation». The Wall Street Journal (em inglês)
- ↑ «Books of the Year: Page turners». The Economist (em inglês). 4 de dezembro de 2014
- ↑ a b c d e Nestle, Marion (28 de setembro de 2015). «Never a dull moment: the BMJ's attack on the Dietary Guidelines Advisory Committee report». Food Politics
- ↑ Labos, Christopher (2 de março de 2015). «Listen to the doctor: Too much fat is still bad for you». CBC News (em inglês)
- ↑ a b c d Purdy, Chase; Bottemiller Evich, Helena (7 de outubro de 2015). «The money behind the fight over healthy eating». Politico
- ↑ Teicholz, N (23 de setembro de 2015). «The scientific report guiding the US dietary guidelines: is it scientific?». BMJ (Clinical Research Ed.). 351: h4962. PMID 26400973. doi:10.1136/bmj.h4962
- ↑ a b Duhaime-Ross, Arielle (23 de setembro de 2015). «Medical journal's bogus investigation could derail better dietary guidelines». The Verge Follow up: Duhaime-Ross, Arielle (28 de setembro de 2015). «Medical journal will 'clarify' its bogus investigation of US food committee». The Verge
- ↑ Apple, Sam (14 de outubro de 2015). «What the Government's Dietary Guidelines May Get Wrong». The New Yorker (em inglês)
- ↑ Sifferlin, Alexandra (23 de setembro de 2015). «Here's What's Wrong With the U.S. Dietary Guidelines». Time (em inglês)
- ↑ Wilde, Parke (26 de setembro de 2015). «British Medical Journal (BMJ) gives low-carb journalist Nina Teicholz an outlet to blast the Dietary Guidelines Advisory Committee (DGAC)». U.S. Food Policy
- ↑ Apple, Sam (22 de janeiro de 2017). «John Arnold Made a Fortune at Enron. Now He's Declared War on Bad Science». Wired
- ↑ «BMJ won't retract controversial dietary guidelines article, says author | Retraction Watch». Retraction Watch. 23 de setembro de 2016
- ↑ «Corrections: The scientific report guiding the US dietary guidelines: is it scientific?». BMJ. 351: h5686. 23 de outubro de 2015. PMID 26500345. doi:10.1136/bmj.h5686
- ↑ «Corrections: The scientific report guiding the US dietary guidelines: is it scientific?». BMJ. 355: i6061. 2 de dezembro de 2016. PMID 27913380. doi:10.1136/bmj.i6061
- ↑ «Press release: Independent experts find no grounds for retraction of The BMJ article on dietary guidelines» (PDF). BMJ. 2 de dezembro de 2016
- ↑ Shanker, Deena. «The Political Clout of the Meat Industry». The Atlantic
- ↑ Picard, Joe (20 de outubro de 2015). «Coalition is full of baloney on nutrition guidelines». TheHill (em inglês)
- ↑ Nestle, Marion (23 de fevereiro de 2015). «Dietary guidelines shouldn't be this controversial». Food Politics
- ↑ Radke A (2 de dezembro de 2018). «Cowboy Ninja & Beef Checkoff create rancher fitness program». Informa. Beef Daily
- ↑ «Top Cardiologist Blasts Nutrition Guidelines» (em inglês). 27 de fevereiro de 2017. Consultado em 22 de maio de 2018
- ↑ Phend, Crystal (2 de março de 2017). «Fat Wars: Diet Docs Have Salim Yusuf in the Cross Hairs». MedPage Today (em inglês)
Ligações externas editar
- Sítio oficial
- Entrevista em podcast em STEM-Talk, episódio 52. publicado em 5 de dezembro de 2017