O Planeta Privilegiado

O Planeta Privilegiado: Como o Nosso Lugar no Cosmos é Concebido para a Descoberta é um livro de 2004, pelo cientista e astrônomo, autor de 88[1] artigos científicos em astronomia, Dr. Guillermo Gonzalez e Jay Richards, em que os autores alegam evidências científicas para que o planeta Terra tenha sido objeto muito trabalhado e arquitetado por um design inteligente. Gonzalez sofreu injustiças na sua universidade como relata o paleontólogo Ricardo Marques[2] e juntamente com Richards hoje estão associados com o Discovery Institute, identificado com o movimento de design inteligente; Gonzalez funciona como um membro sênior do Instituto Discovery do Centro para a Ciência e a Cultura.

Recepção editar

Este livro provou ser altamente controverso na comunidade científica. Inclusive um cientista chamado David Copedge[3][4][5] que trabalhava a 14 anos na NASA foi mandado embora por defender suas ideias.[6]

Avaliações positivas

Owen Gingerich, astrônomo e historiador da ciência, analisa o livro explicando: "Este livro pensativo e deliciosamente contraditório irritará aqueles que acreditam que o 'princípio copernicano' é um componente filosófico essencial da ciência moderna. O nosso universo é projetado de acordo com a vida inteligente e observadora? Os defensores apaixonados da busca por inteligência extraterrestre (SETI) encontrarão muito a ponderar nesta análise cuidadosamente documentada".[7][8]

Philip Skell revisou o livro escrevendo "Neste livro fascinante e altamente original, Guillermo Gonzalez e Jay Richards apresentam um argumento persuasivo e reúnem uma riqueza de diversas evidências científicas para justificar esse argumento. No processo, eles efetivamente desafiam várias suposições populares, não apenas sobre a natureza e a história da ciência, mas também sobre a natureza e a origem do cosmos. O planeta privilegiado será impossível de ignorar. É provável que mude a maneira como vemos o empreendimento científico e o mundo ao nosso redor. Eu o recomendo altamente".[8]

Críticas negativas:

William H. Jefferys, um astrônomo, revisou o livro escrevendo "o pouco que há de novo neste livro não é interessante, e o que é antigo é apenas criacionismo antiquado em um traje astronômico novo e de aparência moderna".[9]

Victor J. Stenger, um físico e filósofo, revisou o livro explicando que ele não apenas "ignora" o livro Rare Earth de 2000 (escrito pelo paleontólogo Peter Ward, Guillermo Gonzalez e o astrônomo Donald E. Brownlee), mas vai contra "o consenso dos astrobiólogos na adoção da posição da Terra Rara. "[10] que defendem aspectos caóticos acidentais aleatórios da formação da Terra que trás inumeráveis ajustes fisicamente equilibrados e interações com a ecologia e a célula.

Consenso Científico editar

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, um dos maiores astrônomos do Brasil, autor de 98 livros e centenas de artigos sobre astronomia, em entrevista a revista “Sinais”, respondeu a pergunta : ” Há evidências, no Universo, de uma inteligência superior?

"Não há dúvida de que há alguma coisa que organiza tudo e dá permissão. É aquela ideia que se tem da anti-entropia. A gente diz que quando as coisas vão se organizando a tendência é o desaparecimento. E acontece alguma coisa que vai se organizando, e a evolução se torna maior. Então há uma evidência lógica de que algo está organizando tudo isso. Alguns dizem que seria Deus; para outros, uma energia. Tenho a impressão de que cada religião cria a sua visão. Mas, sem dúvida nenhuma, existe algo que determina a vida e que rege o Universo. Aquele caos inicial se transforma em alguma coisa e, lá dentro, existe a ação de algum ente superior organizando aquilo"

Sir Isaac Newton em “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural.”, no Livro III “Do Sistema do Mundo”, 1687 declara sobre o Criador:

“Os seis planetas primários são revolucionados em torno do sol em círculos concêntricos ao sol, com movimentos dirigidos em direção às mesmas partes e quase no mesmo plano. Dez luas são revolucionadas em torno da Terra, Júpiter e Saturno, em círculos concêntricos a eles, com a mesma direção de movimento e quase nos planos das órbitas desses planetas; mas não se deve conceber que simples causas mecânicas poderiam dar origem a tantos movimentos regulares, desde que os cometas erram por todas as partes dos céus em órbitas bastante excêntricas; pois por essa espécie de movimento eles passam facilmente pelas órbitas dos planetas e com grande rapidez; e em seus apogeus, onde eles se movem com o mínimo de velocidade e são detidos o máximo de tempo, eles recuam às distâncias máximas entre si e sofrem, portanto, a perturbação mínima de suas atrações mútuas. Este magnífico sistema do sol, planetas e cometas poderia somente proceder do conselho e domínio de um Ser inteligente e poderoso. E, se as estrelas fixas são os centros de outros sistemas similares, estes, sendo formados pelo mesmo conselho sábio, devem estar sujeitos ao domínio de Alguém; especialmente visto que a luz das estrelas fixas é da mesma natureza que a luz do sol e que a luz passa de cada sistema para todos os outros sistemas: e para que os outros sistemas das estrelas fixas não caiam, devido a sua gravidade, uns sobre os outros, Ele colocou esses sistemas a imensas distâncias entre si”. Esse Ser governa todas as coisas, não com a alma do mundo, mas como senhor de tudo; e por causa de seu domínio costuma-se chamá-lo Senhor Deus Pantokrátor, ou Soberano Universal, pois Deus é uma palavra relativa e tem uma referência a servidores; e deidade é o domínio de Deus não sobre o próprio corpo, como imaginam aqueles que supõem Deus ser a alma do mundo, mas sobre os serventes. O Deus Supremo é um Ser eterno, infinito, absolutamente perfeito; mas um ser, mesmo que perfeito, sem domínio, não pode dizer-se ser Senhor Deus; pois dizemos, meus Deus, seu Deus, o Deus de Israel, o Deus dos Deuses, e Senhor dos Senhores; mas não dizemos, meu eterno, seu Eterno, o Eterno de Israel, o Eterno dos Deuses; não dizemos, meu Infinito ou meu Perfeito; estes são títulos que não têm referência aos servidores. A palavra Deus comumente significa Senhor; mas nem todo senhor é um Deus. É o domínio de um ser espiritual que constitui um Deus: um domínio verdadeiro, supremo ou imaginário. E de seu domínio verdadeiro segue-se que o Deus verdadeiro é um ser vivente, inteligente e poderoso; e, de suas outras perfeições, que ele é supremo ou o mais perfeito. Ele é eterno e infinito, onipotente e onisciente; isto é, sua duração se estende da eternidade à eternidade; sua presença do infinito ao infinito; Ele governa todas as coisas e conhece todas as coisas que são ou podem ser feitas. Ele não é eternidade e infinitude, mas eterno e infinito; Ele não é duração ou espaço, mas Ele dura e está presente. Ele dura para sempre, e está presente em todos os lugares, Ele constitui a duração e o espaço. Desde que toda partícula de espaço está sempre, e todo momento indivisível de duração está em todos os lugares, certamente o Criador e Senhor de todas as coisas não pode ser nunca e estar em nenhum lugar.”

Cesar Lattes , destacado físico brasileiro reconhecido mundialmente , que segundo a revista "Super Interessante" deveria ter ganhado o Nobel[11] declarou:

"– No princípio, Deus criou os céus e a terra.

– Os céus e a terra, está bem? E depois criou as águas. Continue lendo...

– A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. [...]

– Está bom? Então você queria saber sobre a origem do Universo? Está aqui a origem do Universo. Você conhece, já ouviu falar desse livro?"

Filme editar

O livro serviu de base para um filme de mesmo nome. O Instituto doou US$ 16 000 para a Smithsonian Institution, que de acordo com a política, deve permitir um evento especial em suas instalações. O Instituto optou por exibir o filme no Museu Nacional de História Natural de Washington, DC O Smithsonian retirou seu co-patrocínio, afirmando: "Determinamos que o conteúdo do filme não é consistente com a missão de pesquisa científica do Smithsonian Institution." Eles permitiram que o filme fosse exibido, mas recusaram o pagamento.[12]

Charles G. Lambdin revisou o filme, concluindo que, embora a vida em planetas possa ser remota, há muitos planetas e "Usando as próprias chances de habitabilidade de Gonzalez e Richard, isso sugere que pode haver um bilhão de planetas habitáveis devido apenas ao acaso".[13] Ele também argumentou que a afirmação do filme, de que o fato de podermos fazer ciência, sugere que o universo foi projetado para que possamos entendê-lo, não é diferente da velha piada de que o nariz deve ter sido projetado para que possamos usar óculos".

O filme está listado no IMDB.com como sendo distribuído e produzido pela Illustra Media e Randolph Productions.

Controvérsia de posse editar

O Instituto alegou que o livro está "no centro dos ataques ao astrônomo Guillermo Gonzalez da Universidade Estadual de Iowa" e desempenhou um papel em sua negação de mandato e que levou 124 dos colegas do corpo docente de Gonzalez a assinar uma petição em 2005 denunciando o design inteligente e exortando todos os outros membros do corpo docente a fazerem o mesmo.[14][15] A declaração não mencionou Guillermo Gonzalez ou seu envolvimento com o movimento criacionista, e membros do corpo docente, incluindo Hector Avalos, negaram que a declaração fosse dirigida a Guillermo Gonzalez.

Ligações externas editar

Referências

  1. «Scopus preview - González, Guillermo - Author details - Scopus». www.scopus.com. Consultado em 30 de abril de 2021 
  2. Marques, Ricardo (15 de outubro de 2020). «Ideologia Naturalista e Intolerância ao Design». TDI Brasil. Consultado em 30 de abril de 2021 
  3. Aechtner, Thomas (2 de outubro de 2014). «Darwin-Skeptic Mass Media: Examining Persuasion in the Evolution Wars». Journal of Media and Religion (4): 187–207. ISSN 1534-8423. doi:10.1080/15348423.2014.971559. Consultado em 30 de abril de 2021 
  4. «Secular Scientists Dumbfounded by Saturn's Young Rings». www.icr.org (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  5. «Youthful Solar System Bodies Puzzle Evolutionary Scientists». www.icr.org (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  6. «David Coppedge». Free Science (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  7. «Archived copy». Consultado em 7 de junho de 2013. Cópia arquivada em 4 de junho de 2013 
  8. a b «The Privileged Planet». web.archive.org. 4 de junho de 2013. Consultado em 24 de junho de 2022 
  9. «Review of The Privileged Planet». National Center for Science Education. Julho de 2005. Consultado em 18 de outubro de 2006 
  10. «The Privileged Planet (Skeptical Briefs September 2005)». web.archive.org. 6 de dezembro de 2008. Consultado em 24 de junho de 2022 
  11. «César Lattes, o brasileiro cuja descoberta foi premiada com Nobel – Jornal do Campus». Consultado em 30 de abril de 2021 
  12. Stenger, Victor (setembro de 2005). «Reality Check: The Privileged Planet». Skeptical Briefs. Consultado em 18 de abril de 2009. Cópia arquivada em 6 de dezembro de 2008 
  13. «Creationism by Any Other Name». Skeptic (U.S. magazine). 9 de janeiro de 2006. Consultado em 18 de abril de 2009 
  14. The Spiritual Brain, p. 25
  15. «Archived copy». Consultado em 9 de dezembro de 2011. Cópia arquivada em 21 de julho de 2012