Odette Hallowes

(Redirecionado de Odette Brailly)

Odette Sansom Hallowes GC, MBE (28 de abril de 1912 – 13 de março de 1995[1]), também conhecida como Odette Sansom e como Odette Churchill, foi uma oficial de inteligência dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Suas façanhas bélicas e a resistência de um interrogatório brutal, que foram narrados nos livros e num filme, fez dela uma das mais célebres membros da Executiva de Operações Especiais (SOE), organização britânica de espionagem e de sabotagem, e uma das poucas sobreviventes da prisão nazista. Foi a primeira mulher a receber a Cruz de Jorge e a ser indicada como Chevalier da Ordem Nacional da Legião de Honra.

Odette Hallowes
Odette Hallowes
Odette Sansom em 1946
Nome completo Odette Marie Céline Brailly
Nascimento 28 de abril de 1912
Amiens, França
Morte 13 de março de 1995 (82 anos)
Walton-on-Thames, Surrey, Inglaterra
Nacionalidade francesa
Cônjuge Roy Sansom (1931–46)
Peter Churchill (1947–56)
Geoffrey Hallowes (1956–95)
Período de atividade 1942–1945

Primeiros anos editar

Nasceu Odette Marie Céline Brailly, em Amiens, na França, filha do gerente bancário, Gaston Brailly, que foi morto em Verdun pouco antes do Armistício de 1918, e recebeu postumamente a Cruz de Guerra e a Medalha Militar pelo heroísmo.[2] Odette tinha um irmão. Quando criança, ela contraiu doenças graves, uma das quais a cegou por três anos e meio, do mesmo modo que a poliomielite a deixou acamada durante meses. Conheceu o inglês Roy Sansom em Bolonha, com quem se casou em 1931, e, juntos, passaram a morar na Inglaterra. O casal teve três filhos: Françoise, Lily e Marianne. Roy Sansom entrou para o exército no começo da Segunda Guerra Mundial, e Odette Samson e os filhos se mudaram para Somerset, com propósito de se manterem seguros.[3][4]

À serviço durante a Segunda Guerra Mundial editar

Após cinco tentativas - incluindo um acidente de aviação -, Lise conseguiu desembarcar em Cannes, França, ocupada pelas forças nazis, a 31 de outubro de 1942.

Apresentou-se ao seu oficial superior, o capitão Peter Churchill (cujo nome de código era Raoul), e começa então a responder com bastante êxito às missões que lhe vão sendo atribuídas pelo SOE. Pelo caminho, Peter e Odette apaixonam-se. Terá sido esse romance que fez com que outro agente os entregasse às forças do Eixo.

Em 1943 são detidos e enviados para uma prisão em Paris, e Lise é entregue à Gestapo. Interrogaram-na - e torturaram-na - 14 vezes. Mesmo quando lhe arrancaram as unhas, respondeu sempre a todas as questões da mesma forma: “Não tenho nada a dizer”.

Em julho de 1944 é enviada para Ravensbrück, um campo de concentração feminino localizado a cerca de 90 quilómetros de Berlim. Aqui sobreviveu a um verdadeiro inferno: deixavam-na semanas sem comer, num bunker com o aquecimento central ligado no máximo. Noutras ocasiões deixavam-na gelar até à hipotermia. Contraiu escorbuto e tuberculose e foi deixada completamente no escuro durante três meses e 11 dias. Ficou quase completamente careca, com a pele coberta de chagas, os gânglios inchados como toranjas. Quando o seu corpo estava prestes a ceder, reanimavam-na com injeções. Aguentou o martírio sem entregar o nome de nenhum agente.

Quando as forças dos Aliados entram na Alemanha, a 3 de maio de 1945, o diretor do campo de Ravensbrück, Fritz Suhren, resolve tentar escapar e usar Lise, pelas suas conexões com a família Churchill, como salvo-conduto. Quando a entrega aos militares norte-americanos, a espia ordena imediatamente a sua prisão. O comandante acabará enforcado por crimes de guerra. De volta ao Reino Unido, Odette e Peter acabam por se casar em 1947. O amor que também a fez superar o cárcere não teve um final feliz: divorciaram-se em 1956.

Em 1946, Lise - já como Odette Sansom - foi agraciada com a George Cross por se ter recusado a trair os seus colegas sob tortura. Aceitou a condecoração - apenas uma de muitas - em nome dos camaradas que não tinham sobrevivido. Independentemente do sexo, tornou-se o agente do SOE mais condecorado da história da II Guerra Mundial.

Depois da guerra, a espia tornou-se uma heroína nacional ao ponto de, na década de 50, a sua história ter sido contada num filme que fez sucesso em Inglaterra e nos EUA. Apesar disso, fugiu sempre da fama. Morreu em 1995, aos 82 anos.

Veja também editar

Referências

  1. M.R.D. Foot (17 de março de 1995). «OBITUÁRIO: Odette Hallowes» (em inglês). The Independent. Consultado em 13 de maio de 2017 
  2. Starns, p. 14
  3. «Odette Sansom – Special Operations Executive (SOE) Agents in France». nigelperrin.com. Consultado em 30 de maio de 2016 
  4. Escott, Beryl E. (2012). The heroines of SOE : F section : Britain's secret women in France. Stroud: History. pp. 64–69. ISBN 978-0752487298. Consultado em 30 de maio de 2016 
  5. Retter, Emily (7 de março de 2015). «Woman spy's lost story of how she watched people shot at her feet in Nazi camp». Mirror Online. Consultado em 13 de maio de 2017