Quelândio

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Quelândio[1] (em grego: χελάνδιον; romaniz.:Chelándion; plural: chelandia; em latim: chelandium) era um tipo de galé de guerra, variante do drómon, que também funcionava como transporte de carga.

História editar

O termo quelândio deriva da palavra grega kelēs ("cavalo de guerra") e apareceu pela primeira vez no início do século VIII.[2] No latim medieval utilizado na Europa ocidental da época, foi traduzido como chelandium ou scelandrium (escelândrio; e, daí, o nome do transporte do século XII sandano [sandanum]), enquanto que os árabes o traduziram como shalandī (plural shalandiyyāt) e o utilizaram para os navios de mesmo tipo em suas próprias marinhas.[3]

Em comum com as características do drómon, o quelândio era uma galé birreme, ou seja, com duas fileiras de remadores que providenciavam o meio de propulsão, embora ele também carregasse uma ou duas velas latinas, e era comandado por dois lemes na popa. Ele também podia ser equipado com sifões para atirar o famigerado fogo grego, a arma secreta incendiária dos bizantinos

O termo quelândio é geralmente utilizado de forma intercambiável com drómon nas fontes literárias medievais, o que provoca uma grande confusão sobre a natureza exata deste tipo de navio e suas diferenças em relação ao drómon. Parece, porém, que o tipo tenha se originado como "transporte de cavalos" (hippagōgon), o que, por sua vez, implica algumas diferenças na construção em relação ao drómon padrão: no mínimo, a presença de um compartimento especial ao longo do comprimento do navio a meia-nau para acomodar uma fileira de cavalos, o que aumentaria sua boca e a profundidade da área de carga.[4]

Variações editar

No século X, quelândios formavam o grosso da marinha bizantina, com dois tipos principais: o quelândio ousíaco (em grego: χελάνδιον οὑσιακόν; romaniz.:chelandion ousiakon) ou simplesmente ousíaco (ousiakon/ousiakos; plural: ousiakoi), assim chamados por serem tripulados por uma ousia de 108 homens, e o quelândio pânfilo (em grego: χελάνδιον πάμφυλον; romaniz.:chelandion pamphylon), ou simplesmente pânfilo (pamphylos/pamphylon; plural: pamphyloi), tripulado por 120-160 homens, sendo que o nome implica ou uma origem na região de Panfília como nau de transporte ou por ter uma tripulação de "marinheiros selecionados" (do grego πᾶν + φῦλον - "de todas as tribos").[5]

Referências

  1. «Drómon e Quelândio». Consultado em 16 de fevereiro de 2015 
  2. Pryor 2006, p. 166–169.
  3. Pryor 2006, p. xlvi–xlvii, 168–169, 190.
  4. Pryor 2006, p. 166–169, 188–192, 322–325, 449.
  5. Pryor & Jeffreys 2006, p. 189–192, 372.

Bibliografia editar

  • Pryor, John H.; Jeffreys, Elizabeth M. (2006). The Age of the ΔΡΟΜΩΝ: The Byzantine Navy ca. 500–1204. Leida, Holanda e Boston, Massachusetts: Brill Academic Publishers. ISBN 978-90-04-15197-0