Manuel Bernardes

religioso e escritor português
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Manuel Bernardes (Lisboa, 20 de agosto de 1644Lisboa, 17 de agosto de 1710) foi um presbítero da Congregação do Oratório de S. Filipe de Nery, em cuja tranquilidade claustral se recolheu até o fim de seus dias.[1] Seus escritos caracterizam-se pela pureza da linguagem e pelo profundo misticismo. É um dos maiores clássicos da prosa portuguesa.

Manuel Bernardes
Manuel Bernardes
Nascimento 20 de agosto de 1644
Lisboa, Portugal
Morte 17 de agosto de 1710
Lisboa, Portugal
Nacionalidade português
Ocupação padre e escritor
Magnum opus Luz e Calor 1696

Biografia

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Manuel Bernardes Nasceu em Lisboa e foi educado pelos jesuítas. Formou-se na Universidade de Coimbra em Filosofia, Teologia e Direito Canónico; ordenou-se depois sacerdote. Entrou no seminário, onde se tornou tão popular que João de Melo, bispo de Viseu, nomeou-o confessor.

Em 1674, desejando isolar-se, ingressou na Congregação do Oratório de S. Filipe Nery, fundada em Itália e organizada em Portugal, em 1668, pelo Padre Bartolomeu de Quental, o convento do Espírito Santo, em Lisboa, onde viveu durante 36 anos, dedicando-se às propostas e composições de suas obras, através das quais tentou exercer uma acção moralizadora, usando a crítica de costumes e apelando para a emoção ao invés do desenvolvimento intelectual da doutrina. Pode-se observar em seus escritos um espírito crédulo e pacífico, capaz de transmitir a espiritualidade da vida contemplativa em um estilo literário simples e elegante, em pleno período barroco.

 
Gravura a buril de Hieronimus Rossi, 1710

É notável a sua erudição teológica, condição fundamental para o trabalho de apologética religiosa em que culminava a meditação quotidiana dos mistérios da fé. No seu fervor místico, condenou a dissolução dos costumes e a inconsistência dos homens entregues aos prazeres e diversões, e esquecidos da verdadeira felicidade. Foram publicados postumamente dois volumes de Sermões e Práticas (1711 e 1733).

Escreveu numerosas obras de espiritualidade cristã, dentre as quais Luz e Calor (1696), Nova Floresta (5 Volumes, 1710, 1708, 1711, 1726, e 1728), Pão Partido em Pequeninos (1694), Exercícios Espirituais (1686), Os Últimos Fins do Homem (1726), Armas da Castidade (1737), Sermões e Práticas (2 Volumes, 1711), e Estímulo Prático para bem seguir o bem e fugir o mal (1730).[1]

O livro de maior interesse e de maior divulgação foi a Nova Floresta, em que as matérias se apresentam por ordem alfabética: abstinência, alegria, alma, amizade. Na demonstração entra sempre um facto, um conto, uma história, um apólogo, para mostrar o erro pelas consequências funestas. Tudo se funda na Escritura e nos Doutores da Igreja.

O seu mérito reside sobretudo na arte da narrativa. As palavras fluem com a limpidez e pureza que jorra da serenidade da alma, na cadência, adequada dos vocábulos, na variedade das ideias e sua expressão, numa prosa ritmada que só esporadicamente surge alterada pelo choque do trocadilho. Não obstante certo influxo do latim, no uso de hipérbatos ou da construção sintáctica, o estilo não perde a clareza nem sofre colisões na escolha deleitosa do termo para expressão da ideia.[2]

Referências

  1. a b Moisés, Massaud. A Língua Portuguesa através dos textos, São Paulo, Editora Cultrix, 1ª Edição- 1968, pág.152
  2. Manuel dos Santos Alves (1977). Sinopse da literatura portuguesa, pág. 93.

Ligações externas

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