Palmito (artesanato)

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Em artesanato, palmito (português europeu) ou palma barroca (português brasileiro) é um ramo ou arranjo de flores produzido artesanalmente, inicialmente utilizando folhas de palmeiras mas também produzido com papel, pano ou lâminas de metal dobradas e armadas com finos arames. São usados como ornamento, geralmente em edifícios ou eventos religiosos. A versão artesanal tem origem em Viana do Castelo, na Região do Minho.

Mulher carrega palmito artesanal durante romaria em Viana do Castelo, em Portugal.

Origem editar

A tradição e os nomes ("palmas" e "palmitos") derivam das folhas de palmeiras, que tradicionalmente são usadas para produzir arranjos semelhantes na região do Minho e também na Madeira,[1] principalmente para eventos no domingo de Ramos.[2][3]

Uma das hipóteses da criação dos palmitos artesanais a de um sapateiro de Viana do Castelo que, sem dinheiro para comprar flores para a esposa, utilizou restos do couro que utilizava em seu ofício para preparar um arranjo floral artesanal.[4]

A época da criação é desconhecida, mas sabe-se que a técnica foi levada por portugueses a Sabará no Século XVIII.[5]

Usos editar

Os palmitos são tradicionalmente confeccionados em algumas regiões de Portugal em preparação às procissões do domingo de Ramos.[1]

Palmitos também eram tradicionalmente colocados nas mãos de crianças ou moças virgens, quando mortas, para simbolizar a inocência da pessoa falecida.[6]

Variantes regionais editar

Ponte de Lima editar

O palmito limiano é uma peça de artesanato característico da região de Ponte de Lima, tendo sido tema da feira de artesanato do município em 2010.[7][8] Sua produção é fomentada pela Associação de Artesãos de Ponte de Lima.[9]

É feito com uma base de papel metalizado com uma cobertura em tecido regional de Ponte de Lima, e a montagem é feita com arame fino sendo todo o processo artesanal.[10]

 
Palma barroca produzida em Sabará utilizando lâminas de metal.

Sabará editar

A técnica artesanal foi levada por portugueses de Viana do Castelo a Sabará, em Minas Gerais, em período de intensa produção de arquitetura religiosa barroca, pelo que os arranjos ficaram conhecidos como palmas barrocas.[5]

Na cidade, a técnica foi repassada através das gerações e, no ano de 1980, foi reconhecida e registrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Museu do Ouro. No local a técnica passou a se utilizar de finas lâminas de metal, principalmente cobre e latão, podendo ser banhadas a ouro.[11]

Em 2012, a técnica foi reconhecida pela Secretaria Municipal de Cultura de Sabará como patrimônio cultural imaterial da cidade.[11]

Referências

  1. a b Gonçalves, Luisa. «Domingo de Ramos marca início da Semana Santa e mantém tradição dos Palmitos | Jornal da Madeira». Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  2. «Significado de palmito no Dicionário Estraviz». estraviz.org. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  3. Ferreira, Alexandre (11 de abril de 2019). «Palmitos e ramos de palma, uma tradição que sobrevive nas mãos de três artesãs». Altominho.tv. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  4. Aldeia, Cidália (4 de novembro de 2015). «Palmitos nasceram de uma história de amor». Jornal C - O Caminhense. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  5. a b Minas, Estado de; Minas, Estado de (25 de julho de 2012). «Arte barroca está prestes a ser imortalizada em Minas». Estado de Minas. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  6. S.A, Priberam Informática. «palmito». Dicionário Priberam. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  7. «Palmito limiano». Câmara Municipal de Ponte de Lima. cm-pontedelima.pt. Consultado em 24 de dezembro de 2022 
  8. «Ponte de Lima comemora Dia do Artesão». PPorto.pt. pportodosmuseus.pt. 28 de maio de 2014. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  9. Câmara Municipal de Ponte de Lima (21 de outubro de 2010). «A ASSOCIAÇÃO DE ARTESÃOS DE PONTE DE LIMA P.L. ARTE INAUGUROU A SUA NOVA SEDE». Sítio Oficial da Câmara Municipal de Ponte de Lima. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  10. Diego da Conceição Campelo (23 de dezembro de 2017). «II Feira da Caça, Pesca e Lazer de Ponte de Lima». SILO Inc. Consultado em 1 de janeiro de 2023 
  11. a b «Artesol». Artesol. Consultado em 3 de janeiro de 2023