Paradoxo do hedonismo

O paradoxo do hedonismo, também conhecido como o paradoxo do prazer, é a ideia segundo a qual o prazer e a felicidade não podem ser obtidos diretamente, apenas indiretamente.

Vários autores afirmaram, cada um a seu modo, que fracassamos na obtenção do prazer e da felicidade quando os procuramos deliberadamente. Para os hedonistas, a busca constante por prazer pode não levar ao prazer ou a felicidade real, seja a longo ou curto prazo, pois o processo consciente de buscar prazer interfere na possibilidade de experiência prazerosa em si.[1] O filósofo utilitarista Henry Sidgwick foi o primeiro a observar em The Methods of Ethics que o paradoxo do hedonismo é que o prazer não pode ser adquirido diretamente. Variações sobre este tema aparecem nos domínios da filosofia, psicologia e economia.

Visão geral editar

Costuma-se dizer que falhamos em obter prazeres se os procuramos deliberadamente. Isso foi descrito de várias maneiras, por muitos:

" ... entretanto eu não concluirei a partir disto que a busca pelo prazer seja necessariamente autodestrutiva e fútil; mas apenas que o princípio do Hedonismo Egoísta, quando aplicado com o devido conhecimento das leis da natureza humana, é, na prática, autolimitador; ou seja, que um método racional de atingir o seu objetivo requer que, em certa medida, o coloquemos fora de vista e não apontemos diretamente a ele."[2]
"Mas eu então pensei que esse fim [a felicidade] só poderia ser atingido se não fosse colocado como o fim direto. Só são felizes (pensei) aqueles que têm suas mentes focadas em outro objeto que não a sua própria felicidade. [...] Mirando assim em outra coisa, acabam encontrando a felicidade pelo caminho [...] Pergunte a si mesmo se é feliz e deixará de sê-lo."[3]

A felicidade não pode ser perseguida; deve ocorrer, e só o faz como efeito colateral não intencional da dedicação pessoal de alguém a uma causa maior do que ele mesmo ou como subproduto de sua rendição a uma pessoa diferente de si mesmo.[4]

Quanto mais um homem tenta demonstrar sua potência sexual ou uma mulher sua capacidade de experimentar o orgasmo, menos eles conseguem. O prazer é, e deve permanecer, um efeito colateral ou subproduto, e é destruído e estragado na medida em que se torna um objetivo em si mesmo.[4]

O que é bom? Tudo o que aumenta o sentimento de poder no homem, a vontade de poder, o próprio poder.

O que é ruim? Tudo o que nasce da fraqueza.

O que é felicidade? A sensação de que o poder aumenta - de que uma resistência é superada.[carece de fontes?]

[...] é significativamente esclarecedor substituir a 'felicidade' individual (pela qual todo ser vivo deve lutar) poder [...] alegria é apenas um sintoma do sentimento de poder alcançado [...] (não se busca a alegria [...] a alegria acompanha; a alegria não move)

  • O psicólogo Alfred Adler em The Neurotic Constitution (1912):

A "vontade de poder" de Nietzsche abrange muitas de nossas visões, que novamente se assemelham em alguns aspectos às visões de Féré e dos escritores mais antigos, segundo os quais a sensação de prazer se origina em um sentimento de poder, o de dor em um sentimento de fraqueza.

"A maioria das pessoas persegue o prazer com tanto afã que o acaba deixando rapidamente para trás."[5]
"A felicidade é como um gato, se tentar persuadi-lo a vir até você, ele o evitará; nunca virá. Mas se não prestar atenção nele e se ocupar da sua vida, encontra-lo-á a se esfregar em suas pernas e a pular em seu colo."
"Felicidade se acha é só em horinhas de descuido..."[6]
"Como um ruído de chocalhos

Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,

Seriam alegres e contentes."[7]
"Quando a gente tá contente

Nem pensar que está contente
Nem pensar que está contente a gente quer
Nem pensar a gente quer, a gente quer

A gente quer, a gente quer é viver."
  • A escritora Ivana Arruda Leite, em seu conto "Rondó".[8]

Referências

  1. «Sophist Society · Paradox of Hedonism». web.archive.org. 8 de maio de 2017. Consultado em 4 de fevereiro de 2023 
  2. Henry Sidgwick. The Methods of Ethics. BookSurge Publishing (1 Mar 2001) (p. 3).
  3. John Stuart Mill, Autobiography in The Harvard Classics, Vol. 25, Charles Eliot Norton, ed. (New York: P. F. Collier & Son Company, 1909 (p. 94).
  4. a b Frankl, Viktor (1946). Em Busca de Sentido. [S.l.: s.n.] 
  5. Søren Kierkegaard. Ou isso, ou aquilo: um fragmento de vida. Diapsalmata.
  6. Rosa, Guimarães. Tutaméia – Terceiras Estórias (8.a ed.). Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2001, p. 60.
  7. Pessoa, Fernando, Poesia Completa de Alberto Caeiro, Companhia das Letras, 2005, p. 16.
  8. Arruda Leite, Ivana, Rondó, in Vianna, Lúcia Helena e Guidin, Márcia Lígia, org., Contos de Escritoras Brasileiras, Martins Fontes, 2003, pp. 145-148.

Ver também editar