Peça de artilharia
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Uma peça de artilharia ou simplesmente peça é um tipo de boca de fogo destinada ao disparo de projéteis em tiro tenso. Distingue-se dos obuses e morteiros em virtude destes se destinarem a disparar projéteis em tiro curvo.
Hoje em dia, o termo "peça de artilharia" é ocasionalmente usado como designação genérica de todos os tipos de bocas de fogo. O termo é também usado frequentemente como sinónimo de "canhão", quer com um significado restrito de boca de fogo de tiro tenso, quer com um significado lato de qualquer boca de fogo.
História
editarNa artilharia medieval e renascentista, existiam diversos tipos de peças de artilharia, cada qual dispondo de uma designação própria. A diferenciação entre os tipos baseava-se em diversas características, como as dimensões da peça e o peso das munições que disparava.
Durante o século XVI, as peças eram normalmente designadas por nomes de animais reais ou imaginários (ex.: leão, camelo, dragão, águia, falcão, pelicano, serpe, escorpião, basilisco, áspide, esmerilhão e sacre) ou pelos efeitos produzidos (ex.: espalhafato, passa-muro, roqueira e berço). Estas designações derivavam frequentemente da fantasia dos fabricantes.
No século XVII, aparece a divisão das peças em três grandes gamas: as colubrinas, os canhões e os pedreiros. As colubrinas caracterizavam-se por serem peças compridas, de longo alcance. Dentro desta gama incluiam-se, entre outras, as colubrinas legítimas, as columbrinas bastardas, as meias columbrinas e os sacres. Os canhões constituiam peças mais curtas que as colubrinas e destinavam-se sobretudo a derrubar muralhas. A gama dos canhões incluía os canhões legítimos, os meios canhões, os terços de canhão, os quartos de canhão e os oitavos de canhão. Tanto as colubrinas como os canhões disparavam projéteis de ferro maciço (pelouros). A terceira gama de peças era a dos pedreiros, que se caracterizavam por disparar pelouros de pedra, a uma distância mais curta que os canhões.
O sistema de classificação por designações diversas era bastante confuso, sobretudo por não existirem normas de classificação bem definidas. Efetivamente, muitas vezes era aplicada a mesma designação a peças com diferentes características ou - pelo contrário - eram dadas designações diferentes a peças de artilharia idênticas.
Assim, na transição do século XVII para o século XVIII, o sistema de classificação da artilharia foi simplificado, abandonando-se as diversas designações para as peças. As peças passaram a ser designadas pela função (campanha, sítio, praça e costa, além das navais) e dentro desta, pelo calibre.
Ao mesmo tempo, o termo "canhão" - que antes servia apenas para designar um dos tipos de peça - passou a ser usado para designar genericamente todas as peças de artilharia. Os termos "peça" e "canhão" tornaram-se assim praticamente sinónimos.
Características de algumas peças de artilharia renascentistas
editarDesignação da peça | Calibre (mm) | Peso da peça | Peso da munição (libras) |
Peso da munição (kg) |
---|---|---|---|---|
Canhão | 178 mm | 3175 kg | 47 lb | 21,3 kg |
Meio canhão | 152 mm | 2722 kg | 27 lb | 12,3 kg |
Colubrina | 127 mm | 1814 kg | 15 lb | 6,8 kg |
Meia colubrina | 114 mm | 1633 kg | 9 lb | 4,1 kg |
Sacre | 89 mm | 1134 kg | 5¼ lb | 2,4 kg |
Falconete | 51 mm | 95 kg | 1¼ lb | 0,6 kg |
Referências
Bibliografia
editar- FREITAS, Jorge Penim de, Artilharia (1) – uma pequena introdução, Guerra da Restauração, 2008
- AMADOR, Pedro, Armas de Artilharia na Guerra Peninsular, Lisboa: Revista de Artilharia, outubro de 2010
- MONTEIRO, Paulo, A Artilharia em arqueologia subaquática, The Nautical archaeology of the Azores, Nautical Archaeology Program, Texas A&M University, 2003