Pera de Satanas é o nome por que ficaram célebres os selos falsos de 25 reis da emissão de D. Luís (frente) fabricados por Alfredo Alves Mendes, o pera de Satanás. São os únicos falsos postais portugueses que deram problemas tanto aos correios, como às nossas autoridades policiais de então.

História editar

Quando as emissões de relevo, impressas por um processo sofisticado e muito difícil de falsificar, mas de custo elevado de produção, foram abandonadas por razões económicas, passou-se quase exclusivamente, à impressão tipográfica dos selos postais: em 1876 saiu o primeiro selo tipografado português, de 2,5 reis, e em 1880 saiu a primeira emissão base estampada, D. Luís, de perfil. Poupava-se assim em custos, mas aumentava-se substancialmente o risco de imitações causadoras de potenciais graves prejuízos para os cofres públicos.

Foi o que veio a acontecer no ano de 1886, pela mão de Alfredo Alves Mendes. Com ajuda de um empregado da Casa da Moeda que conhecera na prisão, consegue os cunhos usados para a impressão dos selos currentes da emissão de D. Luís, de frente. Começou assim a produzir os selos de 25 réis desta emissão.

Os selos eram vendidos a firmas e as estabelecimentos a um preço inferior ao facial, usando como desculpa que haviam sido recebidos como meio de pagamento de uma pessoa em África, e que havia necessidade de os liquidar o mais rapidamente possível. O estratagema parece ter resultado, pois logo começaram a aparecer nos Correios cartas franquiadas com estes selos.

Neste entretanto deu-se pela falta de cunhos roubados na Casa da Moeda. Alertados os Correios, o seu Director-Geral, Guilhermino Augusto de Barros, apresentou o caso à polícia. Quando foi preso, foram encontrados 139.000 selos prontos a usar, isto para além dos que já estavam em circulação.

Diferenças em relação aos originais editar

Os selos falsos são fáceis de distinguir dos verdadeiros devido às diferenças de qualidade das imagens e do denteado, que pode nalguns casos ter sido feito com uma máquina de costura.