Os Kets (em russo: Кеты; ket: денг) são um povo siberiano que fala a língua ket. No Império Russo, eram chamados ostiaques, sem diferenciá-los doutros povos siberianos. Depois foram chamados ostiaques do Ienissei, porque viviam na bacia baixa e média do Rio Ienissei no Krai de Krasnoiarsk na Rússia.[3] Os kets modernos viviam na margem leste do rio antes de serem submetidos à Rússia entre os séculos XVII e XIX. De acordo com o censo de 2010, havia 1220 kets na Rússia.[1]

Kets
остыган
Mulheres e crianças kets (1914)
População total

c. 1250

Regiões com população significativa
 Rússia 1 220 (2010) [1]
 Ucrânia 40 (2001) [2]
Línguas
Ket e russo
Religiões

Igreja Ortodoxa Russa Animismo

Xamanismo

História editar

Acha-se que os kets são os únicos sobreviventes dum antigo povo nómada que teria vagado pela Sibéria central e meridional. Na década de 1960 o povo yugh foi reconhecido como grupo singular mas muito relacionado. Os kets de hoje são descendentes das tribos de pescadores e caçadores da taiga do Ienissei, os quais adoptaram algumas das características das tribos que originariamente povoavam a Sibéria meridional. Estas primeiras tribos caçavam, pescavam e comiam veado nas zonas mais a Norte.[1]

Os ket foram anexados à Rússia no século XVII. Os seus esforços para resistir foram desmanchados quando os russos os deportaram a diferentes lugares para destruir a sua resistência. Isto também destruiu o seu sistema social extremamente organizado patriarcal e a sua forma de vida desfeita. Alguns morreram de fome, outros de doenças trazidas da Europa. No século XIX os kets já não podiam sobreviver sem comida fornecida pelo estado russo.[4]

No século XX, os soviéticos forçaram a colectivização dos kets. Foram oficialmente reconhecidos como kets na década de 1930 quando a União Soviética começou a implementar a política de autodeterminação em relação aos povos indígenas. Porém, as tradições kets continuaram a ser suprimidas e a iniciativa grupal foi desencorajada. A colectivização foi completada pela década de 1950 e a língua e o estilo de vida russo foi implementado dentre os kets.[carece de fontes?]

A população ket tem estado bastante estável desde 1923. De acordo com o censo e 2002, haviam 1.494 kets na Rússia. Isto compara-se com os 1.200 que havia no censo de 1970. Hoje em dia os kets vivem em pequenas aldeias junto às margens dos rios e já não são nómadas.[carece de fontes?]

Cultura editar

O xamanismo era uma práctica viva na década de 1930, mas na década de 1960 quase já não era possível encontrar xamães autênticos. O xamanismo não é um conjunto homogéneo de creenças. O xamanismo dos kets partilhava características com o dos povos mongólicos e turcomanos.[5] Além disso, havia vários tipos de xamães ket,[6][7] diferindo na função (ritos sagrados, curação), poder e animais associados (veado, urso).[7] Também, entre os kets (como em muitos outros povos siberianos como os Karagas[8][9][10] há evidência do uso de esqueletos simbólicos.[5] Hoppál interpreta isto como símbolo do ressurgimento xamânico,[11] embora também possa simbolizar os ossos da mobelha (o animal ajudante do chamã, ligando o mundo aéreo e o aquático, tal como a história do xamã que viajou ao céu e ao mundo marino).[12] A figura de esqueleto representa o ressurgir xamânico também entre outras culturas siberianas.[13]

De acordo com Leonid Kyzlasov, os kets eram mencionados pelos historiadores chineses como gente siberiana de olhos azuais e cabelo claro, mas Kyzlasov não menciona de que fontes chinesas ele estava a falar.[14] O historiador linguístico Edward Vajda diz que algumas análises de ADN têm mostrado ligação genética com os tibetanos, os bramás, entre outros.[15]

Referências

  1. a b c Vajda, Edward G. «The Ket and Other Yeniseian Peoples». Consultado em 29 de junho de 2007. Arquivado do original em 6 de abril de 2019 
  2. Ukrcensus.gov.ua[ligação inativa]
  3. «Ket: Bibliographical guide». Institute of Linguistics (Russian Academy of Sciences) & Kazuto Matsumura (Univ. of Tokyo). Consultado em 20 de outubro de 2006 
  4. «THE KETS». The Peoples of the Red Book. Consultado em 5 de agosto de 2006 
  5. a b Hoppál 2005: 172
  6. Alekseyenko 1978
  7. a b Hoppál 2005: 171
  8. Diószegi 1960: 128, 188, 243
  9. Diószegi 1960: 130
  10. Hoppál 1994: 75
  11. Hoppál 1994: 65
  12. Hoppál 2005: 198
  13. Hoppál 2005: 199
  14. Leonid Kyzlasov. Tashtyk Era (Таштыкская эпоха). Moscow, 1953. Page 13.
  15. [1]

Bibliografia editar

  • Alekseyenko, E. A. (1978). «Categories of Ket Shamans». In: Diószegi, Vilmos; Hoppál, Mihály. Shamanism in Siberia. Budapest: Akadémiai Kiadó 
  • Diószegi, Vilmos (1960). Sámánok nyomában Szibéria földjén. Egy néprajzi kutatóút története (em Hungarian). Budapest: Magvető Könyvkiadó  The book has been translated to English: Diószegi, Vilmos (1968). Tracing shamans in Siberia. The story of an ethnographical research expedition. Translated from Hungarian by Anita Rajkay Babó. Oosterhout: Anthropological Publications 
  • Hoppál, Mihály (1994). Sámánok, lelkek és jelképek (em Hungarian). Budapest: Helikon Kiadó. ISBN 963-208-298-2  The title means “Shamans, souls and symbols”.
  • Hoppál, Mihály (2005). Sámánok Eurázsiában (em Hungarian). Budapest: Akadémiai Kiadó. ISBN 963-05-8295-3  The title means “Shamans in Eurasia”, the book is written in Hungarian, but it is published also in German, Estonian and Finnish. Site of publisher with short description on the book (in Hungarian)
  • Ivanov, Vyacheslav; Vladimir Toporov (1973). «Towards the Description of Ket Semiotic Systems». The Hague • Prague • New York: Mouton. Semiotica. IX (4): 318–346 
  • Ivanov, Vjacseszlav (=Vyacheslav) (1984). «Nyelvek és mitológiák». Nyelv, mítosz, kultúra (em Hungarian). Collected, appendix, editorial afterword by Hoppál, Mihály. Budapest: Gondolat. ISBN 963-281-186-0  The title means: “Language, myth, culture”, the editorial afterword means: “Languages and mythologies”.
  • Ivanov, Vjacseszlav (=Vyacheslav) (1984). «Obi-ugor és ket folklórkapcsolatok». Nyelv, mítosz, kultúra (em Hungarian). Collected, appendix, editorial afterword by Hoppál, Mihály. Budapest: Gondolat. pp. 215–233. ISBN 963-281-186-0  The title means: “Language, myth, culture”, the chapter means: “Obi-Ugric and Ket folklore contacts”.
  • Middendorff, A. Th., von (1987). Reis Taimхrile. Tallinn: [s.n.] 
  • Paulson, Ivar (1975). «A világkép és a természet az észak-szibériai népek vallásában». In: Gulya, János. A vízimadarak népe. Tanulmányok a finnugor rokon népek élete és műveltsége köréből (em Hungarian). Budapest: Európa Könyvkiadó. pp. 283–298. ISBN 963-07-0414-5  Chapter means: “The world view and the nature in the religion of the North-Siberian peoples”; title means: “The people of water fowls. Studies on lifes and cultures of the Finno-Ugric relative peoples”.
  • Zolotarjov, A.M. (1980). «Társadalomszervezet és dualisztikus teremtésmítoszok Szibériában». In: Hoppál, Mihály. A Tejút fiai. Tanulmányok a finnugor népek hitvilágáról (em Hungarian). Budapest: Európa Könyvkiadó. pp. 29–58. ISBN 963-07-2187-2  Chapter means: “Social structure and dualistic creation myths in Siberia”; title means: “The sons of Milky Way. Studies on the belief systems of Finno-Ugric peoples”.
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