Quo Vadis (no original polonês: "Quo Vadis: Powieść z czasów Nerona") é um romance do escritor polaco Henryk Sienkiewicz (1846-1916), ambientado na Roma Imperial, à época de Nero, e que tem por tema a perseguição que se abateu sobre os cristãos, após o Grande Incêndio de Roma.
O livro foi publicado, originalmente, em 1895.

Quo Vadis: Powieść z czasów Nerona
Quo vadis? : narrativa histórica dos tempos de Nero [PT]
Quo Vadis (livro)
Frontispício da primeira edição do livro, nos Estados Unidos.
Autor(es) Henryk Sienkiewicz
Idioma língua polaca
País  Polónia
Lançamento 1895
Edição portuguesa
Tradução Lemos de Nápoles
Editora Tavares Cardoso & Irmão
Lançamento 1900
Páginas 736

Origem da expressão

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A expressão "Quo vadis, Domine? "(Aonde vais, Senhor?) provém de uma tradição cristã, registrada em livros apócrifos, segundo a qual Jesus apareceu a Pedro, que deixava Roma para escapar à perseguição de Nero e, quando indagado pelo apóstolo: "Aonde vais, Senhor?", respondeu-lhe: "Já que abandonas o meu povo, vou a Roma para ser crucificado, outra vez ".

O livro

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A trama principal do romance centra-se na história de amor entre Vinícius e Lígia (aliás, Calina), duas pessoas que pertencem a mundos diferentes. O romance entre os dois exerce forte influência sobre o desenvolvimento da ação, com momentos marcantes como a tentativa de seqüestro de Lígia e sua salvação milagrosa no confronto de Ursus com o touro, no circo. A vitória do homem contra o animal na arena imprime um final feliz à história — bem ao agrado da maioria dos leitores — porque, nesse momento, o povo afasta-se de Nero e coloca-se a favor dos cristãos.

 
Nero e o incêndio de Roma. Ilustração: M. Lipman, 1897.

O Nero de Sienkiewicz é uma caricatura, deliberadamente ridícula, do personagem histórico. Ele é descrito como um tirano que, além de se comprazer com a crueldade, imagina-se um grande poeta e cantor [1], chegando ao cúmulo de incendiar Roma para obter inspiração semelhante a de Homero ao retratar o incêndio de Troia.

Figura-chave na obra é Petrônio, patrício romano e conselheiro de Nero, homem de bom gosto e elegância, incluído no romance como um símbolo da cultura clássica. Sua morte (suicídio nos braços da amada) é bem emblemática, tendo em vista a doutrina epicurista que ele cultiva.

Quanto ao personagem mais degradante do romance, Chilonides Chilo - cuja ambição o leva a trair até aqueles que lhe ofereceram a mão em momentos difíceis — sua conversão, à hora da morte, proclama o cristianismo como esperança de salvação, ao alcance até dos mais vis, desde que se arrependam e abracem a crença no Cristo, redentor da Humanidade.

Personagens do romance

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Personagens históricos

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  • Nero: imperador romano. Além de descrevê-lo como um déspota sanguinário, o romance busca ridicularizar sua pretensão de ser um grande artista (músico e poeta), bajulado por sua corte de áulicos. Teria mandado incendiar Roma apenas para inspirar-se e compor um poema épico.
  • Petrônio: patricio romano, poeta, epicurista e esteta, membro da corte de Nero, onde era tido como "árbitro da elegância", por seus gostos e conduta refinados. Na obra, ele é tio de Marco Vinício.
  • Tigelino: comandante (praefectus) da Guarda Pretoriana. Serviu a Nero e a Galba, mas suicidou-se quando Otão tornou-se imperador. No romance, é cúmplice das crueldades de Nero.
  • Aulo Pláucio: comandou as forças romanas na conquista da Britania, à época do imperador Cláudio. No romance, é o pai adotivo de Lígia e, por ser cristão, torna-se uma das vítimas de Nero, após o Grande incêndio de Roma.
  • Pompônia Grecina: esposa do general Aulo Pláucio. No livro, é a mãe adotiva de Lígia.
  • Popeia Sabina: tornou-se a segunda esposa de Nero, após se divorciar de Otão (futuro imperador). É referida de modo contraditório pelos escritores antigos (Flávio Josefo a elogia e diz que ela era simpática ao judaísmo). Foi morta por Nero que, em instante de cólera, chutou-lhe o ventre, quando estava grávida. No romance, é mostrada como uma mulher cruel, que planeja a morte espetacular de Lígia, à vista de Vinício, e acaba sendo estrangulada pelo marido-imperador.
  • Acte: antiga amante de Nero, teria sido a grande paixão do imperador, que só não a desposou por veto da mãe, Agripina. Suetônio diz que ela foi um dos poucos que se manteve fiel a Nero e custeou seus funerais. Na obra, ela ajuda o imperador a suicidar-se.
  • Sêneca: filósofo romano, estoico, foi preceptor de Nero. Acusado de participar da Conspiração de Pisão, suicidou-se.
  • Lucano: poeta romano, autor de "Farsália". Era sobrinho de Sêneca e suicidou-se junto com seu tio.
  • Pedro, apóstolo cristão. O romance reforça a tradição segundo a qual ele teria sido crucificado, de cabeça para baixo, na colina do Vaticano.
  • Paulo, o grande edificador do Cristianismo. A tradição sustenta que teria sido executado em Roma, nesse tempo.

Personagens fictícios

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  • Ligia: Seu nome nativo era Calina. Natural da Lígia, vivia em Roma com refém do Estado, confiada à guarda da família do general Pláucio. Educada pelos país adotivos dentro do cristianismo, enamora-se de Vinício, mas recusa-se a tornar-se sua amante. Sua conduta promove uma grande transformação no jovem patrício, levando-o à conversão.
  • Marco Vinício: patrício romano, comandante militar. Apaixona-se por Lígia e, por amor a ela, converte-se ao Cristianismo.
  • Ursus («Urbano», após ser batizado): fiel servidor da mãe de Ligia, a quem promete, em seu leito de morte, proteger e defender a filha. Possui força física descomunal, porém é uma pessoa simplória e ingênua.
  • Glaucus: médico cristão de ascendência grega. Sua mulher e filhos são vendidos como escravos por Chilón Chilonides. Por ser cristão, ele perdoa seu algoz.
  • Eunice: escrava e amante de Petrônio que, por vontade própria, suicida-se junto com ele.
  • Chilón Chilonides: filósofo grego ambicioso e desprovido de escrúpulos. Entre os cristãos apresenta-se como um deles, mas delata-os a Nero, em troca de dinheiro.

Quo Vadis no Cinema

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Adaptações cinematográficas do romance de Sienkiewicz:

Referências

  1. Na verdade, o imperador possuía, realmente, dotes artísticos, compondo canções que eram cantadas por todo o Império, e que ele próprio passou a interpretar em público, a partir de 64, na cidade de Nápoles.
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