O bruxismo ou briquismo[1] (do grego βρυγμός [brýkhmós], "ranger os dentes", pronúncia brucsismo) é um hábito parafuncional que leva o paciente a ranger os dentes de forma rítmica durante o sono ou, menos prejudicialmente, durante o dia.[2] É observada em pacientes de todas as idades e geralmente está relacionada ao alto nível de estresse. Ocorre em cerca de 15% das pessoas. Pode causar desgastes nos dentes e agir como um dos fatores causais das dores de cabeça e distúrbios da articulação temporomandibular.

Desgaste da estrutura dental decorrente de Bruxismo

Ranger os dentes à noite e apertá-los durante o dia formam um problema progressivo que o paciente frequentemente não nota e só é percebido se prestar atenção na própria tensão muscular ou se o rangido noturno é escutado por outros, normalmente parentes próximos como pais, irmãos e esposos. O diagnóstico geralmente é feito depois de surgirem algumas complicações como desgastes nos dentes, dores na musculatura mastigatória, estalidos nas articulações, perdas ósseas na mandíbula e maxilar, travamento das articulações temporomandibulares etc.

Etiologia editar

O bruxismo é uma atividade parafunção de etiologia multifatorial. Dawson, em 1980, atribuía o bruxismo exclusivamente a fatores oclusais, considerando as interferências oclusais como fator desencadeante; hoje, entretanto, há relatos de ser imperativo considerar significativa a influência do estresse.

Os estudos mais atuais, sugerem que os fatores Maloclusão + Estresse (Fatores Psicológicos), isoladamente ou em conjunto, são os desencadeadores da parafunção, associados diretamente aos limiares individuais, que levam duas pessoas a responderem de forma distinta, quando submetidas a um mesmo estímulo (OKENSON, apud DEKON e cols 2003), e até uma mesma pessoa a responder de forma diferente ao mesmo estímulo em momentos diferentes de sua vida (apud STRESS, apud DEKON e cols 2003).

Sinais e sintomas editar

O bruxismo pode provocar conseqüências desastrosas ao Sistema Estomatognático(SE), além de poder levar o paciente a desenvolver vícios posturais e problemas psicológicos, num estágio mais avançado, tornando-se cíclico (OKENSON, apud DEKON e cols 2003). Quanto aos sintomas, nem sempre a dor está associada à queixa principal do paciente. O desgaste da estrutura dental, normalmente, é o alerta primário para a presença do dano. Além disso, o desconforto de familiares também pode ser um alerta para o problema, no momento em que identificam ruídos durante o sono do paciente, decorrente da atrição. Isto, muitas vezes não é percebido pelo portador. Quando a presença da parafunção é acompanhada de sintomatologia, a dor pode se manifestar em diversas estruturas do S.E. como músculos, articulação temporo-mandibular ou até nos próprios dentes. Quando isso ocorre, com frequência, o paciente procura precocemente o tratamento, antes que resulte em grandes danos para a estrutura dentária; entretanto, quando ocorre uma adaptação fisiológica dessas estruturas, o maior prejudicado é o próprio dente, que vai perdendo estrutura (esmalte e dentina) de maneira gradativa. Porém, com menor frequência o paciente apresenta destruição das estruturas periodontais, representada pela perda óssea, resultando em mobilidade, pericementite e até abscesso periodontal, podendo em alguns casos evoluir para um comprometimento da polpa, resultando em pulpite ou necrose pulpar, tudo isso, associado à dor ou desconforto, e, em estágios avançados, perda do elemento dental. Ainda em relação aos sinais, no elemento dental, o que se observa, além da presença de facetas, é a formação de trincas, erosão cervical, fraturas coronárias ou de restaurações.

Bruxismo noturno e diurno editar

Bruxismo noturno editar

Quando noturno, o bruxismo envolve movimentos rítmicos semelhantes aos da mastigação, com longos períodos de contração dos músculos mandibulares, podendo ser a causa da dor muscular e da fadiga. Um alinhamento incorreto dos dentes e o fechamento inadequado da boca costumam estar presentes em grande parte dos casos. A doença pode atingir qualquer pessoa, não tendo relação direta com a faixa etária. A incidência é maior nas mulheres que nos homens no caso do bruxismo diurno, e de incidência igual entre os gêneros no caso do bruxismo noturno.

Bruxismo diurno editar

O bruxismo diurno, que é caracterizado por uma atividade semivoluntária da mandíbula de apertar os dentes enquanto o indivíduo se encontra acordado, onde geralmente o ranger dos dentes está ligado a algum hábito ou tique, diferente do bruxismo noturno que é um ato inconsciente, enquanto o indivíduo dorme. Portanto é fundamental ressaltar que a pessoa portadora de qualquer tipo de bruxismo deve visitar constantemente seu dentista para evitar maiores danos, visto que a cura total para esse problema ainda é desconhecida. O esmalte dentário é o primeiro a receber os danos do bruxismo, causando assim o desgaste anormal dos dentes, podendo se estender até a gengiva, causando dor. Em dentes mais frágeis, sejam eles cariados ou tratados, a fricção pode provocar quebra e fissuras. As dores de cabeça tensionais são comuns nos portadores de bruxismo; elas surgem por contração excessiva dos músculos da mastigação, podendo atingir rosto, pescoço, ouvido e até ombros. Outro problema decorrente do bruxismo é dor na articulação temporomandibular (localizada no osso do crânio e mandíbula). Esta também pode sofrer estalos, travamento, restringir a abertura da boca e desviar para o lado ao abrir e fechar.

Classificações editar

Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono - 2005

  • Distúrbios do movimento relacionados ao sono

Pode ser dividido em:

  • Cêntrico — Ato de apertar os dentes.
  • Excêntrico — Ato de apertar os dentes e movimentar a mandíbula lateralmente (rangido de dentes).
  • Primário - quando ocorre sozinho, sem ligação com qualquer outra condição médica.
  • Secundário - quando está ligado à outra condição médica.
  • Em vigília.
  • Durante o sono.

Tratamento editar

Os dentistas são os profissionais indicados para fazer o diagnóstico e o tratamento do bruxismo. Os fisioterapeutas podem oferecer tratamento de suporte para dor muscular causada pelo bruxismo e os fonoaudiólogos também podem ajudar a detectá-lo.

O primeiro passo é reconhecer o problema e tentar achar suas causas no dia a dia. A terapia mais empregada atualmente para o alívio dos sinais e sintomas da articulação temporomandibular associada ao bruxismo é a utilização de placas interoclusais. Essas placas reduzem a atividade dos músculos durante a noite e protegem os dentes dos desgastes provocados pelo hábito.

Outro passo importante é diminuir a tensão psicológica. Isto pode ser feito mediante a prática de esportes e exercícios de relaxamento. Já os distúrbios psiquiátricos como depressão e ansiedade devem ser aliviados e medicados, se necessário, através da psicoterapia.

Há uma conciliação entre o tratamento na parte física e psíquica que dão origem ao bruxismo visto que este é resultante de ambos os lados, ou seja, a psiquiatria juntamente a psicoterapia na questão psíquica devem andar paralelamente com o tratamento corretivo na parte física feito pelo Dentista (cirurgião-dentista) visto que os pacientes terão maior amparo médico. Contra a doença que a princípio surge da depressão e estresse (embora suas causas sejam desconhecidas), sintomas psíquicos que devem ser tratados de maneira imediata, pois quanto mais rápido é feito o diagnóstico psíquico, menores os impactos das suas consequências - entre elas o bruxismo -,menos sofrimento psíquico e consequente físico ao paciente.

Hábitos como mascar chicletes, morder ou apertar objetos devem ser considerados como um vício concomitante do bruxismo e, portanto, eliminados durante o tratamento.

Quanto ao bruxismo em vigília, o paciente deve ser aconselhado a criar o hábito de desencostar os dentes.

Quanto ao bruxismo durante o sono, o paciente deve ser orientado a utilizar um dispositivo interoclusal de cobertura total para proteção ao desgaste oclusal pela atrição noturna.

O portador de bruxismo deve visitar constantemente o fisioterapeuta ou dentista, para que seja acompanhado pelo profissional.

Principais sintomas do bruxismo editar

Se você tem dores de cabeça, no maxilar, dores musculares, cansaço e desconforto na mastigação, é possível que você esteja rangendo os dentes à noite sem perceber. Todos esses sintomas podem afetar a saúde, levando a perdas ósseas, desgastes dentários e dores pela boca. Entendê-los como um alerta do corpo para procurar ajuda faz a diferença, mas o diagnóstico completo somente um dentista pode realizar.

Como tratar o bruxismo editar

“Eliminar o mal pela raiz”. Essa é a melhor dica para o tratamento do bruxismo. Isso quer dizer que, mais do que buscar métodos para aliviar os sintomas, o importante é identificar o que está causando o problema. O cansaço físico, pressões de trabalho ou ansiedade por algum acontecimento importante são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do bruxismo.

Para Inês Horie, é importante unir o trabalho do dentista com outros profissionais, como psicólogos e terapeutas. Porém, existem outros meios para tratar os primeiros sintomas do bruxismo. “O mais conhecido é a placa oclusal, um aparelho para estabilizar e melhorar a função das articulações da boca; reabilitação dos dentes prejudicados; aparelhos ortodônticos; entre outros”, completa.

Ver também editar

Referências

  1. «Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa». Houaiss. UOL. 2009. Consultado em 28 de outubro de 2009 
  2. «Dentista Virtual». Uniodonto Campinas. 2009. Consultado em 28 de outubro de 2009 
  • Reabilitação oral em paciente portador de parafunção severa. DEKON, Stefan Fiuza de Carvalho; Eduardo Piza PELLIZZER; Adriana Cristina ZAVANELLI; ITO, Luiz; RESENDE, Cristina do Amparo. Revista Odontológica de Araçatuba, v.24, n.1, p. 54-59, Janeiro/Julho, 2003.

Ligações externas editar