Rebekah Danielle Jones[1] (25 de julho de 1989) é uma cientista de dados[nota 1] e geógrafa americana, especializada em usar dados do Sistema de Informação Geográfica (SIG) para rastrear furacões, epidemiologia e climatologia. Ela alega ter sido demitida de seu emprego no Departamento de Saúde da Flórida em 2020 porque se recusou a esconder dados a respeito da COVID-19 no estado, o que autoridades da Flórida negam afirmando que ela foi demitida por "insubordinação". Essa situação atraiu atenção midiática e fez com que parte da imprensa a considerasse uma denunciante,[4][6] porém a veracidade das suas alegações é contestada.[5]

Rebekah Jones
Rebekah Jones
Nascimento 25 de julho de 1989 (34 anos)
Educação Universidade Estadual da Flórida
Universidade do Estado da Louisiana
Universidade de Syracuse
Profissão Geógrafa, cientista de dados
Página oficial
https://geojones.org/

Em agosto de 2021, ela declarou sua intenção de concorrer contra Matt Gaetz pelo 1º distrito congressional da Flórida como parte das eleições da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos em 2022 na Flórida.[7]

Educação e carreira editar

Jones se formou a nível cum laude na S. I. Newhouse School of Public Communications e na Maxwell School of Citizenship and Public Affairs da Universidade de Syracuse com graduação dupla em ciências da terra e jornalismo em 2012.[8] Ela recebeu um duplo mestrado em geografia e comunicação na Universidade do Estado da Louisiana em 2014.[9][10]

Jones também estudou no departamento de geografia da Universidade Estadual da Flórida (FSU na sigla em inglês) de 2016 até 2018, onde ela estava trabalhando com ênfase em ciência de dados para obter o seu PhD.[10][11] Entretanto, Rebekah não concluiu o PhD.[10][11]

Em setembro de 2018, ela se tornou analista de informações geográficas do Departamento de Saúde da Flórida em Tallahassee. De novembro de 2019 até maio de 2020, Jones foi gerente do SIG para o departamento, onde ela ajudou a criar uma apresentação geoespacial para o Furacão Michael.[12] Ela usou o software do Sistema de Informação Geográfica para criar o painel de controle da COVID-19 do Departamento de Saúde da Flórida.[13][14]

Em um artigo escrito por Christina Pushaw (atual secretária de imprensa do governador da Flórida, Ron DeSantis)[15][16] no site Human Events, é afirmado que ela não concluiu o PhD porque teria sido suspensa e demitida da FSU após um de seus ex-alunos acusá-la de "ciberassédio sexual", se utilizando como prova para essa alegação um manifesto de 342 páginas a respeito dela.[17] Em 2020, quando o jornal Daily Mail havia divulgado uma reportagem com uma alegação de teor semelhante, Rebekah respondeu ao tabloide afirmando que ela havia sido dispensada da universidade com a possibilidade de se matricular novamente porque, alegadamente, havia feito sexo com um colega de classe. Que o relacionamento com o estudante havia se iniciado quando ambos eram alunos no mesmo curso e que nunca havia feito assédio sexual contra ele e que não estava sendo investigada por isso.[18]

Demissão do Departamento de Saúde da Flórida editar

Em 5 de maio de 2020, Jones foi demitida de sua posição no Departamento de Saúde da Flórida.[19] Ela afirmou que havia sido pressionada a, estrategicamente, alinhar os dados de casos de COVID-19 na Flórida com o objetivo do governo de reabrir o estado, em resposta ela lançou dados independentes a respeito da COVID-19 para o estado.[5] Jones não desafiou os dados oficiais em casos, mortes, hospitalizações ou testes, e utilizou esses dados no seu próprio painel.[20] As suas alegações iniciais foram divergências a respeito do método pelo qual o estado estava computando as taxas de testes positivos, que havia sido anteriormente anunciada em 24 de abril, e a política estadual para a reabertura de condados rurais, que seria permitida pelas normas federais.[21]

Seu painel também diferia do oficial na forma como apresentava os testes: o primeiro contava o número de pessoas testadas, enquanto o último contava o número de testes administrados. Jones também alegou que o estado ordenou que ela excluísse resultados de teste positivos de janeiro de 2020. Um porta-voz do Departamento de Saúde respondeu que as datas a que Jones se referiu eram "datas de eventos" que correspondiam a àquelas em que os indivíduos podem ter entrado em contato com o vírus, em vez de datas em que o teste foi positivo. O porta-voz também criticou o painel de COVID-19 de Jones por incluir testes de anticorpos para contagem de testes de vírus com testes de anticorpos e por contar as mortes de não residentes.[20]

Ron DeSantis negou as acusações, dizendo que ela não forneceu provas.[22] O governador alegou que ela foi demitida por tomar decisões unilaterais sobre o painel sem consultar outros membros da equipe[23] e ainda afirmou que ela não era uma cientista de dados, pois ela foi chamada disso por boa parte da imprensa americana.[2][5][20]

Notas

  1. O perfil dela no LinkedIn diz que ela "possui PhD em geografia na Universidade Estadual da Flórida, mestrado em geografia na Universidade do Estado da Louisiana e undergraduate degree (equivalente a diploma de graduação) em geografia e jornalismo na Universidade de Syracuse".[2] Porém, diversos veículos de imprensa já se referiram à ela como "cientista de dados" (data scientist).[3][4][5]

Referências

  1. «Rebekah Danielle Jones, Age 31, Tallahassee, FL». Florida Residents Directory (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2021 
  2. a b Wood, Colin (20 de maio de 2020). «'Not a data scientist' says Florida Gov. DeSantis of fired GIS manager». StateScoop. Consultado em 14 de maio de 2021 
  3. Burnside, Tina; Yan, Holly (18 de janeiro de 2021). «Fired Florida data scientist Rebekah Jones turns herself in to jail and tests positive for Covid-19». CNN. Consultado em 14 de maio de 2021 
  4. a b Sassoon, Alessandro Marazzi (16 de janeiro de 2021). «DOH whistleblower Rebekah Jones 'turning herself in' to face new charge». Florida Today (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2021 
  5. a b c d Mazzei, Patricia (11 de dezembro de 2020). «A State Scientist Questioned Florida's Virus Data. Now Her Home's Been Raided». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 14 de maio de 2021 
  6. «Florida COVID-19 whistleblower turns herself in on felony computer charge». Reuters (em inglês). 19 de janeiro de 2021. Consultado em 14 de maio de 2021 
  7. https://www.firstcoastnews.com/article/news/politics/former-florida-coronavirus-data-worker-rebekah-jones-to-run-against-rep-matt-gaetz/77-93c65be0-0369-424a-bfdf-6de60137fd57
  8. Cox, Jay (31 de março de 2020). «Alumna Tracks the COVID-19 Outbreak». Universidade de Syracuse (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2021 
  9. «Almni». Departamento de Geografia e Antropologia. Universidade do Estado da Louisiana. Consultado em 14 de maio de 2021 
  10. a b c Fedor, Lauren (11 de dezembro de 2020). «Rebekah Jones: a data scientist takes on the Florida governor». Financial Times. Consultado em 14 de maio de 2021 
  11. a b Waymer, Alessandro Marazzi Sassoon and Jim. «Accusations fly around dismissed Health Department official, but questions about COVID-19 data persist». Florida Today (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2021 
  12. Hinson, Parker; Jones, Rebekah (2019). «Florida Department of Health's Hurricane Michael GIS Response». Esri User Conference 2019. San Diego: Environmental Systems Research Institute. Consultado em 14 de maio de 2021 
  13. Taylor, Langston (22 de maio de 2020). «Ousted manager was told to manipulate COVID-19 data before state's re-opening, she says». Tampa Bay Times. Consultado em 14 de maio de 2021 
  14. Geraghty, Este; Lanclos, Ryan (20 de abril de 2020). «COVID-19: Dedicated Scientist in Florida Made Quick Moves to Map the Disease». Environmental Systems Research Institute. Esri Blog. Consultado em 14 de maio de 2021 
  15. Kirkl, Jordan; Burgess, Brian (17 de maio de 2021). «Christina Pushaw, outspoken Rebekah Jones critic, tapped as DeSantis' press secretary». The Capitolist (em inglês). Consultado em 19 de maio de 2021 
  16. Schorsch, Peter (18 de maio de 2021). «Florida Capitol Press Corps loves it some Rebekah Jones, but is silent on DeSantis' new anti-Jones Press Secretary». Florida Politics (em inglês). Consultado em 19 de maio de 2021 
  17. Pushaw, Christina (2 de fevereiro de 2021). «The "Florida COVID-19 Whistleblower" Saga Is a Big Lie.». Human Events (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2021 
  18. «Resposta de Rebekah Jones ao Daily Mail» (PDF). geojones2.files.wordpress.com. p. 1. Consultado em 14 de maio de 2021 
  19. Sassoon, Alessandro Marazzi (19 de maio de 2020). «Florida scientist was fired for 'refusing to manipulate' COVID-19 data, she said». Florida Today (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2021 
  20. a b c Iati, Marisa (16 de junho de 2020). «Florida fired its coronavirus data scientist. Now she's publishing the statistics on her own.». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 14 de maio de 2021 
  21. Farrington, Brendan; Calvan, Bobby Caina (23 de maio de 2020). «Public remarks prompted Florida virus data curator's firing». AP NEWS. Consultado em 14 de maio de 2021 
  22. «Home of fired Florida data scientist who built COVID dashboard raided by FDLE». WESH (em inglês). 8 de dezembro de 2020. Consultado em 18 de maio de 2021 
  23. Mansoor, Sanya (15 de junho de 2020). «Fired Florida Data Scientist Creates Competing COVID-19 Tracking Site and Suggests State Is Hiding Important Information». Time. Consultado em 18 de maio de 2021 

Ligações externas editar