Batman é um rio do Oriente Médio, o maior afluente do rio Tigre, juntando-se próximo à fonte do Tigre chamada Dicle, no sudeste da Turquia.

Rio Batman
Rio Batman
Mapa da bacia do rio Tigre e rio Eufrates
Comprimento 115 km
Nascente Dicle
País da
bacia hidrográfica
 Turquia

Geografia editar

Origina-se no Antitauro (nas montanhas Sason e Genç)[1] e percorre aproximadamente de norte a sul, passando próximo da cidade de Batman e formando a fronteira natural entre as províncias de Batman e Diyarbakır. A histórica ponte Malabari (construída em 1146-1147) cruzou o rio próximo à cidade de Silvan.[2] A região junto com o rio Batman é conhecido por seus campos de petróleo. A barragem Batman (em turco: Batman Baraji) foi construída em 1999 rio acima, junto com o reservatório e usina hidrelétrica associados.[3]

O rio é mais amplo cerca de 100 metros a direita após sair da barragem, mas então estreita cerca de 50 metros e forma numerosas cisões ao longo de seu caminho para o Tigre. Seu leito é irregular em muitos lugares o que provoca alagamento. Um afluente do Batman, o rio Ilu, origina-se no monte Raman ao sul da cidade de Batman e flui através do nordeste da cidade no rio Batman. Apesar de ser um pequeno rio, ausente em muitos mapas, Ilu desempenha um importante papel para a província, pois suas enchentes da primavera afetam a capital provincial. As enchentes dos rios Ilu e Batman ocorrem entre março e abril e às vezes em outubro-novembro. Grandes enchentes ocorrem em 1969 (abril, 60 edifícios danificados), 1972 (abril e maio, 210 edifícios danificados), 1991 (novembro, 500 edifícios inundados), 1995 (março, perto de 1000 edifícios submersos e 450 danificados) e 2006 (outubro, 11 pessoas mortas e 20 feridas).[1]

História editar

 
Dinar de ouro de Sapor II (r. 309–379)
 
Soldo de Joviano (r. 363–364)

Na Antiguidade, o rio Batman foi conhecido como Calate, um nome que significou "noiva" para o povo siríaco que povoava a área; foi assim traduzido em grego como Nínfio (em grego: Νυμφίος; romaniz.:Nymphios; em latim: Nymphius) e Ninfeu (em grego: Νυμφαῖος; romaniz.:Nymphaios; em latim: Nymphaeus).[4] Entre os árabes foi conhecido como Satidama, que significa "o sangrento", refletindo as batalhas travadas próximo dele.[5]

A planície do rio foi muito fértil e o pequeno Estado de Chupria floresceu ali. Em 672 a.C., os assírios conquistaram a região. Mais tarde, a planície pertenceu ao Império Neobabilônico e então ao Império Aquemênida. Com o colapso dos domínios aquemênidas e o surgimento de inúmeros Estados sucessores, provavelmente pertenceu à Armênia. Nessa época, a principal localidade foi Tigranocerta, fundada por Tigranes II (r. 95–55 a.C.), e o local da derrota dele nas mãos do general romano Lúculo em 69 a.C.. É quase certamente identificável com Martirópolis (atual Silvan).[6]

O rio Ninfeu fez parte da fronteira desenhada pelo imperador romano Joviano (r. 363–364) e o xá sassânida Sapor II (r. 309–379) em 363. A província local, chamada Sofanena, foi concedida a um duque (governador militar), que residiu em Martirópolis. Segundo Procópio de Cesareia, o imperador Justiniano (r. 527–565) foi o primeiro a melhorar essa zona da fronteira. Entre 583-591[7][6] e novamente durante a guerra bizantino-sassânida de 602-628, a planície do Ninfeu foi palco de inúmeras escaramuças entre gregos e persas.[8][9]

Na literatura internacional, o nome Batman entrou em uso desde o século XIX,[10] ao passo que no século XVIII e antes disso foi principalmente referido como Nínfio, entre outros nomes.[11][12][13] A origem do nome Batman é incerto: pode ser uma abreviação do nome da montanha Bati Raman localizada próxima[14] ou refere-se a unidade de peso usada no Império Otomano.

Referências

  1. a b Balaban 2009, p. 147-149; 157.
  2. «Coğrafya» (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2014 
  3. «Batman Dam» (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2014 
  4. Williams 1829, p. 277.
  5. Kaegi 2003, p. 131.
  6. a b «Nymphius (Batman)» (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2014 
  7. Young 1992, p. 10.
  8. Norwich 1997, p. 91.
  9. Oman 1893, p. 210.
  10. Williams 1829, p. 262.
  11. MacBean 1773, p. 387.
  12. Sale 1748, p. 618.
  13. Cellarius 1706, p. 453.
  14. Üniversitesi 1982, p. 415.

Bibliografia editar

  • Balaban, Meltem Şenol (2009). Risk society and planning: the case of flood disaster management in turkish cities. PhD Thesis. [S.l.]: Graduate School of Natural and Applied sciences, Middle East Technical University 
  • Cellarius, Christoph (1706). Notitia orbis antiqui, sive Geographia plenior, ab ortu rerumpublicarum ad Constantinorum tempora. [S.l.: s.n.] 
  • MacBean, Alexander; Johnson, Samuel (1773). A Dictionary of Ancient Geography: Explaining the Local Appellations in Sacred, Grecian, and Roman History; Exhibiting the Extent of Kingdoms, and Situations of Cities, &c. And Illustrating the Allusions and Epithets in the Greek and Roman Poets. The Whole Established by Proper Authorities, and Designed for the Use of Schools. [S.l.]: G. Robinson 
  • Sale, George; Psalmanazar, George; Bower, Archibald; Shelvocke, George; Campbell, John; Swinton, John (1748). An Universal history, from the earliest account of time. [S.l.]: Printed for T. Osborne 
  • Üniversitesi, Ankara (1982). Tarih Araştırmaları Enstitüsü. [S.l.]: Ankara Üniversitesi Basımevi 
  • Williams, John (1829). Two essays on the geography of ancient Asia: intended partly to illustrate the campaigns of Alexander, and the Anabasis of Xenophon. [S.l.]: J. Murray 
  • Young, Gordon Douglas (1992). «American Oriental Society. Middle West Branch; Society of Biblical Literature. Mid-West Region». Mari in retrospect: fifty years of Mari and Mari studies. [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 978-0-931464-28-7