Rio Gargaú

rio brasileiro
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O rio Gargaú é um rio brasileiro que banha o litoral do estado da Paraíba. Situado na região da Várzea Paraibana, em suas margens aconteceram eventos importantes da história da Paraíba, sobretudo durante o ciclo da cana-de-açúcar no Brasil, época do Brasil Colonial.[1]

Rio Gargaú
Comprimento (aprox.) 20 km
Nascente Povoado de Aldeia, Santa Rita
 Paraíba
Foz Rio Paraíba
Área da bacia 52[1] km²
País(es)  Brasil
Manguezal, ecossistema que ocupa boa parte do leito do Gargaú.

História editar

Etimologia editar

O topônimo Gargaú é uma corruptela do tupi guaraguá-ú, que em português significa «rio do peixe-boi» ou «onde o peixe-boi come».[2] A confirmação dessa versão vem dos escritos neerlandeses da Descrição geral da capitania da Paraíba, do século XVII:

Para o norte e sobre os montes do mesmo engenho se acha uma aldeia de índios, também chamada 'Gargaú', da qual esse distrito e o rio tomaram o nome.[nota 1] Gargaú é uma palavra [nativa] brasileira pela qual designam uma espécie de peixe, que os portugueses chamam peixe-boi (apanham-se muitos nesse rio), pois garga é o nome do referido peixe e ú é água, o que quer dizer: 'água do peixe-boi'.[3][nota 2]

Povoamento da região editar

Durante a guerra de expulsão dos neerlandeses por portugueses em 1654–1655, o pequeno forte de Gargaú — descrito pelos batavos em anotações — foi provavelmente em sua origem o moinho de açúcar de Jorge Lopes Brandão.[5] Em escritos, o comandante neerlandês Schoppe mencionou que havia entregado três canhões no pequeno forte de Gargaú.[5] Na época do domínio holandês na Paraíba, o rio passou a se chamar rio La Rasière em virtude de o engenho Gargaú também ter recebido essa denominação, marcando seu novo dono, Isaac La Rasière.[3][6]

 
D. Pedro II pernoitou no eng. Gargaú em 1859

Em 1859, quando de visita a várias localidades da então província da Paraíba, o imperador D. Pedro II pernoitou no engenho Gargaú, às margens do rio.[7] No engenho Gargaú, que pertenceu a Duarte Gomes da Silveira, um dos fundadores do estado, há a Capela de Santana,[1] um dos resquícios do importante patrimônio arquitetônico estadual.[8]

Sub-bacia editar

«Bocas do Gargaú» editar

Penúltimo afluente da margem esquerda do rio Paraíba, o Gargaú nasce na região do povoado de Mata da Aldeia, município de Santa Rita, seguindo em direção leste até encontrar o rio Cabocó.

A partir daí, divide-se em dois ramos: um braço ruma a leste da ilha Stuart e recebe a denominação de «rio da Ribeira»,[1] percorrendo as comunidades de Ribeira de Baixo e Tambauzinho até finalmente se juntar ao Paraíba; o outro, ao sul da referida ilha, denomina-se rio Tiriri.[nota 3]

Ambos os braços formam a sua foz, denominada «bocas do Gargaú».[10][11]

Impactos à bacia editar

Boa parte do rio está coberta de manguezais e, portanto, sujeita a fortes correntes marinhas (marés), as quais chegam rio acima até a comunidade homônima (Gargaú). O baixo curso, onde há vários viveiros para a carcinicultura, foi fruto de monitoramentos constantes para avaliar o impacto dessa cultura na região estuarina,[12] os quais revelaram que essa cultura até agora provocou pouco ou nenhum impacto à qualidade da água do canal, apesar de se saber que a carcinicultura é responsável por extensos desmatamentos e desequilíbrio nos manguezais.[12]

Com pequenas manchas de matas e manguezais, sua bacia tem sido muito explorada para o uso agroindustrial e a carcinicultura.[1]

Notas

  1. O referido engenho é o «La Rasière», de propriedade do judeu-holandês homônimo.[3]
  2. Em virtude da caça e da alteração de seu habitat, o peixe-boi-marinho há décadas deixou de frequentar toda a bacia do rio Paraíba e seus afluentes, da qual o Gargaú faz parte, sendo visto apenas na foz do Mamanguape.[4]
  3. Esse braço é comumente referido de «rio dos Franceses» na historiografia brasileira em virtude da frequente presença de galeotas francesas na época que antecedeu a fundação da Paraíba.[9]

Referências

  1. a b c d e SANTOS, Caio Lima dos (2013). «Aspectos físicos e o uso do solo na microbacia do rio da Ribeira» (PDF). Universidade Federal da Paraíba. Consultado em 24 de fevereiro de 2015 
  2. Comissão de redação (1903). «Verbetes da toponímia». Revista do Instituto de Arqueologia e Geografia Pernambucano. Consultado em 15 de julho de 2014 
  3. a b c Confraria do IAGP (1883). «Descrição geral da capitania da Paraíba». Revista do Instituto Archeológico e Geográphico Pernambucano (IAGP). Consultado em 15 de fevereiro de 2015 
  4. Adm. do sítio web (2015). «Fundação Mamíferos Aquáticos utiliza tecnologia de sonar para pesquisar população do peixe-boi marinho na Paraíba». Projeto viva o peixe-boi-marinho. Consultado em 24 de fevereiro de 2015 
  5. a b Adm. do site (2008). «Engenho Gargaú». The Atlas of Dutch Brazil. Consultado em 27 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 14 de junho de 2013 
  6. VAN BAERLE, Caspar; BRANDÃO, Cláudio (tradutor) (1940). História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. [S.l.]: Serviço gráfico do Ministério da educação. 409 páginas 
  7. Sócios do IHGP (1998). Revista IHGP, volume 30. [S.l.]: Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) 
  8. Adm. do portal (2012). «Capela de Santana (Engenho Gargaú)». Patrimônio de Influência Portuguesa. Consultado em 27 de janeiro de 2014 
  9. Hernâni Donato (1996). Dicionário das batalhas brasileiras. [S.l.]: IBRASA. 593 páginas. ISBN: 9788534800341 
  10. João Domingues dos Santos (Comissão de Redação do IHGPB) (1946). Apanhados sobre a ilha Stuart, revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraíbano, vol. 10. [S.l.: s.n.] 
  11. Coriolano de Medeiros (2016). Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba, 4ª edição. [S.l.]: IFPB. 251 páginas. isbn=978-85-63406-78-1 
  12. a b LÚCIO, Maria Mônica (2009). «Avaliação preliminar do efeito da carcinicultura sobre o sedimento de um trecho do rio da Ribeira» (PDF). Universidade Federal da Paraíba. Consultado em 27 de janeiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 3 de fevereiro de 2014 
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