Ross 128 é uma estrela anã vermelha na constelação de Virgo, localizada perto da eclíptica e ao sul de Beta Virginis. Sua magnitude aparente visual é de 11,15,[2] sendo fraca demais para ser vista a olho nu. Com base em sua paralaxe de 296,3 milissegundos de arco, medida pela sonda Gaia, está a uma distância de 11,01 anos-luz (3,37 parsecs) da Terra,[5] sendo o décimo terceiro sistema estelar mais próximo do Sistema Solar.[3] Foi catalogada pela primeira vez em 1926 pelo astrônomo estadunidense Frank Elmore Ross.[8]

Ross 128
Ross 128
Impressão artística do planeta Ross 128 b, com a estrela Ross 128 visível ao fundo.
Dados observacionais (J2000)
Constelação Virgo
Asc. reta 11h 47m 44,3974s[1]
Declinação +00° 48′ 16,395″[1]
Magnitude aparente 11,153[2]
Características
Tipo espectral M4V[3]
Cor (U-B) 1,318[2]
Cor (B-V) 1,752[2]
Variabilidade Eruptiva[4]
Astrometria
Velocidade radial −30,890 km/s[3]
Mov. próprio (AR) 607,68 mas/a[5]
Mov. próprio (DEC) -1223,32 mas/a[5]
Paralaxe 296,3073 ± 0,0699 mas[5]
Distância 11,0074 ± 0,0026 anos-luz
3,3749 ± 0,0008 pc
Magnitude absoluta 13,51
Detalhes
Massa 0,1680 ± 0,0170[6] M
Raio 0,1967 ± 0,0077[6] R
Gravidade superficial log g = 4,96 ± 0,11 cgs[7]
Luminosidade 0,00362 ± 0,00039[3] L
Temperatura 3231 ± 100[7] K
Metalicidade [Fe/H] = +0,03 ± 0,09[7]
Rotação v sin i = ≤8 km/s[7]
123 dias[3]
Idade >5 bilhões[3] de anos
Outras denominações
FI Virginis, GJ 447, HIP 57548, LHS 315, Ross 128.[1]
Ross 128

Características editar

Esta estrela de baixa massa é uma típica anã vermelha e tem um tipo espectral de M4V.[3] Anãs vermelhas são as estrelas mais frias na sequência principal e representam cerca de 75% de todas as estrelas. Ross 128 tem 17% da massa do Sol e 20% do raio solar, mas gera energia tão lentamente que emite apenas 0,36% da luminosidade solar, a maior parte na faixa infravermelha.[6][3] Esta energia está sendo irradiada da fotosfera da estrela a uma temperatura efetiva de 3 192 K,[6] conferindo à estrela o brilho vermelho-alaranjado típico de uma estrela do tipo M.[9] Ross 128 é uma estrela velha, com uma idade estimada de mais de 5 bilhões de anos, e tem uma lenta rotação e um baixo índice de atividade cromosférica.[3] Sua metalicidade, a abundância de elementos além de hidrogênio e hélio, é aproximadamente igual à solar.[7]

Atualmente se aproximando do Sistema Solar com uma velocidade radial de 30,9 km/s,[3] Ross 128 fará sua maior aproximação ao Sol em cerca de 71,2 mil anos, quando chegará a uma distância mínima de 6,26 anos-luz (1,92 parsecs) do Sol.[10] Sua magnitude aparente a essa distância seria de 9,92.

Sistema planetário editar

Em 2017, foi anunciada a descoberta de um planeta extrassolar orbitando Ross 128, denominado Ross 128 b, detectado por espectroscopia Doppler a partir de observações pelo espectrógrafo HARPS. A velocidade radial da estrela foi medida 157 vezes entre julho de 2005 e abril de 2016, revelando um sinal periódico com semiamplitude de 1,34 m/s. Esse sinal é causado pelo movimento orbital de um planeta um pouco mais massivo que a Terra com uma massa mínima de 1,35 massas terrestres e um período orbital de 9,86 dias. Orbitando a estrela a uma distância de 0,049 UA, está próximo da borda interna da zona habitável do sistema, recebendo 138% da radiação que a Terra recebe do Sol. Sua temperatura de equilíbrio, calculada para albedos entre 0,75 e 0,10, está na faixa de 213 a 294 K (-60 a 21 °C). É o segundo planeta mais próximo conhecido na zona habitável de sua estrela, depois de Proxima b. Em comparação com Proxima b, Ross 128 b tem condições mais favoráveis para a vida, devido ao baixo nível de atividade de sua estrela.[3]

A composição de Ross 128 b não é conhecida, uma vez que não há informações precisas sobre a massa e o raio do planeta (a massa calculada da solução orbital é apenas um valor mínimo). O baixo valor de massa mínima, no entanto, sugere que o planeta tem uma composição rochosa, assim como a Terra. Modelos de interior planetário, baseados na composição química da estrela Ross 128, sugerem que o planeta tem uma alta densidade, sendo composto por uma mistura de ferro e rocha, com um núcleo de ferro relativamente maior que o terrestre.[7]

O sistema Ross 128 [3]
Planeta Massa
Semieixo maior
(UA)
Período orbital
(dias)
Excentricidade
b >1,35 ± 0,20 M
0,0493 ± 0,0017
9,8596 ± 0,0056
0,036 ± 0,092

Referências

  1. a b c «Ross 128 -- Flare Star». SIMBAD. Centre de Données astronomiques de Strasbourg. Consultado em 15 de novembro de 2017 
  2. a b c d Landolt, Arlo U. (maio de 2009). «UBVRI Photometric Standard Stars Around the Celestial Equator: Updates and Additions». The Astronomical Journal. 137 (5): 4186-4269. Bibcode:2009AJ....137.4186L. doi:10.1088/0004-6256/137/5/4186 
  3. a b c d e f g h i j k l Bonfils, X.; et al. (maio de 2018). «A temperate exo-Earth around a quiet M dwarf at 3.4 parsecs». Astronomy & Astrophysics. 613: A25, 9. Bibcode:2018A&A...613A..25B. arXiv:1711.06177 . doi:10.1051/0004-6361/201731973 
  4. Samus, N. N.; Durlevich, O. V.; et al. (janeiro de 2009). «VizieR Online Data Catalog: General Catalogue of Variable Stars (Samus+ 2007-2013)». VizieR On-line Data Catalog: B/gcvs. Bibcode:2009yCat....102025S 
  5. a b c d Gaia Collaboration; Brown, A. G. A.; Vallenari, A.; Prusti, T.; de Bruijne, J. H. J.; et al. (2018). «Gaia Data Release 2. Summary of the contents and survey properties». Astronomy & Astrophysics. 616: A1, 22 pp. Bibcode:2018A&A...616A...1G. arXiv:1804.09365 . doi:10.1051/0004-6361/201833051  Catálogo Vizier
  6. a b c d Mann, Andrew W.; Feiden, Gregory A.; Gaidos, Eric; Boyajian, Tabetha; von Braun, Kaspar (maio de 2015). «How to Constrain Your M Dwarf: Measuring Effective Temperature, Bolometric Luminosity, Mass, and Radius». The Astrophysical Journal. 804 (1): artigo 64, 38. Bibcode:2015ApJ...804...64M. doi:10.1088/0004-637X/804/1/64 
  7. a b c d e f Souto, Diogo; et al. (junho de 2018). «Stellar and Planetary Characterization of the Ross 128 Exoplanetary System from APOGEE Spectra». The Astrophysical Journal Letters. 860 (856): artigo L15, 7. Bibcode:2018ApJ...860L..15S. doi:10.3847/2041-8213/aac896 
  8. Ross, Frank E. (fevereiro de 1926). «New proper-motion stars, (second list)». Astronomical Journal. 36 (856): 124-128. Bibcode:1926AJ.....36..124R. doi:10.1086/104699 
  9. «The Colour of Stars». Australia Telescope, Outreach and Education. Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation. 21 de dezembro de 2004. Consultado em 15 de novembro de 2017 
  10. Bailer-Jones, C. A. L. (março de 2015). «Close encounters of the stellar kind». Astronomy & Astrophysics. 575: A35, 13. Bibcode:2015A&A...575A..35B. doi:10.1051/0004-6361/201425221 

Ligações externas editar