Ruínas da Estância Santa Clara


As Ruínas da Estância de Santa Clara é um sítio arqueológico histórico localizado no estado do Rio Grande do Sul, próximo ao município de Quaraí, região fronteiriça com Uruguai.[1]

Ruínas da Estância Santa Clara
Localização atual
País  Brasil
Estado Rio Grande do Sul
Município Quaraí
Notas
Escavações 2009 a 2012
Arqueólogos Professor Doutor Saul Milder

História da Estância editar

As estâncias da região de Quaraí são provenientes das sesmarias doadas pela Coroa Portuguesa para famílias com criação de gados, com o intuito de garantir a posse do território, pois havia muitos conflitos com a Coroa Espanhola nas fronteiras com o Uruguai. Com o tempo, as funções e características dessas estâncias foram se modificando.[1]

Com os estudos das peças encontradas nas escavações, a estância apresenta ocupações mais no final do século XIX e início do XX.[1]

No década de 1970, a Estância Santa Clara foi adquirida por Ivo Wagner, atual proprietário.[1]

A Escavação Arqueológica editar

As Intervenções editar

O Professor Doutor Saul Milder e sua equipe iniciou a primeira intervenção em 28 de abril de 2009. Nesta primeira intervenção foi feita a prospecção, onde se observou duas ruínas de edificações: A sede da estância e um galpão. Fizeram registros fotográficos e medições das edificações. E abriram cinco poços testes. Foram encontrados fragmentos de louças e cravos, datados do século XIX e vestígios pré-históricos.[1]

Entre os dias 11 e 14 de junho de 2009 foi realizada a segunda intervenção. Abriram mais oitos poços e encontraram vestígios de louças, vidro, telhas e metais.[1]

Entre junho de 2010 e fevereiro de 2012, o Professor Doutor Saul Milder fez novas escavações na estância e encontraram material lítico associado a grupos de caçadores coletores que habitaram a região na pré-história.[2][3]

Artefatos encontrados em 2009 editar

O processo de curadoria foi feita pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Universidade Federal de Santa Maria (LEPA/UFSM). Foram catalogados 189 fragmentos de louça; 427 fragmentos de ossos; 85 peças líticas; 173 fragmentos e 5 frascos inteiros de vidro; 189 metais; e 277 fragmentos de telhas e tijolos.[1]

Ao analisar as louças, constatou-se que 175 peças eram de faiança fina, muito utilizadas no século XIX. 11 peças de ironstone decoradas com friso dourados, muito comum na década de 1870, 1 peça de grés, presente no Brasil desde o século XVII até os dias, e 2 louças modernas.[1]

Entre os fragmentos de faiança fina, com relação ao esmalte, predominam o "whiteware" e somente dois fragmentos são "creamware". Com base nesta análise, pressupõe-se que a ocupação da Estância Santa Clara foi entre o final do século XIX e início do século XX. Com relação à decoração das louças, esta apresenta-se bastante variada (padrão Shell Edged, trigal, carimbada) indicando a utilização a partir da segunda metade do século XIX. Também foram encontrados tanto fragmentos com decoração de baixo custo como de valor elevado. Em alguns foi possível identificar o fabricante, como a fábrica inglesa "J & G Meakin LTD.". O estudo dos fragmentos levou-se a conclusão que a utilização das louças não era tão intenso na Estância Santa Clara, onde o status deveria estar mais atrelado às posses de terras e animais[4].

Artefatos encontrados entre 2010 e 2012 editar

O processo de curadoria foi feita pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Universidade Federal de Santa Maria (LEPA/UFSM). Foram catalogados 180 peças com mais de 15.000 anos de idade.[3]

Referências

  1. a b c d e f g h Ferreira Pes, Jaqueline e Milder, Saul. (Outubro de 2011). Ruínas das Estâncias Santa Clara - Quaraí/RS: As Primeiras intervenções arqueológicas e Análise da Cerâmica Histórica. ESTUDIOS HISTORICOS – CDHRP. Ano III. Nº 7. ISSN: 1688 – 5317. Uruguay
  2. Gato da Silva, Bruno e Milder, Saul. Considerações Acerca do Sítio Arqueológico Santa Clara. Feira de Iniciação Científica. Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo (FEEVALE).
  3. a b (20 de Julho de 2012). Descoberta de arqueólogos da UFSM em Quaraí, RS, pode mudar história. Site G1 Rio Grande do Sul
  4. «AS LOUÇAS NA ESTÂNCIA SANTA CLARA: O QUE O CONSUMO DESTA CATEGORIA MATERIAL PODE SIGNIFICAR NESTE AMBIENTE RURAL» (PDF). UNIVAP - Universidade do Vale do Paraíba (INICEPG - Projeto Ensino Médio/Técnico e Pesquisa de Alunos dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu e Lato Sensu). Consultado em 11 de abril de 2021