Serviço de Assistência Médica ao Comércio e Indústria, também conhecido como Samcil foi uma operadora de plano de saúde no Brasil.

Samcil
Samcil
O presidente da Samcil Luiz Roberto Silveira Pinto (de terno claro) e o governador Natel inauguram o Hospital Popular Bom Jesus de Piraporinha em Diadema, 1971
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Razão social Pró-Saúde Planos de Saúde Ltda.
Empresa de capital fechado
Atividade Assistência médica
Fundação 1961 (63 anos)
Fundador(es) Luiz Roberto Silveira Pinto
Encerramento abril de 2011
Sede São Paulo,  São Paulo,  Brasil
Área(s) servida(s) Em todos os lugares de São Paulo
Produtos Plano de saúde
Subsidiárias Serma
Significado da sigla Serviço de Assistência Médica ao Comércio e Indústria (Ltda.)
Sucessora(s) GreenLine
Website oficial www.samcil.com.br[ligação inativa]

Origem editar

A Samcil foi o primeiro convênio médico a funcionar no país[1]. Foi idealizada, criada e administrada por Luiz Roberto Silveira Pinto que a criou no início de 1961 quando ainda era estudante de medicina pela Escola Paulista de Medicina. Nos primeiros anos de funcionamento, firmou convênio com as Emissoras Unidas, passando a ser responsável pela saúde dos funcionários da TV e Rádio Record, Rádio São Paulo e Rádio Panamericana. Apenas dez anos depois de fechar esse primeiro contrato de peso, o plano de saúde chegou a ter 700 mil associados e nove centros médicos, o que fez dela uma operadora de grande porte, segundo os parâmetros da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)[2].

O nome da empresa foi sugerido pela esposa de Silveira Pinto, uma alemã naturalizada brasileira apelidada carinhosamente de Lolly. "Espalhei sobre a mesa uma série de siglas que pudessem ser associados com medicina, indústria e comércio e, ao ver o nome Samcil, Lolly disse: "é essa"[1]

A empresa tinha como foco atingir os públicos menos favorecidos que recebiam atendimento pelo sistema público, já na época defasado. A ideia deu tão certo que Silveira Pinto começou a formar rede própria de hospitais, todos instalados em regiões com atendimento de saúde precário, locais que atendiam diretamente seu público-alvo. Segundo o próprio fundador "Eu tinha então 24 anos e dava plantões no Hospital Modelo, no bairro da Liberdade. Meu senso de observação levou-me a perceber uma efetiva oportunidade de se criar um sistema alternativo de saúde no Brasil"[1].

Só em meados de 1964, com o trabalho da empresa mais conhecida, foi fechado o primeiro grande contrato: a fábrica de automóveis Wyllis Over Land, que funcionava em São Bernardo do Campo e empregava 10 mil pessoas. Dali para frente a carteira de grandes clientes só fez crescer, logo incluindo empresas como Philips, Rhodia e Volkswagem[1].

Em 1966, a empresa inicia a expansão de sua rede de atendimento e se torna uma das sócias-fundadoras da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo)[3].

Na década de 70, a expansão acelerou. Até 1974, foram adquiridos o Hospital Santo André, o Hospital Maternidade Pereira Barreto, em São Bernardo do Campo, o Pró-Saúde, a Policlínica Central e o Hospital Panamericano, todos em São Paulo. Já nos anos 90, mais precisamente em 1996, a Samcil adquire o Hospital e Maternidade Mauá.

Dois anos depois, realiza fusões estratégicas com a carteira de associados da Samp São Paulo.

Após a virada do milênio, a Samcil passa a gerir as carteiras de clientes de diversos planos, como Unicor, Vasco da Gama Assistência Médica, Oswaldo Cruz SL Saúde, Pronto Saúde SIS e Assistência Médica Jardins, bem como a administração do Hospital Vasco da Gama e do Hospital e Maternidade São Leopoldo.

Em 2007, iniciou-se uma nova fase de expansão com a abertura de mais unidades e a aquisição dos planos Lumina, SIM e AMA, elevando o número de associados para mais de 500 mil.

Em 2009, o médico lançou ações da Samcil na bolsa, numa tentativa de capitaliza-la. Recomprou as ações pouco tempo depois. A gestão da companhia vinha se mostrando problemática. A última tentativa de profissionalização, em 2010, não deu certo e Silveira Pinto voltou ao comando da empresa[2]

Decadência e morte do fundador editar

Em janeiro de 2011, a Samcil ficou em regime especial de Direção Fiscal, sendo acompanhada por um profissional nomeado pela ANS em razão de ter apresentado graves problemas econômico-financeiros nos balancetes enviados à Agência[4]. A saída encontrada por Silveira Pinto para tentar resolver o endividamento foi se desfazer de parte do patrimônio. Em março de 2011, Silveira Pinto colocou três hospitais à venda, o Santa Marta, localizado na zona sul de São Paulo, o Santo André e o Jardim, ambos na região do ABC paulista. Sua expectativa era levantar cerca de R$ 130 milhões. Não era só o endividamento que preocupava o empresário. O faturamento do grupo teria caído pela metade nos últimos anos. Em consequência, a prestação de serviços aos associados também começou a se deteriorar[2].

Com uma dívida de aproximadamente R$330 milhões (incluindo débitos com bancos, fornecedores e passivos trabalhistas), além da ausência de compradores para os hospitais que estavam ofertados para a venda (alguns deles tinham sido colocados como garantia de empréstimos bancários, o que dificultava a venda), mais a intervenção da ANS, o presidente e fundador do grupo, Luiz Roberto Silveira Pinto, aos 75 anos, no dia 4 de abril de 2011 comete suicídio no seu seu escritório que funcionava dentro do Hospital Panamericano, no Alto de Pinheiros. O empresário foi encontrado por volta das 16h30 pelo seu filho. Silveira Pinto estava sentado em uma poltrona e tinha um ferimento à bala no peito. A arma do crime, um revólver calibre 38, estava próximo ao cadáver[5]. O empresário deixou duas filhas e um filho, Luiz Roberto Horst Silveira Pinto, um bem-sucedido empresário do ramo imobiliário.

Venda para a GreenLine editar

No final de abril de 2011, a GreenLine comunicou a compra da carteira de clientes da operadora que contava com 280 mil beneficiários. Desse total, 193 mil beneficiários eram da Samcil e 87 mil pertenciam à Serma, plano de saúde adquirido pela Samcil em 2008. O valor da negociação ficou entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões. Em maio de 2011, a Samcil fechou todos os seus hospitais próprios[6].

Em junho de 2011, a Samcil entra em regime de liquidação extrajudicial[7].

Governo estadual e municipal assumem hospitais desativados editar

Desde 2013, o governo de São Paulo vem desapropriando imóveis de hospitais particulares desativados. Pelo menos quatro prédios já foram considerados de utilidade pública e transformados em hospitais públicos. Os projetos já demandaram cerca de R$ 135 milhões em desapropriações, reforma predial e compra de equipamentos. Dentre esses quatro antigos hospitais, um pertencia a Samcil. Trata-se do Hospital Panamericano que funcionou durante 40 anos. O imóvel será transformado em uma unidade especializada em ortopedia e traumatologia e funcionará como um braço do Hospital das Clínicas (HC)[8].

Em 2013, o governo paulista chegou a anunciar a desapropriação do hospital Santa Marta, que estava inativo no bairro de Santo Amaro e pertencia à Samcil. O projeto não avançou porque, segundo a secretaria, o gasto de R$ 72 milhões é alto para por o hospital em funcionamento[9].

Outra desapropriação realizada pela prefeitura de São Paulo foi o imóvel do Hospital Vasco da Gama, que também pertenceu à Samcil. O prédio, que foi avaliado em R$ 17,5 milhões e pertence atualmente a um banco, era a garantia de um financiamento tomado pela Samcil, que não conseguiu pagar o empréstimo. A municipalização do hospital ainda não foi concluída e, segundo a prefeitura, o valor será depositado em juízo[9].

Referência bibliográficas editar

  1. a b c d «Departamento de Comunicação e Marketing Institucional - UNIFESP». dgi.unifesp.br. Consultado em 8 de abril de 2017 
  2. a b c «Um empresário no limite - ISTOÉ DINHEIRO». ISTOÉ DINHEIRO. 8 de abril de 2011 
  3. «Samcil». www.2as.seguros.nom.br. Consultado em 8 de abril de 2017 
  4. «Esclarecimento aos beneficiários da Samcil - ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar». www.ans.gov.br. Consultado em 8 de abril de 2017 
  5. «Fundador do grupo Samcil é encontrado morto em São Paulo». Terra 
  6. «Agora São Paulo - Grana - Samcil fecha as portas dos hospitais - 03/05/2011». www.agora.uol.com.br. Consultado em 8 de abril de 2017 
  7. «Seguros Dia a Dia - Seguros.inf.br». www.seguros.inf.br. Consultado em 8 de abril de 2017 
  8. «Governo de São Paulo assume hospitais privados desativados». Dignóstico Web. 3 de setembro de 2014. Consultado em 8 de abril de 2017 
  9. a b «Governo de São Paulo assume hospitais privados desativados». Diagnóstico Web. 3 de setembro de 2014. Consultado em 8 de abril de 2017