Sopapo é um tipo de tambor e um instrumento típico da cultura afro-gaúcha, feito originalmente com troncos de árvore e couro de cavalo. Alguns de seus primeiros registros indicam que foram os negros escravizados que trabalhavam nas charqueadas, na região de Pelotas, que criaram o sopapo. Um dos primeiros registros históricos no Rio Grande do Sul datam seu uso desde 1826. Porém há registros anteriores no Uruguai e Argentina com o nome de sopipa, tambor de timbre grave e que fazia parte das cuerdas ancestrais de candombe. O mais autêntico e antigo tambor do estado do Rio Grande do Sul foi peça importante no carnaval de Pelotas e na Praiana, primeira escola de samba de Porto Alegre, conferindo sonoridade própria ao samba gaúcho, distinguindo-o assim do samba feito no Rio de Janeiro.[1][2][3][4]

Sopapo
Informações
Classificação percussão
Classificação Hornbostel-Sachs membranofone

O sopapo esteve em vias de extinção no fim dos anos 90. Sua revitalização se deu pelo trabalho de artistas como Giba-Giba, Bataclã FC e Serrote Preto, Mestre Baptista, Dona Maria e José Batista.[1][2] A história do tambor é bem retratada no documentário O Grande Tambor, patrocinado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Além de Pelotas e Rio Grande, o sopapo se faz presente na cena musical porto-alegrense, através de artistas como Richard Serraria, Lucas Kinoshita, Edu Nascimento, Alabê Ôni e Nina Fola. Por ser um tambor nascido no Rio Grande do Sul, e possuir alguns registros históricos de sua ocorrência no Uruguai e Argentina, o sopapo tornou-se um símbolo da valorização da identidade negra no Rio Grande do Sul.[5] O instrumento também foi utilizado para simbolizar as conexões com os países vizinhos, contribuindo para a chamada recomposição territorial da cultura platina.[6]

Referências

  1. a b «Músico Giba Giba deixa legado como o 'homem do sopapo'». Jornal do Comércio. 23 de agosto de 2019. Consultado em 30 de setembro de 2020 
  2. a b Maia, Mário de Souza (2008). «O Sopapo e o Cabobu: etnografia de uma tradição percussiva no extremo sul do Brasil» (PDF). portal.iphan.gov.br. UFRGS/MÚSICA. Consultado em 30 de setembro de 2020 
  3. Assumpção, Euzébio; Maestri Filho, Mário José; Ferreira, Adoniram de Melo (1996). Nós, os afro-gaúchos. Rio Grande do Sul: Editora da Universidade, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. p. 57. 155 páginas. ISBN 9788570254078 
  4. «Tambor afro-pelotense é tema da Conversa do Dia do Patrimônio». www.pelotas.com.br (em inglês). Consultado em 30 de setembro de 2020 
  5. Fontoura, Pâmela Amaro; Salom, Julio Souto; Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato; Fontoura, Pâmela Amaro; Salom, Julio Souto; Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato (dezembro de 2016). «Sopapo Poético: sarau de poesia negra no extremo sul do Brasil». Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea (49): 153–181. ISSN 2316-4018. doi:10.1590/2316-4018498. Consultado em 1 de outubro de 2020 
  6. Panitz, Lucas Manassi (18 de junho de 2019). «REDES MUSICAIS E (RE)COMPOSIÇÕES TERRITORIAIS NO PRATA: POR UMA GEOGRAFIA DA MÚSICA». Espaço e Cultura (45): 11–30. ISSN 2317-4161. doi:10.12957/espacoecultura.2019.48531. Consultado em 1 de outubro de 2020 
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