Sopracomito (plural sopracomiti) era a denominação do capitão de uma galé da marinha veneziana.[a] Eleito entre os patriciados venezianos que já possuíam alguma experiência naval, o sopracomito era uma posição importante e um trampolim no cursus honorum naval da República de Veneza. Isso implicava responsabilidades consideráveis de tripulação e manutenção de uma galé, bem como grandes despesas, o que a tornava cada vez mais a província dos patrícios mais ricos.

Elegibilidade e seleção editar

Como todos os oficiais da Marinha, os sopracomiti sempre foram escolhidos entre o patriciado veneziano; enquanto o direito de eleição de alguns oficiais da marinha passou para o Senado veneziano no século XVIII, os sopracomiti das galés continuou a serem selecionados pelo Grande Conselho de Veneza.[2][3] Apenas no caso das galés bastardas que eram usadas como navios capitães (generalizie) pelos comandantes do esquadrão (o Capi di Mare) foi a seleção do capitão (denominado governatore ou direttore) nas mãos do respectivo comandante.[4] As galés equipadas pelas cidades sujeitas a Veneza eram comandadas por nobres dessas cidades, o que frequentemente gerava atritos com os patrícios venezianos.[5]

A eleição para o cargo exigia um mínimo de quatro anos de serviço anterior como nobile (oficial cadete patrício) em uma galé (para evitar o nepotismo, os filhos de um sopracomito eram proibidos de servir no navio de seu pai).[6] Salvo raras exceções, os patrícios não eram nomeados para o cargo antes de seus vinte anos.[1][b] Por sua vez, o cargo de sopracomito serviu de trampolim para comandos superiores; para ser elegível para eles, um sopracomito deve ter servido ativamente pelo menos quatro anos como capitão de uma galé.[4]

Notas

  1. O título equivalente para os capitães de um galeaça, ou mais tarde um navio de linha à vela era governatore.[1]
  2. Para os galeasses os termos foram ainda mais rigorosos: um patrício tinha de ter completado o seu 25.º ano, e ter servido como provveditore em uma das possessões ultramarinas de Veneza.[1]

Referências

  1. a b c Mocenigo 1935, p. 24.
  2. Lane 1973, p. 158.
  3. Mocenigo 1935, p. 3.
  4. a b Mocenigo 1935, p. 25.
  5. Mocenigo 1935, pp. 25–26.
  6. Mocenigo 1935, pp. 24, 27.

Bibliografia editar