A taxa de câmbio é uma relação entre moedas de dois países que resulta no preço de uma delas medido em relação à outra. Mas, além de expressar quantitativamente a condição de troca entre duas moedas, a taxa de câmbio expressa as relações de troca entre dois países. O câmbio é uma das variáveis macroeconômicas mais importantes, sobretudo para as relações comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países.[1][2]

A taxa de câmbio é definida de forma direta quando exprime o preço de uma unidade de moeda estrangeira em moeda nacional - ou seja, exprime a quantidade de moeda nacional necessária para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, a taxa de câmbio USD/EUR está definida de forma directa para os habitantes da Zona Euro.

Dado que a taxa de câmbio é um preço (ainda que seja o preço de um bem sui generis: a moeda[3]), esse preço é diferente na compra e na venda. Assim, a taxa de câmbio para venda é o preço que o banco (ou outro agente autorizado a operar pelo Banco Central) cobra, em moeda nacional, ao vender moeda estrangeira (a um importador, por exemplo). Já a taxa de compra é o preço, em moeda nacional, que o banco paga pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (exemplo, por um exportador,).

Divisas editar

Divisas são as moedas estrangeiras conversíveis e também as letras, cheques, ordens de pagamento etc. emitidos nessas moedas. Trata-se, geralmente, de moedas "fortes", ou seja, emitidas por países de economia forte, como os Estados Unidos ou a União Europeia. O Fundo Monetário Internacional possui a sua própria divisa - chamada Direito Especial de Saque (DES).

As moedas, do ponto de vista estritamente cambial, são classificadas em conversíveis (que são as divisas), inconversíveis (tais como as moedas dos países sul-americanos) e escriturais ou de convênio (usadas entre países de moedas inconversíveis ou sem reservas internacionais, tendo, geralmente, como valor de referência, o dólar dos Estados Unidos, chamado, nesse caso, "dólar-convênio").[4]

Política cambial e mercado de câmbio editar

Política cambial é o conjunto de medidas e ações do governo que influem no comportamento do mercado de câmbio e da taxa de câmbio.

Mercado de câmbio é o ambiente (físico ou virtual, pois as trocas de moeda podem ser feitas também por meio eletrônico, sem a presença física dos participantes) onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco Central (bancos, corretoras e distribuidoras) e entre esses e seus clientes.

Regimes cambiais editar

Existe uma variedade bastante ampla de arranjos de câmbio adotados pelos países ao longo da história. Todos esses arranjos podem ser agrupados em dois regimes básicos:

No caso do câmbio fixo, a taxa de câmbio é definida pelas autoridades monetárias nacionais. No câmbio flutuante, a taxa de câmbio é formada no mercado cambial, através dos movimentos de oferta e demanda por ativos em moeda estrangeira.

Fixos: valor de divisas pré-fixado pelo Banco Central por tempo indeterminado. Essa medida geralmente é irrealista e só possui chance de funcionar em países sem inflação. Há um tipo de fixação conhecida em inglês como dirty-floating na qual não há pré-fixações mas intervenções sem mostrar ao mercado as metas cambiais da autoridade cambial. As autoridades brasileiras tentaram durante muitos anos, a partir de 1968, o sistema de minidesvalorização cambial (Crawling peg), tentando frear a especulação no mercado de câmbio em função da aceleração da inflação que duraria até a década de 1990. A fixação usa indicadores de desvalorização cambial tais como o Índice Geral de Preços (IGP, Brasil) ou o Wholesale Price Index (Estados Unidos) para estabelecer os valores da taxa de câmbio. Outro indicador observado informalmente durante muitos anos no Brasil foi o do chamado mercado paralelo (black).[4]

Flexíveis ou Flutuantes: quando seu valor é determinado no mercado de divisas através de interação das forças de oferta e demanda. É chamado de "Câmbio Livre" ou clean floating quando há plena liberdade de variação da taxa de câmbio, determinada pelas forças de mercado. Há países que adotam ou adotaram a flutuação por faixas, um tipo de câmbio administrado (managed floating), quando a flutuação é livre dentro de uma faixa de valores (crawling band) estabelecida. A adoção desse sistema entre países que comercializam entre si visa a impedir o overshooting-effect, aceleração da flutuação cambial para beneficiar exportações em detrimento das de outros países.[4]

Flutuação é a variação do valor da taxa de câmbio no mercado: alterar-se-á à medida em que haja mudança noutras variáveis que influenciam a demanda e a oferta de divisas.

A demanda por divisas é afetada, além da taxa de câmbio, pelas seguintes variáveis:

(1) Nível do Produto Interno (Y) - é de se esperar que, quanto maior Y, maior será a demanda por importações do País e, portanto, a demanda por moeda estrangeira;

(2) Nível geral de Preços Interno (Pi) e Externo (Pe) - coeteris paribus, caso Pi aumente, o preço real das importações em moeda nacional diminuirá e, portanto, as importações e a demanda por divisas serão incentivadas; caso Pe aumente, o preço real das das importações em moeda nacional se elevará e, portanto, as importações e a demanda por divisas serão desestimuladas;

(3) Taxas de Juros Interna (Ii) e Externa (Ie) - coeteris paribus, caso Ii se eleve, haverá um incentivo à entrada líquida de capitais no País, pois ela se tornou mais atrativa que a externa, logo a oferta de divisas no país aumenta, com uma demanda constante; caso contrário, se Ie aumentar, ocorrerá um estímulo à saída líquida de capitais para o exterior, já que ela está mais alta que a interna, logo a oferta de divisas diminui, com uma demanda constante;

(4) Produto Interno Bruto (PIB).

 
Taxas de câmbio em exibição no Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi

Ver também editar

Referências

  1. Banco Central do Brasil. Taxa de câmbio
  2. SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. Verbetes: "Câmbio" e "Política cambial"
  3. A reforma monetária e a retenção dosativos líquidos no Plano Brasil Novo, pp 59-61. Por Diogo de Figueiredo Moreira Neto.
  4. a b c KASZNAR, Istvan Karoly. Finanças internacionais para bancos e indústrias. Rio de Janeiro: IBMEC, 1990, pp. 35-51

Ligações externas editar

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