Tema da Paflagônia

Tema Paflagônio (em grego: θέμα Παφλαγονίας) ou Tema da Paflagônia foi um tema (província civil-militar) do Império Bizantino na região da Paflagônia, ao longo da costa norte da Anatólia. Fundado no século IX, provavelmente ca. 820, compreendeu grosso modo à província romana de Paflagônia e foi sede duma esquadra naval. Com a derrota bizantina na batalha de Manziquerta, os turcos seljúcidas conquistaram a região, que parcialmente foi reconquistada por João II Comneno (r. 1118–1143) e Teodoro I Láscaris (r. 1204–1222).

Παφλαγονίας θέμα
Tema Paflagônio
Tema do(a) Império Bizantino
ca. 820-século XI
 



Temas bizantinos em 950, mostrando o Tema Paflagônio em azul na parte norte da Anatólia
Capital Gangra
Líder estratego

Período Idade Média
ca. 820 Estabelecimento do tema
século XI Invasão pelos turcos seljúcidas

História

editar

O Tema da Paflagônia e o seu estratego (governador) aparecem nos registros pela primeira vez em novembro de 826 e é possível que o tema tenha sido fundado por volta de 820.[1][2] O território corresponde, a grosso modo, com o da província romana da Paflagônia, que até então havia sido incorporado pelos temas Opsiciano e Bucelário.[3][4] Sua capital administrativa e eclesiástica era Gangra, a mesma dos tempos romanos.[5]

Warren Treadgold - que acredita que a Paflagônia pertencia ao Tema Armeníaco e não ao Bucelário - sugere que a sua reemergência como uma província separada está ligada à nova ameaça naval dos rus' no Mar Negro.[6] De acordo com os geógrafos árabes ibne Cordadebe e ibne Alfaci, a província tinha 5 000 tropas e cinco fortalezas.[3][4][7] Uma notável exceção na hierarquia dos temas é a existência dum catepano - encarregado duma esquadra naval - com sede em Amástris.[1][3]

Após a Batalha de Manziquerta em 1071, a maior parte da região foi perdida para os turcos seljúcidas; as campanhas de João II Comneno (r. 1118–1143) na década de 1130 recuperaram parte da costa, mas o interior permaneceu em mãos turcas. Após a Quarta Cruzada, a Paflagônia caiu sob o controle de David Comneno, mas em 1214, o imperador de Niceia Teodoro I Láscaris (r. 1204–1222), tomou a região ocidental até a cidade de Amástris. Este trecho permaneceu em poder dos bizantinos até o final do século XIV, quando o território foi em parte tomado pelos turcos e o restante pela República de Gênova.[3]

Referências

  1. a b Nesbitt 2001, p. 25.
  2. Oikonomides 1972, p. 349.
  3. a b c d Kazhdan 1991, p. 1579.
  4. a b Pertusi 1952, p. 136.
  5. Pertusi 1952, p. 137.
  6. Treadgold 1995, p. 31, 69.
  7. Treadgold 1995, p. 67–69.

Bibliografia

editar
  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (2001). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art, Volume 4: The East (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9 
  • Oikonomides, Nicolau (1972). Les listes de préséance byzantines des IXe et Xe siècles (em francês). Paris: [s.n.] ISBN 0-19-504652-8 
  • Pertusi, A. (1952). Constantino Porfirogenito: De Thematibus (em italiano). Roma: Biblioteca Apostolica Vaticana 
  • Treadgold, Warren T. (1995). Byzantium and Its Army, 284–1081 (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-3163-2