Teodoro Quartim Barbosa

Teodoro Quartim Barbosa (Itapira, 12 de janeiro de 1897 - São Paulo, 24 de julho de 1968) foi um engenheiro agrônomo, banqueiro, empresário e político brasileiro, tendo sido um dos principais acionistas e presidente do Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S.A. (Comind) até seu falecimento.[3]

Teodoro Quartim Barbosa
Teodoro Quartim Barbosa
Teodoro Quartim Barbosa batizando a aeronave "Barão de Studart" durante a Campanha nacional da aviação, 1943.
Deputado estadual constituinte de São Paulo
Período 1934
a 1937
51º Secretário da fazenda do estado de São Paulo[1]
Período 4 de setembro de 1953
a 21 de janeiro de 1954
Antecessor(a) Mário Beni
Sucessor(a) Sebastião Paes de Almeida
Presidente do Banco Comind
Período 1961
à julho de 1968[2]
Antecessor(a) José da Silva Gordo
Sucessor(a) Roberto Ferreira do Amaral
(interino)
Dados pessoais
Nascimento 12 de janeiro de 1897
Itapira
Morte 24 de julho de 1968 (71 anos)
São Paulo
Alma mater Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1916)
Filhos(as) Carlos Eduardo Quartim Barbosa
Profissão Engenheiro agrônomo e administrador de empresas

História editar

Nascido em Itapira, ingressou na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, onde foi presidente do Centro Acadêmico e se formou na turma de 1916. Após se formar, ingressou na coordenação das atividades agropecuárias e empresariais de sua família. Paralela à atividade empresarial, fomentou atividades políticas como o ingresso no partido democrático onde foi eleito para seu conselho consultivo em 29 de dezembro de 1926.[4] Em 1928 era segundo tesoureiro da Sociedade Rural Brasileira e diretor do Instituto do Café de São Paulo.[5] O auge de suas atividades políticas se deu quando foi eleito deputado classista (representando a classe patronal agropecuária) na Assembléia Legislativa de São Paulo em dezembro de 1935. Com o advento do Estado Novo, foi deposto do cargo e voltou-se para as atividades empresariais.[6][7]

Nessa época, adquiriu o Frigorífico Bianco em Cruzeiro, investindo em sua reestruturação. Em 1939, a empresa foi reaberta e rebatizada Frigorífico Cruzeiro. Uma das primeiras ações de Barbosa foi admitir mão-de-obra feminina na linha de produção, além de conceder assistência à maternidade (sendo uma das primeiras empresas nacionais a contar com uma creche interna), seguro para acidentes, assistência médica e odontológica além de um clube recreativo para todos os funcionários.[5]

Durante a gestão de Lucas Nogueira Garcez, Barbosa foi Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo por quatro meses. Ao deixar a pasta, comandou um grupo empresários que financiou a implantação da fábrica da Willys-Overland do Brasil, sendo seu primeiro presidente.[8] Posteriormente ingressou na diretoria do Banco do Commércio e Indústria de São Paulo (Comind) em 1955. Em 1961, assumiu a diretoria do banco. Paralelamente assumiu a direção da Companhia Siderúrgica Paulista até assumir o banco.[9]

Em sua gestão à frente do banco, concedeu grandes empréstimos de longo prazo para financiar a expansão da indústria paulista e ingressou em uma união de 25 bancos nacionais para formar a Finasa. Por desentendimentos com Gastão Vidigal (proprietário do Banco Mercantil), deixou a Finasa e passou a lutar contra Vidigal, que tencionava incorporar o Comind ao Mercantil.[10] Conduzindo o Comind, não preparou sua sucessão de forma adequada. Isso se revelou um grave problema quando adoeceu e faleceu subitamente em 24 de julho de 1968. O banco passou a ser administrado por um consórcio idealizado por ele por antes de falecer, chamado Serviços Técnicos de Administração de Bens Ltda. (Stab). A Stab era formado pelos acionistas do banco ou representantes destes, dos quais os maiores eram: Carlos Eduardo Quartim Barbosa (Charlô, filho de Quartim, com 20,36%), Mário Slerca e família Garcia da Rosa (19,05%), irmãos Antonio e José Ermírio de Moraes Filho (18,05%) e Paulo Egydio Martins e Ralph Rosemberg (10,36%). Esse consórcio acabou desfeito por manobras jurídicas de Charlô, que assumiu o controle acionário do banco e acabou realizando uma gestão temerária (e, ao mesmo tempo, recusando ofertas de aquisição do banco Comind por parte de Vidigal) culminando com a quebra do Comind em 1985.[11]

Referências

  1. «Secretários da Fazenda». Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo. 2019. Consultado em 12 de dezembro de 2019 
  2. José Rodrigues da Silva (maio de 1990). «A Descontinuidade em Banco Comercial Privado Nacional - Um Estudo De Caso - O Comind» (PDF). Instituto Superior de Estudos Contábeis Isec-Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 1 de março de 2020 
  3. Dicionário de Ruas (2019). «Rua Doutor Teodoro Quartim Barbosa». Prefeitura da Cidade de São Paulo-Secretaria Municipal de Cultura-Arquivo Histórico Municipal. Consultado em 12 de dezembro de 2019 
  4. «A reação política nos estados: A grande eleição do partido democrático de São Paulo». Correio da Manhã, edição 9800, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 30 de dezembro de 1926. Consultado em 1 de março de 2020 
  5. a b Paulo Antônio de Carvalho (2 de setembro de 2017). «Os grandes investidores da história» (PDF). O Impacto da Notícia (Cruzeiro-SP), Ano 3, número 76, página 7. Consultado em 1 de março de 2020 
  6. Assembléia Legislativa de São Paulo. «1ª Legislatura 1935-1937» (PDF). Os deputados dos anos 1930. Consultado em 1 de março de 2020 
  7. «A nova diretoria da Sociedade Rural Brasileira». Correio da Manhã, ano XXVIII, edição 10512, página 8/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 10 de abril de 1929. Consultado em 1 de março de 2020 
  8. José Roberto Gianello (Julho de 2000). «A presença da Willys Overland do Brasil no ABC e o depoimento de Mário Chekin». Revista Raízes (Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul), Ano XI, edição 21, páginas 25 a 28. Consultado em 1 de março de 2020 
  9. Opening the Archives: Documenting U.S.-Brazil Relations, 1960s-80s (1963). «Biographic Information on Teodoro Quartim Barbosa». Brown Digital Repository. Brown University Library. Consultado em 1 de março de 2020 
  10. José Calil (dezembro de 1999). «Rockefeller e o Desenvolvimento da Agricultura Brasileira:Milho-Porco» (PDF). Informações Agro econômicas, número 88, página 7. Consultado em 1 de março de 2020 
  11. Paulo Egydio Martins, Verena Alberti, Dora Rocha, Ignez Cordeiro de Farias (2007). «Aventura no Paraná» (PDF). Paulo Egydio Conta:depoimento ao CPDOC/FGV- Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil-Fundação Getúlio Vargas, páginas 341-345/. Consultado em 10 de dezembro de 2019